Ministro do STF citou sucessivas violações na tornozeleira eletrônica e “desprezo pela pena imposta”
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o retorno ao regime fechado de Iraci Nagoshi, 72 anos, e Vildete Guardia, 74, condenadas por participação nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Ambas estavam em prisão domiciliar monitorada por tornozeleira eletrônica, mas, segundo o STF, violaram repetidamente as condições impostas.
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De acordo com a Secretaria da Administração Penitenciária de São Paulo, Iraci cometeu mais de 900 violações apenas em 2025, incluindo saídas não autorizadas, falhas no sinal de GPS e bateria descarregada do equipamento.
Em 2 de junho, por exemplo, foram registradas 40 infrações em um único dia. Moraes destacou deslocamentos da idosa para atividades como musculação, hidroginástica e pilates como exemplos de “desprezo pelo sistema jurídico”.
A defesa de Iraci alegou que as saídas eram para consultas médicas, mas não obteve autorização prévia da Justiça, conforme exigido. O STF já havia advertido a ré em duas ocasiões sobre o risco de revogação da domiciliar.
No caso de Vildete Guardia, o monitoramento eletrônico apontou descumprimentos em pelo menos 20 datas. A idosa havia deixado a prisão anteriormente por motivos de saúde, mas um novo laudo indicou que ela pode cumprir pena em unidade prisional. Moraes revogou a domiciliar no dia 7 de julho, e Vildete retornou ao regime fechado no dia 14.
O advogado Jaysson França, que representa ambas, afirmou que as falhas foram técnicas e que a Justiça foi informada previamente.
Durante julgamento que tornou Jair Bolsonaro réu por tentativa de golpe de Estado, Moraes rebateu críticas às decisões do STF e negou que as condenações tenham como alvo “velhinhas inocentes”.
“Nada mais mentiroso do que isso. Ninguém estava passeando. As imagens demonstram o envolvimento nos atos criminosos”, disse o ministro.