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Crise em viagem constante

Por Cláudio Prisco Paraíso
20/06/2025 - 08h11

Era meados da década de 1980, quando da investidura de Zé Sarney na Presidência da República.

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Nos dois, três primeiros meses, ele estava no cargo como interino, afinal, Tancredo Neves convalescia depois de uma sequência de cirurgias e veio a falecer em 21 de abril, quando Sarney foi confirmado no cargo.
E lá ficou por cinco anos.

Fernando Henrique Cardoso, à época senador por São Paulo, cunhou uma frase célebre, muito badalada, que dizia aos veículos de comunicação: “A crise viajou.”
Referia-se, claro, ao presidente, que teve que conviver, num determinado momento — na reta final do seu governo, antes das eleições de Fernando Collor e da transmissão da máquina federal ao representante de Alagoas — com uma inflação que chegou a 80% ao mês.

Lucidez

Hoje, Zé Sarney, lúcido e com boa saúde, está com 95 anos.
Fernando Henrique Cardoso, verdade seja dita, está fora de circulação. Parece um tanto abalado e comprometido no aspecto cognitivo, aos 94 anos.

Turismo

Lula não para de viajar.
Em dois anos e meio de governo — portanto, 30 meses —, quatro deles, ou seja, 120 dias, ele passou fora do país.
Em viagens internacionais, o ídolo vermelho completou 50 incursões, com essa agora para o G7, no Canadá.

Bolada

Coincidentemente, nesse período, só com transporte aéreo e hospedagens em luxuosas suítes, foram despendidos R$ 50 milhões.
Do meu, do seu, do nosso bolso.

Repeteco

Dá o que pensar. Será que outra liderança poderia se apropriar da frase de FHC?
“A crise viajou.”
Só que, agora, ela viaja, mas os problemas continuam aqui — exatamente como aconteceu com Zé Sarney.

Em sequência

Veja que o líder esquerdista voltou de uma viagem de uma semana à França, ficou menos de quatro ou cinco dias no Brasil, e rumou para o Canadá.
Com um detalhe: enquanto ele se deslocava para o país da América do Norte, a Câmara dos Deputados se reunia para aprovar o regime de urgência relativo à criação de impostos, particularmente o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

Revés

Ocorre que o governo não conseguiu sensibilizar a Câmara dos Deputados, e resolveu enfiar goela abaixo, editando medidas provisórias.
Houve reação imediata da Câmara, na figura do próprio presidente Hugo Motta.

Cara de paisagem

Quando Lula viajou, sabia da votação.
Motta até assumiu o compromisso de não colocar em votação o mérito, mas votaria o regime de urgência — que, uma vez aprovado, dispensa tramitação nas comissões.
A qualquer momento, o plenário pode se reunir para derrubar, naturalmente, as medidas provisórias com majoração de impostos.

João bobo

Mesmo sabendo disso, Lula viajou e fez um belíssimo papel de bobo da corte ante os holofotes internacionais.
Seus ministros estratégicos sequer estavam em Brasília.

Bem longe

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, correu para São Paulo.
O da Casa Civil, Rui Costa, viajou para sua terrinha natal, a Bahia.
Ou seja: existe uma desarticulação absoluta do governo, dando a sensação de que é uma gestão já em modo “apagar das luzes”.
Ou seja: o próprio desgoverno.

Lavada

Na aprovação do regime de urgência, por 346 votos dos 513 deputados, tivemos uma votação expressiva contra o governo.
Desses 346 votos, uma grande quantidade veio de bancadas partidárias hoje representadas na Esplanada dos Ministérios.
Com 11 ministros. Dessas bancadas, 65% dos deputados votaram a favor do regime de urgência.

Fim da linha

Ou seja, o governo Lula está para lá de Bagdá.
A impressão que se tem é que não há mais esperança de reversão do quadro delicadíssimo sob os aspectos econômico e financeiro.

O indiciamento e a candidatura ao Senado

Por Cláudio Prisco Paraíso
19/06/2025 - 11h26

Nesta terça-feira, a Polícia Federal concluiu o inquérito batizado de Abin Paralela, pedindo o indiciamento de três dezenas de personalidades, com destaque, evidentemente, para o vereador do PL pelo Rio, Carlos Bolsonaro.

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A acusação é de que eles teriam se utilizado da Agência Brasileira de Inteligência, no governo Bolsonaro, para espionar, de forma ilegal, adversários políticos.
Claro que temos que dar um desconto para a PF, que não é mais a mesma — hoje encontra-se devidamente amordaçada e funcionando de acordo com os interesses do consórcio Planalto-Supremo.

Mas, mesmo assim, esse indiciamento é um ingrediente a mais no contexto das especulações de que Carluxo, há 20 anos vereador carioca, o 02 de Jair Bolsonaro, poderia vir a transferir o domicílio eleitoral para Santa Catarina, concorrendo ao Senado.
Antes de mais nada, é preciso que fique estabelecido, à luz do dia e com muita clareza, que o estado catarinense é um dos mais politizados do país.

Ondas

Nas últimas duas eleições, com Bolsonaro como candidato, Santa Catarina lhe proporcionou duas vitórias esmagadoras — proporcionalmente as mais expressivas entre os dez maiores colégios eleitorais dos 26 estados e do Distrito Federal.

Raiz

De colonização tipicamente europeia, com destaque para italianos, alemães e portugueses, Santa Catarina adotou Jair Bolsonaro.
Diante disso, já em 2022 — e aí considerando o resultado inesperado de 2018 —, na eleição seguinte ele já enfiou o 06, uma espécie de filho adotivo, Jorge Seif, para concorrer ao Senado. E ele se elegeu com mais de um milhão e meio de votos.
Agora, ao que parece, mesmo não sendo candidato, Bolsonaro deseja empurrar outro nome goela abaixo.

Carioquices

Seif nasceu no Rio de Janeiro, mas tem negócios em Santa Catarina.
Qual é o conhecimento que Carlos Bolsonaro tem sobre os desafios e os problemas catarinenses?
Simplesmente nenhum. O ex-presidente está desejando lançá-lo aqui para poder eleger o maior número de senadores no país — a começar por integrantes da própria família: Flávio buscará a reeleição no Rio de Janeiro; Eduardo Bolsonaro, saindo da Câmara, tentará o Senado por São Paulo; Michelle Bolsonaro, pelo Distrito Federal; Carlos Bolsonaro, por Santa Catarina.

Bordel

Então aqui virou a casa da mãe Joana?
É bom ir devagar porque o santo é de barro. Não é bem assim.
Uma coisa é o catarinense respaldar Bolsonaro; outra coisa é imaginar que ele pode inventar a roda em Santa Catarina, que dispõe de várias lideranças próprias para eleger ao Senado — e cujo eleitorado precisa ser respeitado.
Um pouco de prudência não faz mal a ninguém.

Incógnita

O articulista tem sérias dúvidas se Jair Bolsonaro efetivamente levará às últimas consequências essa candidatura — ou, melhor dizendo, pré-candidatura — do filho Carlos ao Senado em Santa Catarina.

Além do risco severo de reação popular, quem também pode acabar prejudicado e enfraquecido eleitoralmente é o próprio governador Jorginho Mello, candidato à reeleição.

Cláudio Prisco Paraíso

Blog do Prisco

Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.

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