Fechar [x]
APOIE-NOS
Seara/SC
34 °C
15 °C
Início . Blogs e Colunas .Cláudio Prisco Paraíso

Surpresa geral

Por Cláudio Prisco Paraíso
06/04/2024 - 10h29.Atualizada em 06/04/2024 - 10h30

O governador Jorginho Mello surpreendeu o meio político e a própria mídia em relação aos encaminhamentos eleitorais em Balneário Camboriú. A cidade está entre as 12 maiores de Santa Catarina, mas, ao lado de Florianópolis, é aquela que tem a maior visibilidade. Nacional e internacional.

Portanto, é uma eleição que provoca, produz desdobramentos e ressonância até no processo eleitoral de 2026, quando teremos eleição nacional e estadual.

Quem seria o candidato natural à prefeitura de Balneário Camboriú? O deputado estadual e ex-vice-prefeito Carlos Humberto, líder do governo do próprio Jorginho na Assembleia Legislativa. Evidentemente.

Além de ser o líder em todas as pesquisas realizadas para consumo interno. Em política não se inventa, se segue o rumo natural para correr o mínimo de risco possível. Mesmo assim, o governador comunicou, na quinta-feira, que a definição do candidato ficará com o prefeito Fabrício Oliveira, já em final de mandato.

Inimigos

Os dois estão em uma queda de braço ferrenha desde o ano passado. Carlos Humberto foi seu vice-prefeito por seis anos.
A alegação do prefeito é a de que, quando o hoje deputado saiu para ser candidato à Alesc havia assumido o compromisso de não disputar a prefeitura.

Posicionamento

Carlos Humberto assumiu, desde que houvesse outro nome com densidade, com capacidade de vencer o pleito, além de possuir capacidade de gestão.
Fabrício Oliveira ficou mais de um ano tentando viabilizar um nome. Não conseguiu.

Aposta arriscada

E o governador, de forma ilógica, dá um salto no escuro. Estão falando em um jornalista, radialista, Peeter Lee. Há quem faça a avaliação de que, na undécima hora, vão tentar lançar o nome do ex-prefeito Rubens Spernau, filiado recentemente ao PL.

Hummm

Pouco provável. Sua relação com Leonel Pavan – arqui-inimigo de Jorginho Mello – vai muito além da amizade. Ele é padrinho da vereadora Juliana Pavan, pré-candidata do PSD à prefeitura. Spernau tem relações íntimas e próximas com Pavan que vão impedir sua candidatura. Essa é a tendência normal.

Palavra dada

Também porque ele garantiu à sua afilhada que, se ela for candidata, ele, Rubens Spernau, não entraria no circuito sucessório. E ela será candidata.

Boi voando

Isso tudo está causando perplexidade. Ainda mais em se tratando de um político experiente e tarimbado como Jorginho Mello. Não faz sentido, também, a alegação de que o encaminhamento teria sido um pedido de Jair Bolsonaro.

Espuma

O ex-presidente não tem qualquer relação com Fabrício Oliveira. A única explicação plausível seria uma elucubração de Jorge Seif, temendo a sua cassação, dando conta que o prefeito de Balneário poderia ser candidato ao Senado em caso de degola dele no TSE. O julgamento foi suspenso na quinta-feira, 4, e foi adiado para o dia 16 de abril.

Lorota

Estranho. Alguma dúvida de que o candidato será quem Jorge Seif indicar, apontar para Jair Bolsonaro? Zero dúvida. Lá atrás, Bolsonaro pegou Seif pelo braço e impôs sua candidatura na chapa de Jorginho Mello.

Vai saber

Há mais do que aviões de carreira entre o céu e a terra nessa história. Ninguém está conseguindo identificar o que teria levado o governador a entregar a Fabrício a definição da candidatura.

No páreo

Nesse contexto, se Rubens Spernau não vier para o jogo, o que é provável, a perspectiva eleitoral de Juliana Pavan, agora filiada ao PSD, melhora sobremaneira. Ela passa a ter condições reais de vencer o pleito.

Mantida

Carlos Humberto, a seu turno, se posicionou com firmeza. Informou a seus amigos e ao seu grupo político aquilo que o blog publicou em primeira mão, dando conta de que o governador Jorginho Mello lhe comunicou que o candidato do partido seria indicado pelo prefeito Fabrício Oliveira. O parlamentar descarta, no entanto, qualquer possibilidade de sair do PL, afirmando, categoricamente, que vai até as últimas consequências para conquistar a indicação partidária.

Aspas

“Se for preciso bater chapa na convenção, vamos bater chapa,” declarou ele, convocando seus apoiadores a se manterem firmes. “É o povo quem vai escolher o candidato do PL,” assinalou ele, salientando que está no PL há mais de 10 anos.

Sem identidade

Nunca é demais lembrar que o prefeito Fabrício Oliveira já passou por diversos partidos, todos de esquerda ou centro-esquerda até se filiar ao Partido Liberal, em mais um lance de oportunismo que marca sua trajetória política, na reta final da campanha eleitoral de 2022, quando o quadro já estava definido em favor de Jorginho Mello.

Sem papo

Uma coisa é certa. O deputado não respaldará uma candidatura que venha a ser patrocinada pelo atual prefeito do balneário mais badalado do Brasil.

Seif, o processo e o adiamento

Por Cláudio Prisco Paraíso
05/04/2024 - 07h00.Atualizada em 04/04/2024 - 21h03

Quinta-feira, 4 de abril. Nesta data começou o julgamento do senador Jorge Seif no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), julgamento que tem relação com uma representação patrocinada pelo PSD catarinense, acusando o liberal de abuso do poder econômico.

Há uma série de argumentações dando conta que a estrutura do grupo empresarial Havan, liderado por Luciano Hang, teria favorecido a campanha de Jorge Seif. Benesses que estariam relacionadas à própria estrutura administrativa da empresa, mas também com empréstimo de aeronave, helicóptero e daí por diante.

Algo que não sensibilizou o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SC), que, por unanimidade, não viu, não identificou justificativa para cassação do mandato do “06” de Jair Bolsonaro.

Naturalmente que o PSD catarinense recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A corte é controlada por quem? Alexandre de Moraes ainda é o presidente. E coube justamente a ele o adiamento do julgamento já no início da sessão, antes mesmo do relator pronunciar seu voto.

Intrigante

Ué, o que houve? O deputado federal Deltan Dallagnol foi cassado no ano passado. Seu “julgamento” levou um minuto e seis segundos na mesma corte. Há três leituras imediatas e palatáveis para a decisão do imperador: se o julgamento fosse encomendado, como se especula há meses nos bastidores, Jorge Seif já seria guilhotinado nessa quinta-feira; Alexandre teria percebido que não havia os votos suficientes para a cassação e interrompeu a sessão, surpreendendo todo mundo; ou o consórcio STF-Planalto achou melhor adiar o julgamento por duas semanas para reavaliar o quadro. Talvez na linha de aguardar o desfecho do julgamento de Sérgio Moro no Paraná.

Minando

O raciocínio é transparente. Cassar Jorge Seif significa enfraquecer Jair Bolsonaro. Afinal de contas, o senador não era conhecido em Santa Catarina. Foi uma candidatura pinçada por Bolsonaro quando era presidente, e ele, Seif, secretário da Pesca. O jovem candidato formou dobradinha com Jorginho Mello em 2022. O atual governador à época não conseguiu coligação com nenhuma outra sigla.

Avalanche

Além de ajudar na eleição de Jorginho, Bolsonaro, literalmente, elegeu Seif com mais de 1 ,5 milhão de votos. Alexandre de Moraes segue permanentemente dando estocadas em Bolsonaro com inquéritos, ações e já o tornou inelegível. O que efetivamente teria motivado a conduta de ontem de Moraes?

Criando a tese

Já tivemos a cassação do prefeito de Brusque, Ari Vequi, filiado ao MDB, partido no qual ele permanece.
Também havia a alegação para abrir o precedente de que Luciano Hang havia interferido na eleição de 2020 na cidade-sede de seu grupo empresarial. Vequi foi degolado em 2023, com mais da metade do mandato. Mas isso já teria ocorrido para tentar agora alcançar Jorge Seif.

Calma aí

Por outro lado, as informações que chegaram de Brasília é de que Lula da Silva poderia ter raciocinado o seguinte: olha, vamos deixar o Moro lá no Senado, bem como o Seif porque daqui a pouco essa eleição coincide com a municipal e aí o PL acaba dando uma lavada em todo mundo nos dois estados do Sul.

Calendário

Mesmo que não coincidam as possíveis eleições suplementares em SC e no PR, que ocorram um pouco antes da eleição municipal, em junho, julho ou agosto, mas Bolsonaro vai eleger de qualquer forma os dois senadores, e isso fica mais próximo de 26. Seria mais uma demonstração de força dele.

Tapetão

Mas retornemos à realidade estadual. O que deseja o PSD? Não deseja participar de eleição. Colombo já comunicou que não vai tentar uma terceira corrida ao Senado consecutivamente. Até porque marcaria sua terceira derrota. Consecutiva.

Porta dos fundos

O que eles querem é anular os votos de Seif, abrindo caminho para que o segundo colocado ascenda ao cargo. Exatamente Raimundo Colombo, que fez quase um milhão de votos a menos do que Jorge Seif.

Escárnio

Se ocorrer essa solução, escandalosa, absurda, um escracho, o mesmo teria que ser aplicado no Paraná. No estado vizinho, o segundo colocado é Paulo Martins, do PL. Ou seja, no Paraná não resolveria para o consórcio.

Vento soprando

Há, ainda, a jurisprudência da cassação de uma ex-senadora que era conhecida como o Moro de saias no Mato Grosso do Sul.
Vão reinterpretar a lei? Até pode. Hoje as supremas togas reescrevem a Constituição de acordo com suas próprias conveniências.

Cláudio Prisco Paraíso

Blog do Prisco

Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.

24 horas

Portal49
www.portal49.com.br
© 2020 - 2024 Copyright Portal 49

Demand Tecnologia
WhatsApp

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a nossa Política de Privacidade. FECHAR