Assessora parlamentar passou de R$ 2,1 mil para mais de R$ 31 mil em menos de dois anos
Atuação remota e atividade empresarial paralela geram questionamentos - Foto: Reprodução Uma ex-diarista baiana, nomeada pelo senador Jorge Seif (PL-SC), está no centro de uma polêmica após vir à tona que recebe um salário superior ao do governador de Santa Catarina. Adna dos Anjos Cajueiro foi nomeada em outubro de 2023 como assessora parlamentar no Senado Federal e, segundo dados revelados pelo Jornal Metrópoles, teve sua remuneração elevada de R$ 2.153,30 para R$ 31.279,53 — um salto de 1.350% em menos de dois anos.
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Apesar do alto salário, Adna não é reconhecida pelos servidores do gabinete de Seif em Brasília. Em visitas feitas pela reportagem ao local, ninguém soube informar quem ela era, e até uma recepcionista sugeriu que poderia pertencer “a outro setor”.
O vencimento atual da assessora supera inclusive o salário de Jorginho Mello (PL), governador de Santa Catarina, que é de R$ 25.322,25, além de ultrapassar o de outros sete governadores do país.
Questionada pelo Metrópoles, Adna declarou desempenhar “missões externas” para o senador, o que justificaria a dispensa do registro de ponto. Também afirmou poder atuar remotamente, sem detalhar quais funções exerce ou onde trabalha.
A situação ganhou novos contornos após a descoberta de que a assessora mantém uma loja de roupas registrada em julho deste ano. O empreendimento, chamado Atacadão Goiano, funciona na Feira dos Goianos, em Taguatinga (DF), e recentemente expandiu com uma segunda unidade inaugurada na Black Friday, em Ceilândia. Nas redes sociais, Adna aparece promovendo produtos e atendendo clientes.
Em contato anterior da reportagem, em agosto, ela afirmou ter “emprego fixo na Asa Sul”, sem mencionar o cargo no Senado, onde já estava lotada havia quase dois anos.
Diante da repercussão, o senador Jorge Seif disse não ter conhecimento sobre a atividade empresarial da assessora e deu prazo de cinco dias para que ela regularize a situação — caso contrário, será exonerada. Em nota, seu gabinete afirmou que Adna trabalha com ele desde a época em que era ministro da Pesca, desempenhando suas funções com “profissionalismo e competência”.
O caso reacende discussões sobre o uso de cargos comissionados, a fiscalização da jornada de servidores e a transparência no serviço público federal — especialmente diante de situações em que funcionários de alto salário não são vistos nos locais onde deveriam atuar.