O ex-presidente Michel Temer foi surpreendido quando da sua passagem por Santa Catarina, onde participou da palestra inaugural do Congresso de Direito Constitucional e Legislativo na Alesc.
Congresso promovido pela própria Assembleia Legislativa catarinense sob a batuta do presidente Mauro de Nadal. E alusivo à promulgação da Constituinte Estadual, que está completando 35 anos.
O ex-presidente foi surpreendido com uma proposta, digamos, exótica e absolutamente extemporânea de Jair Bolsonaro.
Que o sucedeu na Presidência da República em 1º de janeiro de 2019. Vamos rememorar. Dilma Rousseff foi defenestrada do cargo em 2016 pelas famosas pedaladas fiscais.
Impeachment foi proposto e acabou aprovado na Câmara dos Deputados, com o julgamento sendo realizado no Senado.
Tchau, querida
Degolada a ex-guerrilheira, Michel Temer fez quase dois anos de mandato e coube a ele passar a faixa presidencial a Jair Bolsonaro. Agora o antecessor de Lula da Silva está com a ideia fixa de que é, porque é candidato à Presidência da República.
Missão impossível
O fato é que o tornaram inelegível de maneira absolutamente absurda, essa é a realidade. A inelegibilidade decretada pela Justiça Eleitoral, pelo TSE, é algo surreal. É uma clara perseguição da mesma corte que conduziu as eleições de 2022 de forma parcial e tendenciosa em favor de Lula da Silva.
Poste
O petista, que lá em 2018 foi condenado e preso, mas disse que era candidato à Presidência da República. E acabou, claro, tendo que abrir para Fernando Haddad, o poste. Agora, por outro motivo, no contexto da perseguição, Jair Bolsonaro está proibido de concorrer.
Quadro estabelecido
É pouquíssimo provável que isso sofra alteração. Muito ao contrário. Na Justiça comum, via Supremo Tribunal Federal, virão por aí novas condenações, inclusive com risco de prisão contra o ex-presidente.
Cortes políticas
Tudo no modelo e no modus operandi do TSE e do STF, que são dois órgãos políticos que fazem o jogo da esquerda contra à direita no Brasil.
Eu
Depois de dar aquela entrevista à revista Veja, dizendo que o candidato “sou eu” e mais ninguém, agora ele vem acenar para Michel Temer.
Macaco velho
Durante sua passagem por Florianópolis, o ex-presidente nem comentou, até porque é uma proposta absolutamente despropositada.
Lulismo
Descabida na medida em que Temer sabe muito bem que o MDB, que ele presidiu por 10 anos, hoje está no governo Lula. E com pastas estratégicas, como a dos Transportes. O partido poderia até dar um cavalo-de-pau, coisa típica dos emedebistas, e se alinhar a uma candidatura da direita. Mas neste momento está com o PT. Simples assim.
Direita
Seja com Bolsonaro ou quem quer que seja que o MDB possa vir a se aliar ali adiante, mas o mais do que experiente Temer não vai meter a colher, até porque não vai ser mais candidato a nada. Vale lembrar que o ex-presidente é octogenário.
Derrapando
Ou seja, Bolsonaro segue aprontando das suas. É mais uma falácia que não vai dar em nada. Ele só faz isso para ocupar espaço na mídia, aproveitando o momento em que se sente muito confortável pela eleição do seu amigo Donald Trump.
LHS
Michel Temer passou por Santa Catarina. Além da palestra, fez conversas com os seus correligionários, e relembrou, durante a sua passagem, a relação de proximidade e amizade que teve com Luiz Henrique da Silveira.
Envergadura
Lá em 1997, 1º de fevereiro, quando Michel Temer foi eleito pela primeira vez das três vezes em que presidiu a Câmara, o candidato do MDB, à época, natural, era o catarinense Luiz Henrique da Silveira, que foi líder do MDB e era muito próximo do doutor Ulysses Guimarães.
Solução caseira
Mas Luiz Henrique fez a opção de concorrer à prefeitura de Joinville, elegendo-se, inclusive, em 1996, reelegendo-se em 2000 e abrindo caminho para sua candidatura ao governo, vitoriosa, em 2002. Depois veio a reeleição em 2006 e a eleição ao Senado em 2010. Ao desistir da Presidência da Câmara, Luiz Henrique abriu caminho justamente para Michel Temer, que nunca esqueceu o gesto do amigo.
Pela segunda vez na história dos Estados Unidos, um presidente derrotado na reeleição disputa novamente quatro anos depois e retorna ao cargo. Com isso, obriga aquele que o sucedeu a devolver o comando da grande potência mundial.
Donald Trump surpreendeu o mundo inteiro com uma vitória esmagadora nos sete estados-pêndulo e ainda ganhando territórios tradicionalmente democratas. Acabou contrariando, vejam só, todos os institutos de pesquisa e os veículos de comunicação que apenas na última semana começaram a mostrar que a distância se estreitava.
Não só na disputa nacional, o voto direto, como também na queda-de-braço pelos delegados nos estados federados. Em última análise, quem ganha o colégio eleitoral é quem toma posse.
O próprio Trump, em 2016, ficou três milhões e meio de votos atrás de Hillary Clinton. Dessa vez, não. Ele fez barba, cabelo e bigode.
Voz das ruas
Ganhou no voto popular, abrindo uma margem que até ontem estava em cinco milhões de votos. E o que o empresário e agora presidente eleito ganhou além do retorno ao cargo? Impôs uma derrota acachapante ao partido Democrata.
Filme antigo
Feitas essas considerações, vamos olhar para o Brasil. O que houve nos EUA nesta eleição costuma acontecer por aqui. Pesquisas, ah as pesquisas. Muitas vezes sendo manipuladas com o objetivo de vender um retrato diferente da realidade.
Roteiro
Mas, na reta final os números precisam ser ajustados para que a barbeiragem não seja tão grande e a manipulação não fique tão evidente.
Prestígio
Para além das pesquisas, vamos apreciar a questão política. O deputado federal Eduardo Bolsonaro estava lá na festa, na residência de Trump. Foi convidado. Apenas 50 presentes. É uma forma de prestígio sem dúvida nenhuma. Isso é ponto pacífico.
Delírios
Mas daí a imaginar que a eleição de Trump e a sua investidura em janeiro vão representar um algo mais para o retorno de Jair Bolsonaro à Presidência em 2026 soa quase como delírio. É melhor esperar sentado.
Fora do jogo
Primeiro, porque o ex-presidente está inelegível e vai continuar inelegível. Ponto. Mas com o Trump na presidência, vai ter uma pressão via Congresso para que o Supremo recue dessa decisão, raciocinam os mais afoitos. Ou mais ingênuos.
Mais o que fazer
Até parece que Trump vai ter tempo para isso e que ele vai se arvorar em um movimento dessa natureza. De qualquer forma, isso representa um reforço para Bolsonaro considerando quem ele vai apoiar em 2026, imaginam outros. Alto lá. Mas quem que ele vai apoiar? Ele deu uma declaração que o candidato é ele.
Reeleição
Imediatamente, Tarcísio de Freitas confirmou permanência no Republicanos e a candidatura à reeleição, empreitada para a qual, aliás, praticamente não tem adversário.
Sem nome
Quem seria o candidato de Bolsonaro? É evidente que a eleição e o exercício da Presidência por Donald Trump não exercerão influência aqui no Brasil.
Alhos e bugalhos
É uma bobagem imaginar que o eleitorado brasileiro vai escolher a direita porque Trump ganhou nos Estados Unidos. Até porque ninguém sabe que reflexos a política econômica do novo presidente terá abaixo da linha do Equador.
Aniquilação
O que é uma realidade é que a direita está avançando no mundo inteiro. Trump nos EUA, Milei recentemente na Argentina, Georgia Meloni na Itália e tantos outros lugares. É sim um sentimento internacional. A esquerda caindo aos pedaços e a direita avançando.
Tripé
Simples assim. E Trump ganhou com essa vantagem toda porque conseguiu sensibilizar três frentes do eleitorado americano: o latino, o negro e o morador rural.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.