Como não poderia ser diferente, continua repercutindo a manifestação do prefeito reeleito Adriano Silva (Novo), na última quinta-feira em Joinville, diante de micro e pequenos empresários. A declaração, por si só, foi definitiva, deixou muito claro que ele está com o Jorginho Mello, numa sinalização categórica, peremptória, com vistas ao pleito de 2026.
Se pararmos para apreciar a importância dessa declaração, de voto e de engajamento, na campanha de Jorginho Mello, poderemos concluir que, além de prefeito da maior cidade catarinense, do maior PIB do Estado, nós estamos falando, evidentemente, do maior colégio eleitoral, e que já elegeu dois governadores em três mandatos.
Na segunda metade da década de 1980, com Pedro Ivo Campos, e depois, no início do novo milênio, com Luiz Henrique da Silveira, eleito e reeleito.
E claro, tratando-se de um eleitorado de quase 400 mil eleitores, não dá para desprezar. Constitui-se no principal fato político desse início de ano, indiscutivelmente.
Mas vamos também dar uma apreciada no panorama dos treze maiores municípios catarinenses, aqueles que alcançaram a casa dos três dígitos, dos cem mil eleitores.
Fatia
Jorginho Mello conta com o apoio de nove dos treze. Os outros quatro, pela ordem de eleitorado, São José, Chapecó, Criciúma e Balneário Camboriú, são administrados pelo PSD. Ao natural, vão estar com a pré-candidatura, já lançada e que será formalizada no próximo dia 22 de março, em Chapecó, do prefeito João Rodrigues.
Nome e legenda
Alguém pode argumentar que temos um quinto município do PSD neste contexto, pilotado por Topázio Silveira Neto, de Florianópolis, a Capital.
Mas, ele já deixou claro que sustenta uma aliança do seu partido com o PL, porque já está comprometido com o projeto de recondução de Jorginho Mello.
Tripé
Então, o governador, com essa declaração de Adriano Silva, conta com o apoio dos três maiores municípios catarinenses, os únicos com direito à eleição em dois turnos, porque contam com mais de 200 mil eleitores: Joinville, Florianópolis e Blumenau.
Respaldo
E além desses três, Adriano Silva, Topázio Silveira Neto e Egídio Ferrari, este do PL.
Há, ainda, o prefeito de Itajaí, Robison Coelho, liberal; o de Palhoça, Eduardo Freccia, que se reelegeu filiado ao PL; a mandatária de Lages, Carmen Zanotto, que é muito próxima a Jorginho.
Migração
Filiada ao Cidadania, Carmen deve migrar ou para o PL ou para um partido que faz parte do guarda-chuva controlado por Jorginho Mello. Carmen foi sua secretária da Saúde na primeira metade do governo.
Norte
Depois temos Jaraguá do Sul, o também reeleito empresário Jair Franzner, do MDB, partido cuja tendência é estar no governo.
Dupla
Jorginho Mello, em 2026, além de contar com a máquina estadual, será respaldado por essas importantes lideranças. E ainda, com os prefeitos de Brusque, André Vechi, e de Tubarão, Estêner Soratto. Os dois liberais.
Escorregões
Então, a situação, apesar de algumas articulações erráticas e algumas declarações equivocadas, ainda é muito confortável para Jorginho Melo, que preside o PL de Santa Catarina com 90 prefeitos. Até outubro de 2026, esse número tem tudo para passar dos cem.
Sem falar naqueles outros prefeitos que, mesmo não vindo, vão respaldá-lo.
Indiscutivelmente, a notícia política da semana passada em Santa Catarina foi a declaração do prefeito reeleito de Joinville, Adriano Silva (Novo), em evento com empresários, diante do próprio governador, quando disse, muito claramente, que estaria junto com Jorginho Mello.
O prefeito ressaltou que os dois são parceiros no contexto administrativo e institucional. Adriano Silva, registre-se, não veio a público fazer nenhuma retificação da sua manifestação.
Alguns integrantes do Novo, inclusive o presidente nacional, que é catarinense, apareceram aqui e ali com colocações no sentido de que o Novo é um partido diferente, segue uma orientação pré-estabelecida e tudo o mais.
Mas a grande verdade é que essa declaração não deixou dúvidas de que a intenção, na pior das hipóteses, de Adriano é estar na reeleição de Jorginho Mello.
Namoro
O governador, aliás, havia convidado Adriano Silva para concorrer à reeleição pelo PL em 2022. Ele declinou. Neste contexto, o governador mudou a proposta: “você fica no Novo, mas o vice é do PL.” Algo que acabou ocorrendo na Capital, com Topázio Silveira Neto, também reeleito no primeiro turno, mas pelo PSD, só que uma margem praticamente 20% menor do que a do joinvilense.
Articulação
O que se observa no tabuleiro pré-eleitoral neste momento? Jorginho Mello se articulou. Por mais que o Novo seja um partido diferenciado e com práticas internas diferentes, o governador catarinense tem Romeu Zema como seu colega.
Colegiado
Eles fazem parte do consórcio Sul e Sudeste e estão sempre interagindo. Não resta a menor dúvida que, além dessa articulação, de fora para dentro, o principal foram as conversas entre Jorginho e Adriano. Afinal de contas, o prefeito de Joinville é uma grata revelação da política, um jovem empresário bem-sucedido que se elegeu prefeito pelos seus próprios méritos.
Tratoraço
E a reeleição veio pela sua eficiente gestão, inquestionável. Sargento Lima foi lançado candidato contra Adriano, mas Jorginho Mello, se esteve em Joinville duas ou três vezes, o fez de forma absolutamente discreta. E Jair Bolsonaro não compareceu durante a campanha no maior e principal município catarinense.
Sinalizando
Isso tudo são sinais nas entrelinhas, que foram dados no passado recente. E aí vem, naturalmente, uma especulação pertinente. Ora, quem garante que daqui a pouco Jorginho Mello não acenou com uma vaga na majoritária para o Novo?
Nome
Talvez o espaço tenha sido franqueado para o próprio Adriano, embora ele diga que vai completar o mandato, o segundo. Mas se não for ele o nome em 2026, a vaga poderá ser para alguém indicado por ele, numa candidatura ao Senado ou à vice.
Perspectivas
Vale lembrar que o pleito majoritário do ano que vem terá quatro posições. Uma única está preenchida, que é a cabeça de chapa com o próprio Jorginho Mello.
Percentual
Ora, o Novo e Adriano Silva sabem perfeitamente que a média de reeleição para candidatos à presidência, aos governos e às prefeituras é de 80%. Então, uma vez que Jorginho Mello seja reeleito, se alguém do Novo, indicado por Adriano ou o próprio Adriano, estiver na chapa, por exemplo, ao Senado ou mesmo à vice, poderia receber o apoio do governador lá na sua sucessão em 2030.
Água fria
Com esse movimento, Jorginho Mello dá um chega para lá em outros partidos que poderiam se candidatar a um projeto futuro de sucessão, lá em 2030, e traz consigo partidos indispensáveis. Essa semana terá definição do MDB, que muito provavelmente vai continuar com o Jorginho, assim como o PP. Então, acabam muito restritas as alternativas de aliança do outro lado.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.