1994. Foi o ano da eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República, embalado pelo sucesso do Plano Real. Assim que assumiu, FHC iniciou a mobilização, transformando o Congresso em um verdadeiro balcão de negócios, para viabilizar a emenda, da reeleição dele em 1998, que acabou se concretizando.
Só que em 1994 foi o primeiro ano em que passaram a valer eleições em dois turnos no âmbito estadual. Em 1982, 1986 e 1990, as eleições de Esperidião Amin, Pedro Ivo Campos e Vilson Kleinübing ocorreram em turno único.
A partir de 1994, já houve, no primeiro embate, eleições em dois turnos, com Angela Amin e Paulo Afonso Vieira. Quatro anos depois, em 1998, tentando a reeleição, Paulo Afonso foi derrotado por Esperidião Amin no primeiro turno.
Ele abriu quase um milhão de frente. Então, o mesmo que havia derrotado a sua mulher, foi vencido por ele quatro anos depois.
Nas alturas
Em 2002, Esperidião Amin apresentava nível de aceitação de sua gestão e também de intenção de voto na casa dos 65 pontos percentuais.
Azarão
Luiz Henrique da Silveira aparecia abaixo de dois dígitos, mas tivemos a onda vermelha, que culminou, na quarta tentativa, na eleição de Lula da Silva, e isso fez com que a votação não apenas de LHS, mas como também a de José Fritsch, fosse potencializada, impulsionada.
Fora da curva
A tendência natural seria que Esperidião repetisse 1998 e ganhasse no primeiro turno. Mas, Luiz Henrique acabou pegando uma carona, também, na onda vermelha, que permitiu que José Fritsch, correligionário de Lula, registrasse uma importante votação. E aí a eleição foi para o segundo turno.
Timing
Eleição de segundo turno, costumamos dizer, é uma nova eleição. Luiz Henrique ficou com a segunda vaga, com uma vantagem de três pontos percentuais em relação a José Fritsch.
Surfando
Então, o que ocorreria com Fritsch ocorreu com LHS, que Lula co-apoiou na disputa do segundo turno durante o embate presidencial com José Serra.
Batendo asas
O tucano ficou com o Esperidião Amin no primeiro turno, o que frustrou Luiz Henrique, e ainda no primeiro turno, o então candidato ao Senado, Casildo Maldaner, já havia declarado apoio a Lula, e aí o caminho ficou aberto.
Raspando
Por apenas 20 mil votos, Luiz Henrique derrotou o Esperidião Amin e foi para 2006 novamente contra ele, com todas as chances de ganhar no primeiro turno.
Pedras no caminho
Mas uma série de percalços administrativos, políticos e partidários, acabaram o impedindo, mas ele prevaleceu no segundo turno contra o próprio Esperidião Amin. Já em 2010, assim como em 2014, Raimundo Colombo elegeu-se e reelegeu-se, em ambos os casos, no primeiro turno, assim como o Esperidião em 1998.
Desconhecido
Depois, em 2018, Moisés foi para o segundo turno com Gelson Merisio. Ficou atrás dele por uma pequena margem, e virou eleição.
Direita
Em 2022, foram para o segundo turno Jorginho Mello e Décio Lima. Com Bolsonaro de dono do pedaço, Jorginho Mello fez mais de 70% dos votos e se elegeu governador.
Então, temos um certo equilíbrio entre eleição no primeiro turno ou disputa no segundo turno em Santa Catarina. As atenções agora convergem para 2026.
O deputado federal Carlos Chiodini, desde que assumiu a Secretaria de Agricultura e Pecuária, tem afirmado que a tendência natural é que o MDB se coligue com o projeto de reeleição de Jorginho Mello com vistas ao pleito de 2026. Vale lembrar que Chiodini, deputado federal, continua à frente do partido em Santa Catarina.
E ele, também, frequentemente relembra as situações pretéritas e mais recentes envolvendo a agremiação. Em 2018, o partido foi de candidato próprio com o então deputado federal Mauro Mariani, apoiado por Chiodini. Mas a definição ocorreu na undécima hora, porque o então governador, em mandato-tampão, o emedebista Eduardo Pinho Moreira, fez de tudo para inviabilizar Mariani como candidato.
E deu no que deu. Mariani ficou fora do segundo turno. Gelson Merisio carimbou passaporte e acabou fazendo companhia a Carlos Moisés, que só foi para a grande final e se elegeu graças ao PSL, o 17, de Jair Bolsonaro. Naquele pleito, o hoje liberal elegeu-se presidente e aqui em Santa Catarina, no segundo turno, fez quase 76% dos votos.
Sequência
Transcorridos quatro anos, o MDB se preparou para uma candidatura própria. A expectativa era retomar aquilo que se constituiu em algo consagrado em Santa Catarina no contexto eleitoral, que é a presença do maior partido no segundo turno ou disputando o governo quando tínhamos eleição de turno único.
História
Vale relembrar que Jaison Barreto disputou contra Esperidião Amin, em 1982, e acabou perdendo por 12,5 mil votos. Depois, na sequência, em 1986, Pedro Ivo Campos foi eleito governador contra Vilson Kleinübing. Em 1990, Kleinübing suplantou Paulo Afonso Vieira, que veio a se eleger quatro anos depois, em 1994.
O retorno
Em 1998, Esperidião Amin derrotou Paulo Afonso Vieira. Em 2002, foi derrotado por Luiz Henrique da Silveira, que se reelegeu contra o próprio Amin em 2006. Em 2010, o MDB não lançou candidato. Apoiou Raimundo Colombo, então alistado no PFL, indicando Eduardo Moreira de vice. Foi assim, também, em 2014. Ambas as eleições sob o aval e o comando de Luiz Henrique da Silveira.
Recente
Em 2018, foi o ponto fora da curva. E foi justamente em 2022 que o MDB puxou o tapete de Antídio Lunelli, que correu o estado para ser o candidato natural ao governo. Mas, uma parcela majoritária do MDB resolveu compor com Carlos Moisés, indicando Udo Dohler, ex-prefeito de Joinville, para vice do então governador. E mais uma vez o MDB ficou fora de segundo turno.
Visão
Por isso, Carlos Chiodini coloca o seguinte: não dá para deixar o fechamento, os encaminhamentos definitivos para a última hora. O MDB não pode novamente morrer na praia. Por isso, que com a presença agora mais efetiva do partido no governo Jorginho Mello, ocupando três secretarias e posições de segundo escalão, ele entende que, ao natural, o MDB estará no projeto de recondução do atual governador, possivelmente indicando o vice na chapa ao governo.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.