Entramos na semana derradeira às eleições de 6 de outubro. Em Santa Catarina, em jogo, 295 municípios. Seguramente, 292 terão seus prefeitos escolhidos no próximo domingo. Possibilidade de segundo turno apenas nas três maiores cidades.
Pela ordem, Joinville, Florianópolis e Blumenau. Tirando uma média das pesquisas internas divulgadas nas últimas semanas, é fácil concluir que, em Joinville, salvo algo muito inesperado, Adriano Silva, do Novo, será reeleito no primeiro turno.
Em Florianópolis, tendência também pela recondução do atual titular, Topázio Silveira Neto, do PSD, mas, evidentemente, já com sinalizações claras de que estará num partido do leque de alianças vinculados ao governo do Estado.
Por último, Blumenau. Ali há uma inclinação por eleição em dois turnos. Até porque, além de Egídio Ferrari, do PL, que lidera a corrida, temos outros dois candidatos com percentuais significativos.
Dupla
Odair Tramontin, do Novo, e Ana Paula Lima, do PT. Também pela média das pesquisas, a tendência seria Egídio contra Tramontin. Mas não dá para subestimar a força petista, mesmo que seja no médio Vale Itajaí, região mais bolsonarista do Brasil.
Vale
Muito bem, temos que apreciar o que sairá das urnas no próximo domingo, excluindo esses maiores municípios, ou apenas um, que não seja definido o pleito, no caso Blumenau.
Projeto 2026
Agora, a obrigação por um crescimento, por um desempenho mais favorável, é do PSD. Afinal de contas, o partido está numa situação em que não tem o governo do Estado. A máquina é pilotada por Jorginho Mello, do PL, e não tem o apoio de Jair Bolsonaro, principal eleitor de Santa Catarina. O PSD, além disso, desse desconforto histórico de estar longe do poder estadual, não dispõe de nome com amplitude estadual.
Caminho natural
Que é o caso do Jorginho Mello, que já disputou o Senado em 2018 e se elegeu governador em 2022. Quem que o PSD tem? João Rodrigues, que é o nome de Chapecó, mas está sendo reeleito pela segunda vez para um quarto mandato.
Regionalismo
É fundamental observar como ele vai se comportar, pelo menos na região Oeste. Vencerá em Chapecó, mas vai perder nos principais municípios do Grande Oeste, que reúne 95 cidades como Concórdia, Caçador, Joaçaba, Xanxerê, Videira, São Miguel do Oeste e daí por diante.
Território
O mesmo serve para Adriano Silva do Novo. Como será o resultado em São Francisco do Sul, Jaraguá do Sul, São Bento do Sul, Itapoá, Guaramirim, Mafra, Canoinhas, Rio Negrinho, Araquari? Isso influenciará para mostrar até que ponto esses dois nomes estarão em condições de enfrentar uma eleição estadual.
Polos
Mas, retornando ao PSD, tem também a eleição de Criciúma. Se o PSD ganhar em Criciúma e Chapecó, estará bem posicionado em dois municípios importantes, entre os maiores do estado. Estratégico, mas não decisivo para contrabalançar o fato de Jorginho Mello já ser um nome estadual, de ter a máquina do estado em suas mãos e ter o apoio de Jair Bolsonaro. E não será de outro.
Máfia
Tanto é que Bolsonaro já deixou claro a João Rodrigues, do PSD, do chefão Gilberto Kassab, considerado o grande mafioso das articulações políticas no Brasil.
É bem provável que João Rodrigues não tenha saída do seu PSD. Se não fizer esse movimento, vai disputar a eleição contra Jorginho, assim como outros quatro disputaram em 2022. Perderam. Estamos falando de Esperidião Amin, Carlos Moisés, Gean Loureiro e Odair Tramontin. Só pra ficar no campo da centro-direita.
Replay
E quem o PSD apoiou no União Brasil, Gean Loureiro, chegou em quarto. Se o PSD não der de lavada nos grandes e médios municípios, João Rodrigues tem tudo para repetir Gean Loureiro daqui a dois anos.
Amargura
Quarto lugar, atrás até do PT. Porque João Rodrigues é popular em Chapecó, é forte em Chapecó. Se ele ganhar em municípios importantes do Grande Oeste, até pode tentar buscar um terceiro lugar em 2026.
Telhadão
Caso contrário, a perspectiva é limitadíssima. Até porque o prefeito de Chapecó padece de vulnerabilidades mil. Não apenas sobre o aspecto político, mas também no contexto pessoal.
Ficha
Frequentador da Papuda, aonde dividiu cela com o Zé Dirceu. Refugiado no Paraguai para não ser preso, com imagens de algema em Guarulhos e outras coisitas mais.
Desafiante
Noves fora a peripécias de João Rodrigues, a obrigação maior de ganhar municípios de grande e médio porte é do PSD, um partido controverso, que gosta de estar no governo.
Convicção pra que
Tanto é que está no governo Lula, está no governo Tarcísio de Freitas e tantos outros governos. Os pessedistas, poderíamos dizer, são aqueles perseguidos pelo poder.
O fato político dessa semana foi a soltura do prefeito Clésio Salvaro, de Criciúma. Liberdade que veio através de um despacho da desembargadora Cinthia Bittencourt Schaefer. Sem dúvida nenhuma, algo que vai sacudir com a eleição mais acirrada e de resultado mais imprevisível em Santa Catarina e que se desenrola na Capital do Sul do estado.
Está em curso uma queda-de-braço entre duas grandes lideranças. Salvaro, pedindo por seu candidato, que foi colaborador no colegiado do prefeito, e Jair Bolsonaro, que esteve em Criciúma fazendo campanha por Ricardo Guidi, deputado federal, que merece, também, o respaldo do governador. Foi Jorginho Mello que patrocinou a sua filiação às fileiras liberais. Guidi era do PSD e foi atropelado na sua candidatura natural à prefeitura. Além de deputado federal, ele era presidente municipal do PSD.
Hoje existe uma situação única, sui generis, em Criciúma. O prefeito afastado retorna à cidade, mas não o reassumirá ao cargo. Continuará a prefeitura sob o comando do vice, Ricardo Fabris, do MDB. O emedebista, aliás, está muito mais próximo de Jorginho Mello do que propriamente do candidato do seu próprio partido.
Figuração
Pra quem não sabe, o MDB tem candidato no Sul, na figura de Paulo Ferrarezi. Inclusive, Ricardo Fabris trabalhou no sentido de que ele pudesse abrir mão da candidatura para fechar com o Ricardo Guidi.
Caminhos
Isso evidenciou que Ricardo Fabris, prefeito em exercício, e Clésio Salvaro, em liberdade, mas ainda afastado das funções, caminham em direções opostas.
Restrições
Agora é observar, pois as expectativas giram em torno dos desdobramentos da libertação de Salvaro. Ele tem medidas cautelares a obedecer. Além de não assumir a prefeitura, em tese não poderá fazer campanha. Mas na quinta à noite já foi recebido por Vaguinho e apoiadores em praça pública, num ato puramente eleitoral. Incertezas Considerando as medidas cautelares estabelecidas, como tornozeleira eletrônica e proibição de se aproximar da sede da prefeitura, a questão que fica no ar é a seguinte: se Salvaro não pode se aproximar dos demais investigados desta Operação, como poderá participar da campanha se um desses eventualmente lá estiver presente?
Incógnita
A grande questão é saber se o simples fato de o prefeito ter sido liberado vai reforçar o leve favoritismo que já detém o candidato Vaguinho? Ou pode beneficiar Ricardo Guidi?
Impacto
São dúvidas inevitáveis. Há três semanas, quando Clésio Salvaro foi preso, no mesmo momento, as curvas de tendência de votos nas pesquisas se cruzaram. Guidi despencou. Vaguinho disparou.
Reação
Ou seja, a prisão provocou um efeito favorável ao PSD e seu candidato. Uma parcela considerável do criciumense, do eleitorado, entendeu que estava sendo praticada uma injustiça na direção do prefeito afastado.
Versões
Agora, retornando, ele deixa de ser injustiçado, deixa de ser vítima? Ou ainda vai reforçar mais a posição de Vaguinho uma vez livre?
Caixa de ferramentas
Diante disso, a campanha de Guidi vai mostrar todas as situações que vulnerabilizam Salvaro e que motivaram a sua prisão, determinada com base em seu suposto envolvimento nas licitações fraudulentas do setor funerário.
Últimos lances
Haveria munição suficiente contra o prefeito para fazer com que Guidi retome a liderança nesta reta final de campanha? E os efeitos da passagem de Bolsonaro? Enfim, a situação é absolutamente imprevisível em Criciúma. Até porque nenhuma pesquisa parece ter captado, de fato, o que se passa na cabeça da esmagadora maioria dos criciumenses.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.