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Conexão entre Jorginho e Bolsonaro

Por Cláudio Prisco Paraíso
02/07/2025 - 08h29

Nenhum político de Santa Catarina hoje tem tamanha liberdade, intimidade e aproximação com Jair Bolsonaro quanto Jorginho Mello. Algo que ele conquistou com anos de convivência.

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Afinal, o catarinense chegou em Brasília como senador em 2019, pelo PL — partido que, na sequência, foi a opção de Bolsonaro — com quem o atual governador já havia convivido na Câmara dos Deputados.

Diante da investidura à frente da administração estadual e da derrota de Bolsonaro, essa convivência, esse entrosamento, acabou ganhando requintes de uma amizade com comprometimento recíproco.

Tanto é que, devido ao quadro de proximidade, Jorginho Mello ficou sem condições de dizer “não” a Jair Bolsonaro. Principalmente quando foi sondado sobre a transferência de domicílio eleitoral do filho Carlos para Santa Catarina, para concorrer ao Senado.

Filme antigo

Lembrando que, em 2022, a indicação recaiu sobre Jorge Seif, que foi secretário da Pesca de Bolsonaro. Ele é considerado o 06, tamanha a ligação com o ex-presidente. E se elegeu com um milhão e meio de votos.
Isso é passado.

Nova versão

Estamos caminhando, portanto, para a segunda eleição consecutiva em que Bolsonaro lança um nome ao Senado em SC. Desta vez, Carluxo, há 20 anos vereador pelo Rio de Janeiro.

Seif não tinha antecedentes eleitorais. Nasceu no Rio, mas mantém atividade empresarial na província desde o fim dos anos 1990.

Ligação

Ou seja, Seif tem longa relação com o estado. Carlos Bolsonaro, por outro lado, não tem nenhuma conexão real com Santa Catarina.

Jair Bolsonaro está se prevalecendo daquilo que ficou claro nas urnas nas duas últimas eleições: o apreço do eleitor catarinense por ele.

Mas esse mesmo eleitor, essencialmente conservador e bolsonarista, pode estar começando a achar que o jogo está passando do limite.

Fora da urna

Outro ponto importante: Jair Bolsonaro não estará na urna em 2026, como ocorreu em 2018 e 2022 — quando teve votações arrasadoras em SC.

Goleadas

Em 2018, no segundo turno, fez quase 76% dos votos contra Fernando Haddad. Em 2022, quase 70% contra Lula.
Estamos falando de um ex-presidente de dois mandatos com forte capital político — mas mesmo assim Bolsonaro lhe aplicou uma surra.

Anfitrião

Agora, Jorginho Mello, que nesta semana recebe Bolsonaro e Michelle — sexta-feira em Balneário Camboriú e sábado em São José — está escalando aliados de confiança para mandar recados a Brasília.

Assim não

A manifestação de segunda-feira do deputado federal Jorge Goetten, eleito pelo PL e que Jorginho articulou a transferência para o Republicanos, foi claríssima.

Disse que não é uma boa ideia trazer o 02 para o estado.
Segundo ele, isso poderá tirar Carol De Toni da chapa majoritária — o que seria um erro político enorme.

Federados

Goetten também alertou: Jorginho terá que entregar uma das vagas para a federação União Progressista, representada por Esperidião Amin.

Caso contrário, essa federação pode migrar para o projeto de João Rodrigues (PSD).
Além disso, o MDB precisa ser mantido próximo, provavelmente com a oferta da vaga de vice.

Jogo de cena

Respeita-se o posicionamento de Jorge Goetten. Mas, no caso de Carol De Toni, é absolutamente improvável que ela não esteja na chapa majoritária. Ficou claro que a movimentação tem digitais do Centro Administrativo, e tem como objetivo pressionar Bolsonaro para que reflita melhor sobre essa ideia maluca de lançar Carlos ao Senado por SC.

Conclusão

Líquido e certo mesmo é que muita água ainda vai passar por debaixo dessa ponte.

O cálculo de Bolsonaro

Por Cláudio Prisco Paraíso
01/07/2025 - 08h35

Mais uma manifestação na Avenida Paulista. Como já era previsível, reuniu um número significativo de pessoas, mas muito aquém daquelas mobilizações tradicionais de anos passados.

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Seja em Copacabana ou na própria capital paulista. Isso já era esperado — mas talvez tenha sido um movimento calculado por Jair Bolsonaro. Afinal de contas, ele focou muito o pronunciamento na questão dos julgados e condenados do 8 de janeiro.

Uma forma de tentar neutralizar, mesmo que parcialmente, o comportamento bisonho que teve durante o interrogatório conduzido por Alexandre de Moraes. Ficou muito feio. Feio para ele como político, e pior ainda diante daqueles que estão presos por defender sua permanência no poder.

Motivação

A manifestação pode ter sido também uma tentativa de reparar a péssima imagem que deixou no depoimento ao STF — quando apareceu rindo, fazendo brincadeirinhas com o ministro Alexandre de Moraes. Uma atitude que passou covardia. Bolsonaro amarelou.

Território

No cenário estadual, chamou atenção a presença de Carlos Bolsonaro, ausente das últimas mobilizações. Lá estava ele, ao lado do pai, que fez questão de destacá-lo: Disse que sua eleição à Presidência, em 2018, só foi possível graças ao trabalho de Carluxo nas redes sociais — seu cérebro de campanha, segundo o próprio Bolsonaro.

Prole

Ao final do discurso, puxou também Jair Renan, vereador em Balneário Camboriú, ficando entre Carluxo e o 04. Flávio Bolsonaro, o primogênito senador, ficou um pouco mais atrás.
A imagem gerada parecia intencional. Uma possível mensagem a Santa Catarina: "aqui estão meus dois filhos — um vai para a Câmara Federal, outro para o Senado".

Lustro

Mas também pode ter sido uma pista de que Carlos Bolsonaro substituirá Eduardo Bolsonaro em São Paulo, já que este segue em autoexílio nos Estados Unidos e dificilmente disputará as eleições.

Vaga

Carlos poderia, portanto, concorrer em São Paulo, em vez de Santa Catarina. Isso, claro, se estiver elegível.

Governador

Jorginho Mello, governador catarinense, marcou presença na manifestação da Paulista, como sempre faz, reforçando sua proximidade com Bolsonaro. O ex-presidente, inclusive, vem reclamando que Carlos “vem levando muita pancada” em SC. Mas ninguém está atacando Carlos — o problema é o movimento forçado para lançá-lo ao Senado por um estado que ele não conhece.

Contexto

As críticas não são pessoais. A bronca é com a tentativa de transferir um vereador carioca para o Senado catarinense. Um movimento artificial, sem enraizamento local.

Ilustre desconhecido

Carlos Bolsonaro sabe onde fica o maior município de Santa Catarina? Será que ele sabe que não é a capital? Joinville é o maior município catarinense — e muitos fora do estado não sabem disso. Será que ele saberia apontar Joinville no mapa? No Sul, no Norte ou no Vale do Itajaí?
Conhece os gargalos da infraestrutura? As necessidades reais do estado?

Natural

É legítimo o questionamento sobre o autoritarismo político de Jair Bolsonaro em Santa Catarina. A ideia de que pode enfiar candidaturas goela abaixo do eleitorado local é inaceitável.

Experimento

Santa Catarina não é laboratório de experiências de Bolsonaro. Em 2022, ele impôs Jorge Seif — e funcionou. Mas 2026 pode ser bem diferente. É bom abrir o olho, Jair Bolsonaro.

Cláudio Prisco Paraíso

Blog do Prisco

Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.

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