O auge do MDB, Movimento Democrático Brasileiro, foi na década de 1970. O partido foi criado na segunda metade dos anos 1960 em meio ao regime militar. Mas o vigor oposicionista ganhou contornos mais nítidos justamente na década seguinte.
:: Quer receber gratuitamente notícias por WhatsApp? Acesse aqui
Na eleição de 1974, o MDB elegeu 16 senadores. Entre eles, o catarinense Evelázio Vieira, o Lazinho, radialista e ex-prefeito de Blumenau.
Ele derrotou ninguém mais ninguém menos do que o ex-governador Ivo Silveira, o sucessor de Celso Ramos. Silveira foi o último eleito antes dos governadores biônicos indicados pelos militares.
Nesse período, o governo catarinense foi pilotado por Colombo Salles, Antônio Carlos Konder Reis e Jorge Konder Bornhausen. Com o retorno das eleições diretas para governadores, Esperidião Amin Helou Filho foi eleito em 1982.
Em 1978, o regime impôs a indicação de um senador biônico em cada unidade federada. Foram 27 nomes governistas. Jaison Tupy Barreto foi eleito naquele ano.
Câmara
Na década de 1970 quem brilhou de maneira absoluta em Brasília, mais especificamente na Câmara dos Deputados, foi Laerte Ramos Vieira. Ele se revezava com o paranaense Alencar Furtado na liderança do MDB na Câmara. Era uma rivalidade ferrenha, mas respeitosa e honesta.
Dom
Os dois deputados sulistas eram grandes tribunos, especialmente o catarinense. Laerte era muito intelectualizado. Preparado, tricotava naturalmente com figuras do calibre de Tancredo de Almeida Neves e Ulysses Guimarães.
Escorregão
Foi justamente na segunda metade da década de 1970 que ele teve a sua supremacia como líder, mas descuidou-se da província. Descuidou da base eleitoral.
Opositor
O que ocorreu? Juarez Furtado, que havia sido prefeito de Lages e fez o seu vice de sucessor, Dirceu Carneiro, que mais adiante se elegeu deputado federal e senador, foi à Câmara no pleito de 1978. Partindo de Lages, base de Laerte Ramos Vieira.
Consequência
Ele deixou de ser um dos grandes líderes nacionais do Manda Brasa. Perdeu essa condição porque ficou sem mandato. Juarez Furtado, que depois se elegeu deputado estadual e presidiu a Alesc, derrotou Laerte naquela eleição.
Ideologia
A origem dele era a UDN, União Democrática Nacional. Como ficou sem mandato, Jorge Bornhausen, eleito pela Assembleia em 1978, criou, em 1979, a Consultoria Geral do Estado e convidou Laerte Ramos Vieira para ocupar o cargo. Ele aceitou. Estava sem mandato. Só que a turma do Manda Brasa não engoliu a guinada. JKB havia sido indicado pelo regime militar.
Gelo
Situação que acabou criando um constrangimento ao ex-deputado. Na década de 1980, Ulysses Guimarães veio a Santa Catarina, mas não procurou o ex-correligionário.
Vale pra hoje
São lições que a história ensina e que servem de lição para aqueles que estão no exercício do mandato. O eleitor verifica, fiscaliza. O mandatário não pode se descuidar da base. Aquele que se isolar em Brasília, deixando de lado o eleitorado na província, pode ser surpreendido na eleição subsequente.
Curral
Aroldo Carvalho, que foi deputado federal por muitos anos pela Arena e concorreu ao Senado em 1978, na sublegenda com Vilmar Dallagnol, acabou sendo conhecido como deputado Copa do Mundo. Aparecia nas bases a cada quatro anos. Como tinha um curral eleitoral sempre se reelegia.
Hoje, os currais são raros e quem se descuidar pode colher o que plantou nos últimos quatro anos.
O PL está de olho nos Republicanos, seção estadual. Os liberais catarinenses vislumbram a perspectiva de assumir o comando da sigla na província. Para isso, a articulação é no sentido de dar um chega pra lá no ex-governador Carlos Moisés, que não vai cumprir com o compromisso assumido com Marcos Pereira, presidente nacional do Republicanos.
:: Quer receber gratuitamente notícias por WhatsApp? Acesse aqui
O compromisso foi reestruturar a sigla e prepará-la para o embate municipal de 2024. Desde a posse do Bombeiro na proa da legenda, contudo, nada aconteceu.
O ex-governador não tem a manha de fazer política, não sabe construir partido e mais do que isso, Moisés está se preparando para concorrer à prefeitura de Tubarão.
Como ele vai coordenar a campanha nos municípios? Também porque ele já deveria estar realizando aquele trabalho prévio de recrutamento de candidaturas às prefeituras e às câmaras de vereadores. Mas nem isso está em curso no partido.
Em 2024 ele vai se dedicar à campanha eleitoral na Cidade Azul. Diante de tudo isso, há conversações fortes nos bastidores para quem sabe um deputado estadual ou mesmo federal; ou um preposto de um parlamentar liberal, assumir o comando do Republicanos.
Agregando
Seria mais um partido a integrar a coalizão partidária a ser liderada pelo PL, que já conta com o MDB e o PP no governo.
Amplitude
As duas siglas são representadas, vamos focar apenas no primeiro escalão, por Jerry Comper, deputado estadual emedebista na Secretaria de Infraestrutura e Mobilidade; e o ex-deputado Silvio Dreveck na Secretaria de Indústria, Comércio e Serviços.
Só que com as mudanças a serem processadas no colegiado estadual, considerando até a desincompatibilização de alguns colaboradores para concorrer às eleições, a disposição de Jorginho Mello é entregar mais uma Secretaria para cada um dos dois partidos, MDB e PP.
Pode
O Podemos, registre-se, já está bem alinhavado com o governador. É bem provável que Paulinha Silva, eleita deputada estadual pelo Podemos vá para o PSD. Mas o Podemos é presidido por Camilo Martins, que não vai trocar de partido. Seu sucessor em Palhoça, eleito por sua influência, Eduardo Freccia, já foi para o PL. Vai disputar a reeleição abrigado na sigla pilotada por Jorginho.
Quinteto
Ou seja, se considerarmos, ainda, a fusão do PTB com o Patriotas, aprovada pelo TSE, estamos falando de outros quatro partidos, além do PL. O Republicanos, uma vez bem viabilizada essa operação de troca de comando, seria o quarto.
Kennedy
O novo partido que surgiu de PTB-Patriotas, em princípio será pilotado por alguém ligado ao ex-deputado Kennedy Nunes, hoje diretor-geral do Detran.
Tucanato
Além disso, o PSDB poderá ser atraído para essa composição, que poderia contar com cinco partidos, já vislumbrando 2024 e 2026.
Isolado?
O PSD, que hoje se apresenta como principal oponente a Jorginho Mello, antes mesmo do PT, como ficará? O PT vai trazer toda a esquerda no seu entorno? Não se sabe. Poderá repetir 2022, mas nada garante que PSOL, PC do B, PDT e tantos outros vão estar com o PT. Suponhamos que a canhotada esteja toda nessa trincheira esquerdista.
Hum
O PSD ficaria então ao centro. Mas vai contar com quem, considerando-se que avançou sobre prefeitos de outros partidos, como do próprio PSDB? Isso pode facilitar a aproximação dos tucanos com Jorginho Mello, que não descarta, ainda, atrair o União Brasil. Que é parceiro incondicional do PSD. Ainda mais que Gean Loureiro perdeu o comando do UB em Santa Catarina. Quem dá as cartas agora é o deputado federal Fábio Schiochet. Em linha direta com Antônio Rueda, que desbancou Luciano Bivar na direção nacional do União Brasil.
Parcerias
Mas se o PSD não contar nem com União Brasil e partindo da premissa que pode perder o Republicanos, vai ficar com quem? Vai coligar com quem? Vai ter como parceiro que sigla? É uma situação desafiadora que começa a se vislumbrar para esse PSD reforçado, mas que pelo visto esqueceu que é importante ter parceiros partidários para enfrentar as eleições.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.