Quinta-feira, 4 de abril. Nesta data começou o julgamento do senador Jorge Seif no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), julgamento que tem relação com uma representação patrocinada pelo PSD catarinense, acusando o liberal de abuso do poder econômico.
Há uma série de argumentações dando conta que a estrutura do grupo empresarial Havan, liderado por Luciano Hang, teria favorecido a campanha de Jorge Seif. Benesses que estariam relacionadas à própria estrutura administrativa da empresa, mas também com empréstimo de aeronave, helicóptero e daí por diante.
Algo que não sensibilizou o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SC), que, por unanimidade, não viu, não identificou justificativa para cassação do mandato do “06” de Jair Bolsonaro.
Naturalmente que o PSD catarinense recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A corte é controlada por quem? Alexandre de Moraes ainda é o presidente. E coube justamente a ele o adiamento do julgamento já no início da sessão, antes mesmo do relator pronunciar seu voto.
Intrigante
Ué, o que houve? O deputado federal Deltan Dallagnol foi cassado no ano passado. Seu “julgamento” levou um minuto e seis segundos na mesma corte. Há três leituras imediatas e palatáveis para a decisão do imperador: se o julgamento fosse encomendado, como se especula há meses nos bastidores, Jorge Seif já seria guilhotinado nessa quinta-feira; Alexandre teria percebido que não havia os votos suficientes para a cassação e interrompeu a sessão, surpreendendo todo mundo; ou o consórcio STF-Planalto achou melhor adiar o julgamento por duas semanas para reavaliar o quadro. Talvez na linha de aguardar o desfecho do julgamento de Sérgio Moro no Paraná.
Minando
O raciocínio é transparente. Cassar Jorge Seif significa enfraquecer Jair Bolsonaro. Afinal de contas, o senador não era conhecido em Santa Catarina. Foi uma candidatura pinçada por Bolsonaro quando era presidente, e ele, Seif, secretário da Pesca. O jovem candidato formou dobradinha com Jorginho Mello em 2022. O atual governador à época não conseguiu coligação com nenhuma outra sigla.
Avalanche
Além de ajudar na eleição de Jorginho, Bolsonaro, literalmente, elegeu Seif com mais de 1 ,5 milhão de votos. Alexandre de Moraes segue permanentemente dando estocadas em Bolsonaro com inquéritos, ações e já o tornou inelegível. O que efetivamente teria motivado a conduta de ontem de Moraes?
Criando a tese
Já tivemos a cassação do prefeito de Brusque, Ari Vequi, filiado ao MDB, partido no qual ele permanece.
Também havia a alegação para abrir o precedente de que Luciano Hang havia interferido na eleição de 2020 na cidade-sede de seu grupo empresarial. Vequi foi degolado em 2023, com mais da metade do mandato. Mas isso já teria ocorrido para tentar agora alcançar Jorge Seif.
Calma aí
Por outro lado, as informações que chegaram de Brasília é de que Lula da Silva poderia ter raciocinado o seguinte: olha, vamos deixar o Moro lá no Senado, bem como o Seif porque daqui a pouco essa eleição coincide com a municipal e aí o PL acaba dando uma lavada em todo mundo nos dois estados do Sul.
Calendário
Mesmo que não coincidam as possíveis eleições suplementares em SC e no PR, que ocorram um pouco antes da eleição municipal, em junho, julho ou agosto, mas Bolsonaro vai eleger de qualquer forma os dois senadores, e isso fica mais próximo de 26. Seria mais uma demonstração de força dele.
Tapetão
Mas retornemos à realidade estadual. O que deseja o PSD? Não deseja participar de eleição. Colombo já comunicou que não vai tentar uma terceira corrida ao Senado consecutivamente. Até porque marcaria sua terceira derrota. Consecutiva.
Porta dos fundos
O que eles querem é anular os votos de Seif, abrindo caminho para que o segundo colocado ascenda ao cargo. Exatamente Raimundo Colombo, que fez quase um milhão de votos a menos do que Jorge Seif.
Escárnio
Se ocorrer essa solução, escandalosa, absurda, um escracho, o mesmo teria que ser aplicado no Paraná. No estado vizinho, o segundo colocado é Paulo Martins, do PL. Ou seja, no Paraná não resolveria para o consórcio.
Vento soprando
Há, ainda, a jurisprudência da cassação de uma ex-senadora que era conhecida como o Moro de saias no Mato Grosso do Sul.
Vão reinterpretar a lei? Até pode. Hoje as supremas togas reescrevem a Constituição de acordo com suas próprias conveniências.
O secretariado de Jorginho Mello sofreu alterações. Na virada do ano, houve algumas desincompatibilizações, enquanto outras permaneceram para as próximas semanas, como a dos deputados Ricardo Guidi, que cuida do Meio Ambiente e Economia Verde; e de Carmen Zanotto, titular da Saúde. Temos também o Sargento Lima, deputado estadual, que deve concorrer em Joinville. Ricardo Guidi, em Criciúma, e Carmen Zanotto, em Lages, tiveram um bom desempenho à frente de suas pastas.
As mudanças já processadas e as que serão feitas nos próximos dias têm uma conotação essencialmente política, embora Jorginho Mello, assim como ocorreu com Bolsonaro em 2019, tenha adotado critérios não exclusivamente políticos, mas também técnicos, com figuras que conhecem as respectivas áreas.
O desempenho administrativo, por conta disso, já tem meio caminho andado para ser bem-sucedido.
Cirúrgico
Durante este ano essencialmente eleitoral, alguns ajustes pontuais serão feitos aqui ou ali, mas o resultado das urnas seguramente ensejará outras modificações e adequações no primeiro escalão, especialmente por ser um ano ímpar, quando não há eleições.
Par e ímpar
Assim foi no ano passado, 2023, após a eleição de 2022, e assim será em 2025, após a eleição municipal de 2024.
Retorno
Sargento Lima pode retornar para a Segurança Pública, caso não seja bem-sucedido na disputa no maior município do estado. Da mesma forma, Ricardo Guidi, nome forte em Criciúma; e Carmen Zanotto, que é muito favorita na capital serrana. Ela perdeu para Antônio Ceron por apenas 56 votos na reeleição dele.
Pule de 10
Carmen é considerada a candidata mais favorita entre os 15 maiores municípios e candidaturas, considerando-se os vários partidos. No entanto, claro, a eleição não está ganha por antecipação.
Novos ares
Também teremos casos de prefeitos que estarão completando seu período de gestão, já no segundo mandato, e que não podem buscar um terceiro. Estes poderiam ser aproveitados no secretariado ainda no final deste ano, se anteciparem a transição.
Mancha
Porém, como a renúncia nunca é muito bem recebida, poderiam ser empossados já nos primeiros dias de 2025, uma vez que a posse dos eleitos ocorre em primeiro de janeiro.
Destaques
Há dois nomes notáveis com este perfil: Mário Hildebrandt, prefeito reeleito com mais de 70% dos votos em Blumenau, hoje a grande liderança política do Vale do Itajaí. Indiscutivelmente teria assento assegurado no colegiado. Ele já se filiou ao PL de Jorginho Mello. E Fabrício de Oliveira, de Balneário Camboriú, também completando o segundo mandato, que seria uma alternativa para a pasta do Turismo.
Cenários
Diferentemente de Blumenau, onde Jorginho e Mário se acertaram perfeitamente na escolha do deputado Egídio Ferrari para concorrer à prefeitura com o apoio dos dois e do próprio Bolsonaro, o mesmo não se pode dizer de Balneário Camboriú.
Tiroteio
Lá, Fabrício resolveu vetar a candidatura natural do deputado Carlos Humberto. O desfecho da candidatura do PL em Balneário Camboriú deve ocorrer nos próximos dias, talvez até nas próximas horas, mas Fabrício queimou seguramente o filme.
Nome natural
A tendência é a confirmação da candidatura de Carlos Humberto à sucessão do atual prefeito, de quem o parlamentar foi vice.
Colher de chá
Ainda assim, se ele permanecer no PL, seria uma possibilidade no colegiado. Agora, se Fabrício Oliveira buscar outro partido, seguramente vai ficar aguardando um aceno de Brasília, do governo Lula da Silva.
Alinhamento
Para isso, Fabrício teria que se filiar a um partido que compõe o ministério do atual governo. E, claro, o máximo que receberia seria algum cargo federal em Santa Catarina.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.