Mais uma manifestação na Avenida Paulista. Como já era previsível, reuniu um número significativo de pessoas, mas muito aquém daquelas mobilizações tradicionais de anos passados.
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Seja em Copacabana ou na própria capital paulista. Isso já era esperado — mas talvez tenha sido um movimento calculado por Jair Bolsonaro. Afinal de contas, ele focou muito o pronunciamento na questão dos julgados e condenados do 8 de janeiro.
Uma forma de tentar neutralizar, mesmo que parcialmente, o comportamento bisonho que teve durante o interrogatório conduzido por Alexandre de Moraes. Ficou muito feio. Feio para ele como político, e pior ainda diante daqueles que estão presos por defender sua permanência no poder.
Motivação
A manifestação pode ter sido também uma tentativa de reparar a péssima imagem que deixou no depoimento ao STF — quando apareceu rindo, fazendo brincadeirinhas com o ministro Alexandre de Moraes. Uma atitude que passou covardia. Bolsonaro amarelou.
Território
No cenário estadual, chamou atenção a presença de Carlos Bolsonaro, ausente das últimas mobilizações. Lá estava ele, ao lado do pai, que fez questão de destacá-lo: Disse que sua eleição à Presidência, em 2018, só foi possível graças ao trabalho de Carluxo nas redes sociais — seu cérebro de campanha, segundo o próprio Bolsonaro.
Prole
Ao final do discurso, puxou também Jair Renan, vereador em Balneário Camboriú, ficando entre Carluxo e o 04. Flávio Bolsonaro, o primogênito senador, ficou um pouco mais atrás.
A imagem gerada parecia intencional. Uma possível mensagem a Santa Catarina: "aqui estão meus dois filhos — um vai para a Câmara Federal, outro para o Senado".
Lustro
Mas também pode ter sido uma pista de que Carlos Bolsonaro substituirá Eduardo Bolsonaro em São Paulo, já que este segue em autoexílio nos Estados Unidos e dificilmente disputará as eleições.
Vaga
Carlos poderia, portanto, concorrer em São Paulo, em vez de Santa Catarina. Isso, claro, se estiver elegível.
Governador
Jorginho Mello, governador catarinense, marcou presença na manifestação da Paulista, como sempre faz, reforçando sua proximidade com Bolsonaro. O ex-presidente, inclusive, vem reclamando que Carlos “vem levando muita pancada” em SC. Mas ninguém está atacando Carlos — o problema é o movimento forçado para lançá-lo ao Senado por um estado que ele não conhece.
Contexto
As críticas não são pessoais. A bronca é com a tentativa de transferir um vereador carioca para o Senado catarinense. Um movimento artificial, sem enraizamento local.
Ilustre desconhecido
Carlos Bolsonaro sabe onde fica o maior município de Santa Catarina? Será que ele sabe que não é a capital? Joinville é o maior município catarinense — e muitos fora do estado não sabem disso. Será que ele saberia apontar Joinville no mapa? No Sul, no Norte ou no Vale do Itajaí?
Conhece os gargalos da infraestrutura? As necessidades reais do estado?
Natural
É legítimo o questionamento sobre o autoritarismo político de Jair Bolsonaro em Santa Catarina. A ideia de que pode enfiar candidaturas goela abaixo do eleitorado local é inaceitável.
Experimento
Santa Catarina não é laboratório de experiências de Bolsonaro. Em 2022, ele impôs Jorge Seif — e funcionou. Mas 2026 pode ser bem diferente. É bom abrir o olho, Jair Bolsonaro.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.
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