Sobretaxa de 50% passa a valer para mercadorias embarcadas a partir desta terça, 06 de agosto
Carne, café e outros setores devem ser fortemente impactados - Foto: Reprodução Entrou em vigor nesta terça-feira, 06 de agosto, o tarifaço imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.
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A medida determina uma sobretaxa de 50% para mais de 3,8 mil itens, afetando duramente setores como carnes, café e alimentos processados. O Brasil é o país mais impactado pela decisão.
A aplicação da tarifa considera o horário de verão da costa leste dos EUA, o que equivale a 1h01 da madrugada do horário de Brasília. Estão isentas da sobretaxa as cargas embarcadas até sete dias após a publicação do decreto, em 30 de julho, desde que cheguem aos EUA até 5 de outubro. Mercadorias já armazenadas em território norte-americano também escapam da cobrança, se forem consumidas antes da data-limite.
A medida já afeta o comércio exterior brasileiro. O setor de carnes bovinas, por exemplo, que já enfrentava tarifas anteriores de até 36,4%, pode ter uma carga tributária total superior a 76%, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes, tornando as exportações economicamente inviáveis. Já o setor cafeeiro, que exportava 30% de sua produção para os EUA, busca compensar as perdas com o recente aval da China, que habilitou 183 exportadores brasileiros.
Segundo o governo norte-americano, a decisão tem motivação política. Em nota, o ex-presidente Donald Trump criticou o tratamento dado ao ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro e afirmou que o Brasil "rompeu uma relação de longa data" com os EUA, classificando a situação como uma "vergonha internacional".
Diante do cenário, o governo brasileiro articula um plano de contingência, que inclui negociações com os EUA, abertura de novos mercados, concessão de crédito subsidiado aos exportadores, e até programas de compras governamentais para proteger a produção interna.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aguarda aval do secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, para abrir diálogo direto. A expectativa é que, após esse contato, o presidente Lula converse com Trump, mas apenas se houver abertura diplomática. Por ora, o chefe do Executivo afirmou que não irá ligar para tratar do tarifaço, mas pretende convidar o republicano para a COP30, que será realizada em novembro, em Belém.
