Hoje é primeiro de abril. Ou seja, estamos a exatamente um ano do prazo fatal de desincompatibilização para aqueles que desejarem enfrentar as urnas em 2026. Desincompatibilização ou renúncia de prefeitos. Jorginho Mello é o único que não precisa se afastar.
O candidato à reeleição pode permanecer no cargo, assim como os demais governadores que venham a estar cumprindo o primeiro mandato. Essa regra também alcança Lula da Silva, na eventualidade de uma recandidatura presidencial.
Em Santa Catarina, vamos observar se algum prefeito renunciará há quase três anos de mandato para se submeter ao crivo eleitoral.
A grande expectativa gira em torno de João Rodrigues, de Chapecó, que já teve sua pré-candidatura ao governo lançada no último dia 22. Tudo leva a crer que ele não permanecerá à frente da prefeitura na capital do Oeste catarinense.
Vagas
Mesmo que não venha a ser candidato ao governo, poderá concorrer ao Senado ou, circunstancialmente, à Câmara Federal.
Diferenças
Topázio Silveira Neto e Egídio Ferrari, respectivamente prefeitos de Florianópolis e de Blumenau, estão cumprindo, na verdade, um primeiro mandato.
Natural
Egídio, evidentemente, vai completar os quatro anos para buscar uma recondução em 2028. Topázio, na realidade, foi reeleito, mas ele assumiu com a renúncia de Gean Loureiro, que concorreu ao governo do estado e ficou em quarto lugar.
Contabilidade
Há quem diga que, somando tudo, ele já ocupou a proa da cidade por praticamente três anos, e que no próximo ano terá completado mais do que um mandato cheio.
Procede. Mas, eleição mesmo, a primeira do prefeito da Capital foi a do ano passado. Na anterior, ele era vice, não teve protagonismo eleitoral. Essa, na verdade, foi a sua primeira eleição como cabeça de chapa.
Difícil
Daí renunciaria? Pouquíssimo provável. E nós temos o caso de Joinville. Ali, Adriano Silva foi reeleito, mas dificilmente renunciará.
Futuro
Ele tem deixado muito claro que a sua intenção é completar os oito anos e eleger a sua sucessora, atual vice-prefeita, para então, em 2030, talvez se colocar à disposição para uma participação estadual.
Permanência
Há outros nomes como Orvino de Ávila, de São José, que já está no segundo mandato, mas é pouco provável que venha a renunciar, assim como Robison Coelho, que está no seu primeiro mandato em Itajaí.
Municipalidade
Portanto, analisando os principais municípios catarinenses, tudo leva a crer que ficaremos apenas com o nome de João Rodrigues. Agora, também na equipe de Jorginho Mello, haverá desincompatibilizações. Carlos Chiodini, deputado federal que assumiu agora a Agricultura, tem tudo para deixar o governo.
Manda Brasa
É o mesmo caso de Emerson Stein, também do MDB, que assumiu o Meio Ambiente e Economia Verde, e que deve concorrer à reeleição à Assembleia. Bem como muitos nomes de secretários intimamente ligados a Jorginho Mello, que deverão bater em retirada, porque além de eleger bancadas consistentes à Câmara e à Assembleia pelo PL, inclusive muitos candidatos à reeleição, a deputado federal e a estadual, Jorginho também já tem em mente eleger uma bancada ligada a ele próprio, porque ele chegou ao governo do estado sem grupo político efetivo.
Divisor de águas
E a eleição de 2026 será uma grande oportunidade para que ele consolide a situação do PL, mas também eleja, pelo PL ou pelos Republicanos, nomes intimamente vinculados a ele para que daqui para a frente ele também tenha o seu grupo político.
A chegada do jornalista Bruno Oliveira na Secretaria de Comunicação deu um belo de um impulso na figura de Jorginho Mello, especialmente nas redes sociais. Isso ocorre em função de uma série de vídeos que o governador tem gravado, alguns de natureza essencialmente administrativa, mas outros calibrando a questão relacionada à gestão com o aspecto político.
É possível observar que Jorginho Mello não tem poupado o governo federal de duras críticas pelo tratamento dispensado a Santa Catarina. E com toda a razão, saliente-se.
Ele já falou das questões voltadas ao retorno de Brasília para o estado daquilo que é transferido no recolhimento dos impostos federais, que na verdade, é algo crônico. Santa Catarina recebe de volta pouco mais, pouco menos do que 10% do que envia para a Capital Federal.
Infraestrutura
Além disso, as produções vêm abordando os recursos para o estado. Ainda recentemente, houve o corte orçamentário de R$ 400 milhões para as obras rodoviárias. Mas não fica só aí.
Tunga
Jorginho Mello tem avançado em outras frentes, como nessa absurda iniciativa da União de querer transformar os R$ 50 bilhões do Fundo do Trabalhador, existente no FGTS, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, que é um dinheiro sagrado do trabalhador.
Gatunagem
E o governo deseja se apropriar desse dinheiro para passar à luz da opinião a sensação de que está oferecendo o crédito mais em conta. Quando, na verdade, esse consignado, uma vez contraído pelo trabalhador, vai pagar juros muito maiores do que os que acaba auferindo de rendimento no FGTS. É uma espécie de 14º salário.
Direita
Então, o governador procura assumir um discurso absolutamente preferencial em Santa Catarina, no anti-PT e no anti-Lula. Ele, que é correligionário de Jair Bolsonaro, está alinhadíssimo com o ex-presidente.
Frentes
Nos últimos dias, observamos isso em duas extremidades. Primeiro, o discurso emocionado, exaltado, vibrante de Jorginho Mello, na quarta-feira, em Itajaí, depois que a primeira turma do STF transformou Bolsonaro em réu. Ao seu lado, o 04, Renan Bolsonaro, vereador em Balneário Camboriú.
Viralizou
A repercussão foi gigantesca. Não bastasse isso, há, também, a propaganda eleitoral gratuita. Aquelas inserções a que os partidos têm direito também fora do período eleitoral.
Fiel
Jorginho, que além de governador, é presidente estadual do PL, aproveita para ratificar e confirmar a sua lealdade e fidelidade a Jair Bolsonaro. Ou seja, ele procura, numa só estratégia, ser a referência de Bolsonaro no estado, pois ambos são do PL.
Obviedade
Bolsonaro, registre-se, já reiterou várias vezes, como para lideranças liberais na última quarta-feira, que o seu candidato ao governo é, definitivamente, Jorginho Mello. E na outra extremidade, o chefe do Executivo estadual aprofunda o discurso antipetista.
Catarinenses
Ou seja, Santa Catarina, um estado essencialmente conservador e potencialmente bolsonarista, faz com que Jorginho Mello venha a nadar de braçada. Com esse discurso, com um governo que vai indo bem, com a máquina estadual e com a maioria das prefeituras à sua disposição, possivelmente ano que vem já com mais de 100 prefeitos no PL, ele vai consolidando a sua posição.
Guarda-chuvas
Sem falar das prefeituras dos outros partidos já alinhados e já integrados na aliança, que tem tudo para respaldar Jorginho Mello na recondução. Não tendo nenhuma casca de banana, não tendo nenhuma situação excepcional, todas as condições apontam para a possibilidade real de o governador liquidar a eleição no primeiro turno em 2026.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.