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O Brasil é uma festa

Por Cláudio Prisco Paraíso
21/11/2025 - 07h34

O Brasil conta hoje com 35 partidos políticos. Isso que tem outros 30 que estão na fila à espera de registro.
Hoje, transformou-se num grande negócio ter um partido, especialmente aqueles que atendem às exigências das cláusulas de barreira, como o número mínimo de deputados na Câmara e estrutura mínima em pelo menos nove estados. Assim sendo, dessas três dezenas e meia, são quase 20 que têm acesso ao fundo partidário eleitoral e espaço na propaganda de rádio e televisão. Na campanha e fora dela.

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Fundos partidário e eleitoral que são provenientes de recursos públicos orçamentários, resultado dos impostos recolhidos pela população brasileira. Pra se ter uma ideia, os dois fundos totalizam R$ 10 bilhões. Ter um partido político nessas condições é ter uma empresa, é ter um grande negócio. Sem produzir nada, sem ter metas, um número reduzidíssimo de servidores e dinheiro a rodo garantido.

Farra

Os dirigentes partidários têm helicóptero, avião, mansão no Lago Sul de Brasília, viajam para o exterior, percebem altos salários, distribuem recursos na campanha para os candidatos da legenda e daí por diante. Uma festa interminável.

Tem pra todos

Alguns pequenos partidos se restringem a atuar como apêndice para coligações e, mesmo não oferecendo tempo de televisão e de rádio, sua presença na aliança reforça as pretensões de siglas e candidatos.

Vergonha

Essa farra precisa acabar. Qualquer democracia minimamente aceitável funcionaria com uma meia dúzia de quatro ou cinco partidos, com princípios e programas programáticos bem estabelecidos, inclusive sob o aspecto ideológico.

Ideologia?

Em Santa Catarina, por exemplo, o Partido Socialista Brasileiro, que foi estruturado há dez, quinze anos, já foi comandado por Paulinho Bornahusen, que é neto e filho de ex-governadores que fizeram parte de uma oligarquia que teve origem na UDN, União Democrática Nacional.

Interrupção

São políticos de família com tendência conservadora. Também por isso ele assumiu a presidência do PSB quando Eduardo Campos, governador de Pernambuco em segundo mandato, projetava, em 2013, uma candidatura à Presidência da República.
A intenção do pernambucano foi formalizada, mas, a candidatura foi ceifada por um acidente aéreo.

Derrota

Naquela mesma eleição, Paulinho Bornahusen, como presidente da sigla, concorreu ao Senado, perdendo para Dário Berger por uma pequena margem.

Irmãos

Por falar em Berger, os irmãos Berger, antes de Paulinho Bornahusen, controlaram o partido em Santa Catarina. Especialmente Djalma, que foi deputado estadual, federal e prefeito de São José, assim como seu irmão Dário, que além de São José, comandou a capital, Florianópolis, por duas oportunidades. Dário também foi senador da República, disputando a reeleição em 2022, abrigado no PSB.

Onda

Acabou derrotado por Jorge Seif, indicado por Jair Bolsonaro e alistado no PL. Dário Berger, vale lembrar, já foi do PFL e já esteve em vários outros partidos como MDB e PSDB.

Crioulo doido

Foi pro PSB e agora voltou para o ninho dos tucanos. O PSB, depois de Paulinho Bornahusen, teve Cláudio Vignatti como presidente. Foi um período curto, no qual a legenda voltou a frequentar uma seara de esquerda, com dirigentes e lideranças dessa vertente.

Curto período

Essa condução, no entanto, caiu em desgraça e resolveram entregar o comando do partido a um ex-tucano, que agora tenta trazer para a sigla o ex-deputado estadual, federal, ex-senador e ex-vice-governador Paulo Bauer.

Business

Ele foi do PDS, esteve no PFL e, mais recentemente, no PSDB. Se for mesmo parar no PSB, dará um belíssimo cavalo de pau sob o aspecto ideológico, saindo da extrema direita para a extrema esquerda.

Objetivo do PT

Nesse contexto, Bauer pode acabar sendo o candidato das esquerdas ao governo do estado, possibilitando que Décio Lima, do PT, dispute o Senado.
Ao fim e ao cabo, Santa Catarina, um estado essencial e potencialmente conservador, poderá ter, em 2026, mais um candidato conservador, mas, abrigado numa sigla de esquerda. Durma-se com um barulho desses.

A equivocada antecipação do calendário eleitoral

Por Cláudio Prisco Paraíso
20/11/2025 - 08h18

Para o processo eleitoral de 2026, o calendário sinaliza duas datas estratégicas. A primeira é 4 de abril, prazo final para a desincompatibilização daqueles que desejarem concorrer ao pleito. Entre março e a primeira semana de abril, ocorre ainda a janela partidária, quando detentores de mandato — ou não — podem buscar novas acomodações para enfrentar as urnas. Ou seja, a partir de 5 de abril, o cenário pré-eleitoral deve clarear de forma significativa.

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A segunda data relevante é o período das convenções partidárias, que se encerram em 5 de agosto. A campanha eleitoral começa oficialmente no dia 15 daquele mês.
O que se observa nas últimas semanas — especialmente nos últimos dias — é a tentativa de alguns partidos de antecipar o calendário, buscando definições que, na prática, podem ser interpretadas como precoces.

Senão vejamos: o Novo já teria sinalizado à deputada federal Carol De Toni o desejo de uma definição ainda em dezembro.
Especula-se, inclusive, que a filiação ocorreria no dia 15, em ato partidário na Assembleia Legislativa. Naturalmente, isso não faz o menor sentido. Para o partido, tudo bem — qualquer legenda gostaria de se adiantar e organizar sua estratégia.
Mas para a deputada, o risco é enorme.

Altíssimo risco

Explica-se: e se Carlos Bolsonaro, circunstancial ou eventualmente, desistir de concorrer em Santa Catarina e optar por disputar em algum estado do Norte ou Centro-Oeste — com Carol já fora do PL?
Uma vez filiada ao Novo, um retorno ao PL seria constrangedor.
E não apenas para ela. Seria um desgaste considerável para ambas as legendas.

Passo a passo

A situação exige cálculo, prudência e estruturação.
Nada na política está completamente estabelecido de antemão.
Por mais que Carluxo deseje concorrer por Santa Catarina, ele pode perceber, mais adiante, que o ambiente está carregado — inclusive pelo crescente número de contestações empresariais, comunitárias e políticas à sua transferência para o estado.

Variáveis

Há ainda outras possibilidades.
E se Flávio Bolsonaro decidir concorrer à Presidência da República ou compor como vice?
A vaga de senador pelo Rio ficaria aberta.
Fala-se, inclusive, na possibilidade de Flávio concorrer em São Paulo, caso Eduardo Bolsonaro permaneça nos Estados Unidos.
As variáveis são inúmeras.

Condicionante
Além do caso Carol De Toni/Novo, existe ainda a variável da Federação União Progressista, que não abre mão da recandidatura de Esperidião Amin ao Senado.

Aberturas

A federação vem dialogando tanto com João Rodrigues quanto com Jorginho Mello. É do jogo.
Agora, imaginar que um pré-candidato conseguirá garantir essa vaga já em dezembro é algo plausível apenas para o prefeito de Chapecó, que não tem aliados definidos e nem controla a unidade interna de seu próprio partido.

Palavra

Quanto ao governador, ele pode simplesmente reafirmar o que já declarou:
a vaga ao Senado é do União Progressista.
E, diante desse posicionamento, perguntar: “o que mais vocês querem?”

Rito

A formalização só ocorre mais à frente, seguindo o calendário legal.
Não adianta tentar ser “mais esperto do que a esperteza”: os prazos estão aí, são claros e possuem sua própria elasticidade.

Amarrações

Tentar uma definição agora pode significar amarrar uma ponta e deixar várias outras soltas.
Além disso, decisões prematuras geram riscos desnecessários, podendo exigir correção de rota mais adiante. E até gerar ressentimentos em aliados que se sintam preteridos.
Simples assim.

Cláudio Prisco Paraíso

Blog do Prisco

Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.

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