Governo federal e centrais sindicais articulam debate amplo sobre a redução da jornada de trabalho
A ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann, afirmou que o fim da escala 6×1 — modelo que exige seis dias consecutivos de trabalho para apenas um de descanso — será uma das prioridades do governo no Congresso Nacional.
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A proposta, que também prevê a redução da jornada semanal de trabalho, está sendo tratada como uma pauta estratégica para o Palácio do Planalto em diálogo com a sociedade e o parlamento.
Segundo Gleisi, o tema será encaminhado às comissões competentes, especialmente a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), com o objetivo de envolver todos os setores afetados. “O debate sobre o fim da escala 6×1, que limita a vida além do trabalho, será ampliado. Queremos ouvir a todos(as)!”, publicou a ministra em seu perfil na rede X (antigo Twitter).
A pauta ganhou força durante os atos do Dia do Trabalhador, no último 1º de maio, quando líderes de todas as centrais sindicais defenderam a aprovação da PEC 8/25, que propõe a redução da jornada de trabalho sem diminuição salarial. A proposta é de autoria da deputada Erika Hilton (PSOL-SP) e aguarda inclusão na pauta da CCJ.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também se manifestou em apoio à discussão. Em pronunciamento em cadeia nacional no Dia do Trabalhador, Lula disse que “está na hora do Brasil dar esse passo”, sinalizando que o governo irá aprofundar o debate ouvindo todos os setores da sociedade.
Apesar do entusiasmo do governo e das centrais, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), adotou um tom mais cauteloso. Segundo ele, é preciso considerar a viabilidade da proposta e seu possível impacto negativo. “Não dá também para vender um sonho que pode não se realizar. Precisamos de equilíbrio e compromisso com os eleitores”, afirmou.
Ainda assim, o PT trabalha nos bastidores para acelerar a tramitação da proposta. O líder da bancada, Lindbergh Farias (RJ), afirmou que a fala de Lula deu fôlego à discussão e que tentará convencer o presidente da CCJ, Paulo Azi (União-BA), a colocar a PEC em votação já nesta semana.
O debate promete movimentar o Congresso nas próximas semanas, colocando em pauta uma das principais reivindicações trabalhistas da atualidade: mais tempo livre e qualidade de vida para os trabalhadores brasileiros.