A tecnologia vem revolucionando a educação globalmente, mas a maneira como diferentes países lidam com essa transformação pode definir o futuro das próximas gerações.
:: Quer receber notícias, gratuitamente, por WhatsApp? Acesse aqui
Enquanto algumas nações estão investindo fortemente na capacitação digital de alunos e professores, incentivando o uso de inteligência artificial e plataformas tecnológicas como ferramentas essenciais para o aprendizado, o Brasil caminha em uma direção incerta, com regulamentações que buscam limitar e até controlar o acesso a essas inovações.
O Incentivo à tecnologia no mundo em países como os Estados Unidos e nações europeias, há uma abordagem proativa para integrar a IA em diversos setores, incluindo a educação.
O artigo da Brookings Institution 'How Artificial Intelligence is Transforming the World' destaca que a IA tem o potencial de reduzir desigualdades educacionais ao oferecer soluções personalizadas e adaptáveis às necessidades individuais dos alunos - acesse aqui.
Na Europa, a Comissão Europeia lançou um plano para fortalecer a educação digital até 2030, garantindo que professores e estudantes estejam preparados para o futuro digital.
Essa iniciativa faz parte do Plano de Ação para a Educação Digital (2021-2027), que visa promover competências digitais e melhorar a infraestrutura tecnológica nas escolas - acesse aqui.
Por outro lado, Cingapura é um exemplo de país que aposta na tecnologia para elevar a qualidade do ensino, implementando a IA em avaliações e no acompanhamento de desempenho acadêmico, como parte de sua estratégia para se tornar uma 'Smart Nation'.
Na mesma linha, a China está implementando 8 horas de ensino de inteligência artificial por ano em suas escolas, como parte de um esforço nacional para capacitar a próxima geração em tecnologias emergentes.
De acordo com o Channel News Asia - acesse aqui, o Ministério da Educação da China introduziu cursos de IA no currículo escolar, começando com aulas básicas para estudantes do ensino fundamental e médio.
Além disso, conforme relatado pela Shiawaves - acesse aqui - o governo chinês planeja expandir essa iniciativa para garantir que os jovens estejam preparados para os desafios e oportunidades da era digital.
Essa medida está alinhada com a meta da China de se tornar líder global em inteligência artificial até 2030. O controle da tecnologia no Brasil Em contrapartida, o Brasil parece seguir um caminho diferente no que diz respeito ao uso de tecnologias como a inteligência artificial.
Regulamentações recentes têm focado em impor restrições ao uso da tecnologia, sob a justificativa de proteger informações e combater a disseminação de desinformação.
Um exemplo é o Projeto de Lei das Fake News (PL 2630/2020), que propõe maior controle sobre mídias sociais e aplicativos de mensagens, mas tem gerado debates sobre possíveis impactos na liberdade de expressão - acesse aqui.
Além disso, há discussões sobre a regulamentação da IA no país, com preocupações em relação a riscos éticos e de privacidade, mas ainda sem um plano claro para incentivar seu uso em áreas como a educação e a inovação tecnológica.
Essas políticas contrastam com o que acontece em outros países e levantam um questionamento crucial: estamos protegendo ou limitando nossas futuras gerações?
Se a tecnologia é vista como um risco e não como uma oportunidade, corremos o risco de formar alunos menos preparados para um mercado de trabalho cada vez mais digitalizado.
Qual caminho está correto? A grande questão que fica é: qual modelo será mais eficiente a longo prazo? A geração de alunos brasileiros de hoje estará, em 5, 10 ou 15 anos, em igualdade de condições com aqueles que estão sendo educados em um ambiente que valoriza e integra a tecnologia desde cedo?
Com a crescente demanda por profissionais capacitados em IA, programação e análise de dados, é preocupante imaginar que podemos estar formando uma geração despreparada para competir globalmente.
A resposta pode não estar em uma adoção irrestrita da tecnologia nem em sua proibição.
O ideal seria um equilíbrio: adotar medidas que garantam o uso seguro e responsável da tecnologia, mas sem restringir seu acesso e inovação. O futuro da educação depende dessa decisão.
E você, o que acha? Estamos preparados para o futuro ou estamos apenas tentando controlá-lo?
Você já tentou sugerir para alguém da nova geração assistir O Senhor dos Anéis? Três horas de filme? Esquece. “Muito longo.” E 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968)? Nem pensar. “O quê? Duas horas e meia de cenas lentas e longos momentos sem diálogos? Tô fora.”
:: Quer receber notícias, gratuitamente, por WhatsApp? Acesse aqui
O que torna isso ainda mais irônico é que 2001 foi um dos primeiros filmes a prever algo que hoje é um dos assuntos mais comentados: a ascensão da inteligência artificial.
No filme, HAL 9000, um supercomputador, assume o controle da missão espacial e decide eliminar os astronautas, provando que as máquinas podem se voltar contra os humanos.
Um tema extremamente atual, mas que não interessa a uma geração que mal tem paciência para um vídeo de 15 segundos.
O problema é que essa impaciência não se limita ao entretenimento. Ela invadiu a sala de aula. E até as relações pessoais.
Professores de todas as áreas relatam a mesma dificuldade: os alunos não conseguem ler textos mais longos. Pulam trechos, se perdem no enunciado e, quando chega a hora de resolver o exercício, erram porque simplesmente não entenderam a pergunta.
E não é falta de capacidade – é falta de paciência. Tenho exemplos disso em casa, com meus próprios filhos. A Geração TikTok quer tudo rápido, dinâmico e direto ao ponto. Mas o mundo real não funciona assim.
A questão é simples: como aprender algo novo sem se dar o tempo necessário para processar a informação?
Exemplo real: muitos alunos hoje sequer identificam o comando da questão porque não leem até o final. Se uma prova pede: “Explique o motivo pelo qual...”, alguns entregam apenas uma palavra ou frase solta, como se bastasse. Mas sem interpretar o comando, como dar a resposta esperada?
Outro exemplo: em matemática, enunciados um pouco mais complexos são um verdadeiro terror. Se o problema tem mais de três linhas, a maioria já quer desistir antes mesmo de tentar entender.
Isso significa que a educação precisa mudar. Não adianta apenas cobrar mais leitura e interpretação, é preciso entender essa nova forma de consumo de informação e adaptar o ensino sem perder a profundidade.
A boa notícia? A tecnologia pode ajudar. Se foi ela que acelerou essa impaciência, também pode ser usada para reverter o quadro.
IAs já estão nos ajudando a elaborar resumos inteligentes, sem perder o essencial, a criar tutorias interativas e até mesmo a desenvolver aprendizado mais significativo.
Mas aí mora um novo problema: as IAs são excelentes ferramentas para nos ajudar a estudar, e não para trazer respostas prontas, como muitos as estão consumindo.
Porque se dermos todo o controle a elas, quem sabe no futuro o prognóstico de um “HAL 9000” pode se tornar realidade – assim como em 2001: Uma Odisseia no Espaço.
Estamos vivendo um tempo de desafios hercúleos. Teorias não faltam sobre como lidar com essa nova realidade, mas, na prática, ainda não estamos conseguindo reverter o quadro.
E isso nos leva à reflexão: se essa dificuldade em manter o foco continuar, como será quando essa geração precisar enfrentar desafios reais? Tomar decisões complexas? Trabalhar em projetos de longo prazo?
Educação & Tecnologia
Engenheiro, professor e entusiasta da tecnologia. Oferece acompanhamento escolar, aulas particulares, preparação para vestibulares e concursos, além de cursos e treinamentos personalizados. Você pode ler outros conteúdos em www.fernandopitt.com.br.