Nada mais repugnante, abjeto e digno de condenação do que assaltar, à luz do dia, velhinhos e velhinhas que, verdadeiramente, durante todas as suas vidas construíram este país. Com sangue, suor e lágrimas.
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Pois é exatamente o que vem ocorrendo desde 2016 na folha de pagamento de aproximadamente seis milhões de idosos que têm descontos não autorizados, e cujas verbas são canalizadas para entidades em nome de laranjas.
Se realmente avançar nas investigações, a Polícia Federal (PF) pode chegar nos verdadeiros “donos” do esquemão, que já vem sendo chamado de “Aposentadão” numa alusão direta à roubalheira instituída via Mensalão e Petrolão nos governos petistas do passado.
Mas, agora, é preciso abrir um parêntese. Embora em volume menor – os valores da roubalheira cresceram exponencialmente sob Lula III – a direita deste país não poderá mais dizer que Bolsonaro não deixava roubar.
Deixou
Ainda não existem sequer indícios de que o ex-presidente tenha participado de qualquer esquema em benefício próprio, mas o Aposentadão atravessou sua gestão, tendo, segundo o que a PF e a imprensa revelaram até agora, se iniciado no governo Michel Temer em 2016.
Cresceu sob Bolsonaro e explodiu de 2023 para cá, coincidentemente quando o PDT, na gestão petista, assumiu a proa do Ministério da Previdência. Ou seja, não se pode mais dizer que Bolsonaro não roubava e não deixava roubar.
Fumaça
Já há sinais de que a PF começa a enxergar figurinhas carimbadas da política nacional por trás do assalto ao contracheque dos idosos.
Pivô
Um sujeito chamado Maurício Camisoti seria o sócio oculto de uma verdadeira estrutura criada para sugar dinheiro das aposentadorias.
O moinho atende pelo nome de Ambec, entidade que já é alvo de mais de duas mil reclamações.
Bolada
Entre 2019 e 2021, este ralo retirou dos vencimentos dos aposentados nada mais nada menos do que R$ 178 milhões.
Temer
Tudo começou em 2016, quando a tunga chegou a R$ 15 milhões. Mas essa tal Ambec, que agia como uma empresa familiar com conexões políticas e outras “entidades” sindicais como os sindicatos dos aposentados, pensionistas e idosos, era pilotada por Milton Cavalo, amigo pessoal e filiado ao PDT do ainda ministro Carlos Lupi. O vice-presidente é irmão do atual inquilino do Planalto.
Sindicatos do crime
Evidentemente, se trata de apenas mais uma dessas coincidências da vida no submundo dos esquemas para assaltar o cidadão indefeso.
Trabalhismo
O ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, também é filiado, vejam só, ao PDT. Quanta coincidência, não é mesmo, caro leitor?
Atuação
Carlos Lupi é figurinha carimbadíssima em Brasília. E velho conhecido da PF. Sob Dilma, ele foi investigado por supostas vendas de cartas para autorizar a criação de...sindicatos!
Proporções
Como as investigações estão apenas no início, já existe, no Planalto Central, a percepção de que escândalo tem potencial para, inclusive, inviabilizar de vez uma nova candidatura do líder vermelho à Presidência. Daí o esforço hercúleo do governo para barrar a criação da CPI na Cãmara. Ainda é cedo para afirmar isso com convicção (que o escândalo pode tirar Lula do páreo), até porque a direita hoje depende de Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo que não demonstra a menor disposição para deixar uma reeleição bem encaminhada e mergulhar numa aventura nacional. Fora Tarcísio, os outros nomes conservadores não demonstram embocadura suficiente para enfrentar Lula. Mas que o estrago pode respingar no presidente, disso não há dúvidas.
Proteção
Então fica a pergunta: até quando o consórcio Planalto-STF vai seguir deitando e rolando (já pensaram se a PF resolve investigar outros ministérios e conexões na esplanada de 40 criada pelo atual presidente), soltando e protegendo bandidos da pior espécie e perseguindo e condenando trabalhadores, pessoas comuns? Com a respostas, o caríssimo eleitor catarinense e brasileiro.
Veja a linha do tempo do assalto aos aposentados:
- 2016: 413 milhões de reais;
- 2017: 460 milhões de reais;
- 2018: 617 milhões de reais;
- 2019: 604 milhões de reais;
- 2020: 510 milhões de reais;
- 2021: 536 milhões de reais;
- 2022: 706 milhões de reais;
- 2023: 1,2 bilhão de reais;
- 2024: 2,8 bilhões de reais.
Para variar, as supremas togas brasileiras seguem agindo de forma seletiva e tendenciosa. Parcial mesmo. Explica-se a mais nova investida, enviesada, do Supremo Tribunal Federal, ocorre no momento dizer, no momento em que o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, Serginho Cabral para os íntimos, condenado a quatrocentos e poucos anos de xilindró; mais figuras do calibre de Zé Dirceu, José Genoíno, Renan Calheiros, essa bandidagem do mais “alto” nível no Brasil, está livre, leve e solta.
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Inclusive o próprio Lula da Silva, que não só foi solto como foi guindado de volta à cadeira presidencial. Isso tudo acontecendo e agora vêm os nobres do STF com esse negócio da prisão de Fernando Collor de Mello? Que papo é esse? Que brincadeira é essa?
Seria porque o alagoano foi o primeiro a derrotar o Lula lá em 1989, quando da volta das eleições diretas para presidente neste país?
Agravante
Ou haveria outro componente, como o apoio de Collor em favor de Bolsonaro e contra Lula em 2022?
Ou ainda, não se sabe o que é pior, porque Collor é primo do Marco Aurélio de Mello, que até há pouco tempo era o decano do Supremo.
Excessos
E com todo o conhecimento de causa, tem criticado os excessos do Supremo e de Alexandre de Moraes, que estão a exorbitar completamente em suas atribuições?
Viés
Sim, porque as ilegalidades e as inconstitucionalidades, o rigor, vão somente na direção dos adversários do regime, e olha que um Judiciário não poderia ter adversários. A parcialidade está escancarada, à luz do dia. Na outra ponta, observa-se a complacência dos super-togados para com os aliados.
Perguntinha
Onde nós estamos? Esse contexto ditatorial reunindo o consórcio Supremo-Planalto está envergonhando o Brasil no exterior.
Tripé
É muito descaramento, é muito atrevimento, é muita petulância. Não se pode esquecer, também, que o ex-presidente da República já estava se deslocando para cumprir a pena. Mesmo assim, a Polícia Federal foi atrás dele. Que espetáculo circense. E deprimente.
No limits
Então, realmente, a situação está passando de todos os limites. Enquanto o consórcio deita e rola, vemos um Congresso acovardado, presidido por dois pulhas, que atendem pelos nomes de Davi Alcolumbre, cuja ficha corrida é longa e de muito conhecida; e o outro que agora começa a revelar a sua própria face, mais sujo do que pau de galinheiro, o presidente da Câmara, Hugo Mota.
Famiglia
O deputado, aliás, já começa a ficar conhecido não só pelo seu próprio comportamento, ou má conduta, mas por causa do pai, da mãe, do padrasto e da madrasta. Dá para acreditar? Que palhaçada é essa?
Festa
Se não bastasse esse festival todo, agora estão indo para o exterior de novo, para participar de palestra aqui, convescote ali.
Conta cara
Trocando em miúdos: a farra está liberada, quase que generalizada, e o povo vai pagando cada vez mais caro pelo pão nosso de cada dia. Basta entrar na padaria e ir ao supermercado, os preços são assustadores. Sem falar na falta de escola, segurança, saúde e estradas. Depois alguns políticos se queixam que a imagem da classe está na lona.
Também, pudera!
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.