A política não se constrói apenas com fatos. Ela se move, sobretudo, por narrativas. Quem não tem essa percepção costuma fomentar justamente o que muitas vezes não deseja. O Brasil já viveu esse roteiro três anos atrás.
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Na última eleição presidencial, quando Lula havia acabado de sair da prisão para disputar o pleito, formou-se uma onda que se dissipava. Nas ruas, propagava-se o seguinte: “saiu da cadeia e vai ganhar”. A repetição desse discurso ajudou a consolidar uma sensação de vitória antecipada.
E para quem não quer a manutenção do atual presidente no comando da Federação, não pode cair novamente nessa cilada. Desde já, quando o assunto for eleição, é preciso inverter o discurso. Ser redundante sem pensar que está assassinando a língua portuguesa.
O grito de guerra “vai perder, vai perder” tem que predominar. Política vive de ondas e quando uma onda se forma, ela atrai até quem não está convencido porque ninguém gosta de apostar no lado que aparenta estar perdendo. Em eleição, o eleitor tende a se mover para onde acredita que está a vitória.
Por isso, mudar o discurso não é apenas consertar um erro recente — é tática. Se a narrativa dominante for a de derrota inevitável, ela se fortalece sozinha. Mas se o discurso for invertido, o jogo muda. Afinal o Brasil vive um período de estagnação. Não houve um plano econômico consistente capaz de impulsionar crescimento, gerar empregos duradouros e devolver confiança ao país.
Questionar, apontar falhas e mostrar fragilidades ajuda a manter o discurso de derrota porque muitas vezes a eleição começa a ser decidida muito antes da campanha oficial.
Blog do Bordignon
Em 2004, colou grau em jornalismo pela Universidade do Sul de Santa Catarina. É editor da edição impressa da Revista Única e, dos portais, www.lerunica.com.br e www.portal49.com.br.
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