Seria desespero? Excesso de autoconfiança? Falta de dar ouvidos a pessoas próximas? Falta de assessoria? Ou tudo isso somado?
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O fato é que ninguém entendeu bem um vídeo publicado pelo prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), em pleno domingo de manhã frio e chuvoso em boa parte do estado.
Na peça, João ataca jornalistas, inclusive o titular deste blog.
Primeiro, mostra despreparo ante a críticas e questionamentos legítimos aos quais todos os agentes públicos estão sujeitos.
Seria de bom tom o pessedista fazer, urgentemente, uma imersão em mídia training. Pra quem pretende ser governador, João está com a pelezinha fininha, muito fina.
Segundo. Em sua manifestação, João Verdade passa dois recibos: o primeiro está no vídeo abaixo, editado em cima da publicação do alcaide, na qual, aliás, ele tenta parecer uma freira carmelita injustiçada pelo sistema canhoto-corrupto.
Menos, João. Nesse jogo não há vestais. Ele se deu muito mal ao tentar pegar carona na perseguição que o STF, Lula e os camaradas aprofundam contra a direita e contra bolsonaristas.
Ocorre que João foi preso por fraude em licitação e não por combater essa vergonheira que está aí.
Terceiro, no vídeo original, o prefeito confirma que verbas da Prefeitura de Chapecó foram destinadas a uma rádio gaúcha de propriedade de suas filhas.
Tentando tirar o corpo fora, João culpou a agência de publicidade e disse que o valor foi baixo. Nem a Velhinha de Taubaté engole essa conversa mole.
Bem se vê que o estilo petista-comunista parece entranhado no pessedista.
Nem Lula armaria tão bem esse circo, dando um belíssimo tiro no pé.
Ainda deve ser a influência que Zé Dirceu exerceu sobre João Rodrigues quando dividiram cela na Papuda, na década passada.
Até as eleições de 2018, quem era Jair Bolsonaro em Santa Catarina? O que ele representava para o eleitorado catarinense? Absolutamente nada. Era um deputado de quinto ou sexto mandato, carioca, do baixo clero.
Mas teve a virtude de encarnar o sentimento antipetista, justamente quando Lula da Silva estava preso e toda a corriola do PT e da esquerda emparedada por práticas de corrupção e suas consequentes condenações.
Não se pode esquecer que Geraldo Alckmin, hoje vice de Lula, quando era do PSDB, tentou assumir esse papel de anti-Lula. Mas o paulista virou socialista, virou a casaca. Teve uma votação irrisória, patética, e foi Bolsonaro quem se elegeu, derrotando o poste Fernando Haddad.
Descobrimento
O que chamou atenção na eleição de Bolsonaro foi a votação em Santa Catarina. Considerando todos os estados, foi aqui que ele teve a maior votação proporcional do país. No segundo turno só perdeu para o pequenino Acre, lá no Norte.
Foi ali que o Brasil descobriu, e Santa Catarina também, que Bolsonaro havia caído nas graças dos catarinenses. A onda elegeu um governador e uma vice — Carlos Moisés e Daniela Reinehr — ambos ilustres desconhecidos. De quebra, por 18 mil votos, Lucas Esmeraldino quase se elegeu senador.
Parlamento
Além disso, foram eleitos seis deputados estaduais e quatro federais. Foram 12 mandatos no total — por pouco não foram 13, já que Jorginho Mello conseguiu a segunda vaga ao Senado, ficando a primeira com Esperidião Amin.
De costas
Apesar dessa realidade, Bolsonaro presidente não deu bola para Santa Catarina. Não atendeu as demandas do estado, tratou muito mal as reivindicações locais. Só vinha para carreata, motosseata, férias ou reuniões com a PRF.
Replay
Mesmo com esse descaso, em 2022, Bolsonaro teve outra votação consagradora. Não chegou aos 75% de 2018, mas praticamente bateu os 70% — agora contra Lula da Silva.
Foram eleitos 11 deputados estaduais, seis federais, o senador Jorge Seif, além do governador Jorginho Mello e da vice Marilisa Boehm. Mais uma vez.
Ali adiante
Agora, em 2026, Bolsonaro parece acreditar que pode indicar quem quiser em Santa Catarina. Jorge Seif, carioca com empresas no estado, foi eleito senador. É considerado o “06”, uma espécie de filho adotivo do ex-presidente.
Laços de sangue
Agora, Bolsonaro quer mais: lançar o próprio filho, Carlos Bolsonaro, vereador carioca de cinco mandatos, ao Senado por Santa Catarina. Observem o atrevimento, a petulância e o desrespeito para com o eleitorado catarinense e suas lideranças.
Risco total
Pode ser que ele consiga eleger o filho e que isso não afete a reeleição de Jorginho Mello. Mas é, sem dúvida, uma operação de altíssimo risco.
Se esse movimento for mal recebido, o naufrágio pode ser duplo. Só uma boa pesquisa, feita por instituto sério e independente, poderá antecipar os impactos reais desse tipo de jogada no eleitorado catarinense.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.