O PL não terá no PT-SC o contraponto no contexto eleitoral para a corrida às urnas este ano. Até porque os canhotos não representam nada de extraordinário ante um eleitorado essencialmente conservador. O PL elegeu o governador, a vice, o senador, seis federais e 11 estaduais.
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A legenda conta, ainda, com Jair Bolsonaro como cabo eleitoral. O ex-presidente bateu Lula da Silva em 70% contra 30% dos sufrágios em 2022 em Santa Catarina.
À frente da máquina estadual, o PL tem grandes perspectivas de crescimento. Poderá eleger entre 50 e 70 prefeitos em outubro. 50 é o número de prefeitos que o PSD e o PP, cada qual, conta hoje.
O MDB tem 96 prefeitos. Número robusto. Mas a esmagadora maioria é de pequenas e médias cidades.
Barreira ao MDB
Entre as grandes do estado, o Manda Brasa administra apenas Itajaí, onde Volnei Morastoni está finalizando o segundo mandato, e Jaraguá do Sul. Ali, Jair Franzner pode buscar a reeleição e é o favorito.
Uhum
Fora isso, estão inventando essa história de Carlos Chiodini em Itajaí. Ao fim e ao cabo, o MDB vai eleger seus prefeitos no Alto Vale do Itajaí, região na qual a sigla é fortíssima e também no Oeste, sob a liderança do presidente da Alesc, Mauro de Nadal. Fora isso, vai emplacar aqui e ali. O MDB perderá musculatura. Talvez fique entre 70 e 80 cidades.
Palmo a palmo
Tudo leva a crer que PL e MDB vão disputar a liderança na quantidade de prefeituras no pleito deste ano. Correndo por fora vem o PSD, partido que pilota várias prefeituras importantes e luta para mantê-las.
Adversário
Personifica-se no PSD o grande adversário dos liberais. Até porque Jorginho Mello fará muitas alianças com o MDB e o PP nos municípios. A tendência natural e óbvia é uma nova tríplice aliança envolvendo PL, MDB e PP lá em 2026.
Amigos, amigos
O governador está articulando, ainda, acordos pontuais, específicos, com o próprio PSD este ano. Convergência que já se verifica em Tubarão. Na Cidade Azul, o atual prefeito, Jairo Cascaes (PSD), eleito indiretamente para mandato-tampão após a renúncia de Joares Ponticelli, tem tudo para ser vice de Estêner Soratto (PL), deputado estadual e que ocupou a Casa Civil no primeiro ano de Jorginho como governador.
Mão dupla
Haverá uma contrapartida do PL em outro município, cabendo ao PSD indicar o cabeça? Deve ocorrer, mas não ente os seis maiores de Santa Catarina. Chapecó seria uma opção? Muito improvável. Jorginho Mello não confia no prefeito João Rodrigues.
Passa perna
Foi ele quem, em 2022, fez uma articulação, na undécima hora, no sentido de formar uma chapa com ele na cabeça, Clésio Salvaro de vice e Luciano Hang ao Senado. Tal encaminhamento morreu na casca.
Fresquinho na memória
O governador, contudo, não esqueceu da movimentação de Rodrigues. Em 2026, quem garante que o líder oestino não repetirá a dose? O que leva a crer que Jorginho apresentará adversário ao prefeito em Chapecó.
Casa de praia
O curioso disso tudo, no entanto, foi o encontro de pessedista no apartamento de João Rodrigues na praia de Itapema. Ali, ele atacou o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto. O ex-deputado estaria traindo Jair Bolsonaro com declarações gentis na direção de Lula da Silva. Como assim, cara-pálida? Para bater de frente com o dirigente nacional dos liberais, seria de bom alvitre João Rodrigues assinar ficha no PL.
Espelho
O chefão de Rodrigues é Gilberto Kassab, mafioso conhecido e reconhecido. O PSD, partido de João Rodrigues, tem três ministérios estratégicos na gigantesca esplanada sob Lula III. Os pessedistas têm votado fechadinhos com o PT no Senado.
Lorota
Aí vem o prefeito de Chapecó com essa conversa mole de prestar solidariedade a Bolsonaro por declarações de Costa Neto. Morreremos e realmente não veremos tudo. E o pior. Segundo o alcaide chapecoense, não é preciso ser 22 e estar no PL para ser leal a Jair Bolsonaro. De maneira esperta, para surpresa zero de quem acompanha a política, João Rodrigues tenta confundir o eleitorado, passando a impressão de que é quem representa o ex-presidente no estado. É bom o eleitorado ficar atento e antenado. Porque tem muita gente que acredita ser mais esperto que a esperteza. E esses têm tudo para se darem muito mal. Até porque o forte dessas figuras não é propriamente nem a credibilidade e nem a honradez.
Ainda repercute, em todo o território nacional, a escandalosa convocação de Lula da Silva para o Ministério da Justiça e Segurança Pública, na figura de Ricardo Lewandowski. Nem vamos entrar em detalhes sobre sua trajetória, já está tudo muito rememorado e lembrado para quem defende um mínimo de correção no trato da vida pública.
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Fizeram, contudo, não faz muito tempo, um cavalo-de-batalha porque Sérgio Moro assumiu a pasta no governo Bolsonaro – no que fez muito mal – mas ele não havia se manifestado sobre Bolsonaro em momento algum em seus julgamentos. Aliás, julgamentos esses respaldados por outros três desembargadores federais do TRF-4, em Porto Alegre; por cinco ministros do STJ e, vejam só, pelo próprio STF.
O atual senador não julgou Bolsonaro. Lewandowski chegou em 2006 pelas mãos de Lula ao Supremo e fez de tudo para livrar a barra do ex-presidiário, concedendo habeas corpus e dando os mais variados despachos em favor daquele que o indicou e o nomeou depois da sabatina no Senado. Tudo absolutamente imparcial.
Daí ninguém fala nada. Pelo contrário, um grande grupo de mídia segue fazendo a defesa de absurdos e desmandos do regime. O próprio Gilmar Mendes, o decano patético do Supremo, que foi combativo contra Moro, porque ele seria “parcial”, não disse uma palavra, não fez uma objeção à indicação de seu ex-colega de bancada para a pasta da Justiça, pelo contrário, formulou os maiores elogios.
À décima potência
Temos circunstâncias muito parecidas, no caso de Lewandowski, muito mais grave, daí vem o notório Gilmar e distensiona. Dependendo da pessoa ou da circunstância política, é um comportamento. Se for na outra direção, é cassete e dane-se a lei.
Abismo
O Brasil caminha para uma situação muito delicada. O que se observa nesse consórcio escandaloso, vergonhoso, é um conluio entre o Executivo e o Judiciário para pilotar o país.
Fraqueza
Como o Congresso se omite, estão tratando de atropelá-lo. Lula da Silva consegue maioria no Senado, mas não na Câmara. A saída encontrada pela deidade vermelha foi associar-se ao STF, onde ele tem maioria absoluta.
Antevisão
Certamente o consórcio já tenta se antecipar, raciocinando que, com o desgoverno que reina neste país e com o agravamento da situação econômica e pelas declarações espalhafatosas e sem o menor senso de realidade do atual inquilino do Palácio do Planalto – não só isso, os gastos desmedidos com viagens, compras do Palácio do Alvorada, o estouro da boiada – o pedido de impeachment será inapelável.
Calendário
Ali em meados do ano, o mercado financeiro, o grande empresariado da locomotiva brasileira, que é SP, todos alojados na Avenida Faria Lima, vão pressionar o Centrão para fazer com Lula o que fizeram com Dilma, a inepta.
Cegueira seletiva
Isso aí só não enxerga quem não quer. O Planalto já enxergou, especialmente o Daniel, aquele que ficou escondido no interior do Paraná durante o regime militar. Ou seja, o super Zé Dirceu. Ele mesmo que está por trás de tudo.
Picadeiro
Aquele circo, aquele teatro deplorável do 8 de janeiro; a indicação de Dino para o STF e a convocação de Lewandowski, todos esses movimentos – e tantos outros - têm as digitais de Zé Dirceu.
Nas sombras
Ele não aparece, mas no subterrâneo nojento, sujo, imundo, abjeto da prática política deste desgoverno, ali está ele, formulando, conspirando, armando tudo o que é possível. O Centrão, no começo do segundo semestre, vai abrir o processo de impeachment. Arthur Lira vai aceitar e dar andamento.
História e futuro
Em janeiro de 2025, o presidente da Câmara estará em seu último mês no cargo e muito provavelmente dará o desfecho esperado pelos investidores e empresários.
Tudo “xunto”
Esse fechamento total e absoluto entre o Planalto e o STF é para que as supremas togas impeçam o andamento do pedido de impeachment na Câmara. A partir daí, não se espantem se tivermos uma conflagração no Brasil. Podemos nos preparar, leitores, porque esse ano de 2024 promete ser longo.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.