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Mangas arregaçadas

Por Cláudio Prisco Paraíso
14/05/2024 - 08h29.Atualizada em 14/05/2024 - 08h30

A sociedade civil organizada está de parabéns. O brasileiro está dando uma demonstração de desprendimento, de comprometimento e de solidariedade, bem como de fraternidade aos nossos irmãos vizinhos do Rio Grande do Sul. É um espetáculo que enche o coração e alimenta a alma. Não há a menor dúvida.

Não é apenas o poder público, os governos estaduais, as prefeituras espalhadas por todo o território nacional, mas também as federações empresariais, as entidades representativas, tanto no contexto classista quanto no comunitário. É algo que engrandece o ser humano.
Mas vai além. Chega às iniciativas familiares e individuais. Quantas pessoas se voluntariam?

Não vamos falar de São Paulo para cima, mas paulistas, paranaenses, catarinenses pegaram o seu carro, rebocaram os jet-skis, canoas e foram para o Rio Grande. Sem previsão de retorno.

É algo que comove, que sensibiliza, que mostra bem o espírito do brasileiro.
Entretanto, não é o momento de responsabilizar quem quer que seja, porque a prioridade agora é socorrer o Rio Grande do Sul, os nossos vizinhos e irmãos.

Mas não está dando para entender o comportamento do governo federal.

Nunca antes

Não há previsão ainda das águas baixarem, até porque as chuvas foram retomadas com frio, o que agrava a situação.
Mas estamos falando de 93 mil famílias que deixaram suas residências. Estamos falando de quase 400 mil gaúchos que estão abrigados em ginásios, em áreas que os recebem momentaneamente. É algo temporário. Infelizmente, não é possível dizer se até o final do mês as águas vão baixar.

Sem previsão

Se as casas foram destruídas - e já se fala em 40 mil - que precisariam ser recuperadas ou reconstruídas, portanto, metade das 93 mil famílias que deixaram os seus lares simplesmente não têm para onde ir.
Quanto tempo o Rio Grande do Sul, que é a quinta economia do país, vai precisar para se reerguer? Essa hecatombe vai produzir e provocar desdobramentos nacionais severos e prejuízos importantes.

Receita zerada

Esqueçamos, no entanto, o Brasil. Vamos ficar só no Rio Grande.
Vai despencar a arrecadação do estado vizinho. Haverá uma quebradeira de empresas, o que significa desemprego em massa.

Conversa mole

E não se vê nenhum movimento do governo central. Falaram ali em R$ 50 bilhões, mas são operações de crédito, portanto, empréstimos e ainda antecipação de recursos que o estado tem direito. Os gaúchos e o Brasil querem saber o que efetivamente a União vai fazer. Qual é o planejamento do governo?

Sem chance

Não dá mais para pensar que as prefeituras e o governo do estado vão encontrar soluções, considerando a concentração financeira da Federação em Brasília, onde estão mais de 60% dos recursos. O país tem 27 estados e mais de 5,5 mil municípios. Estes últimos, que é onde o cidadão efetivamente vive, recebem menos de 15% dos impostos.

Janela

É fundamental que o governo federal esteja aberto para negociar com os prefeitos e com o governador Eduardo Leite uma solução, encaminhamentos concretos e objetivos. Estão esperando o quê? Trata-se de uma operação de guerra. E quantos homens foram enviados ao Rio Grande do Sul?

Asco

Já registramos aqui o contingente da Força Nacional de Segurança e das Forças Armadas. São pelo menos 400 mil homens na ativa. Quantos foram mandados para o Rio Grande? Fala-se entre quatro e cinco mil.

Brincadeira

O que é isso? Estamos falando de 1% do efetivo. Ora, eles são treinados, custam caro para o país. Num momento desses teriam que ser deslocados para ajudar a sociedade civil. Não só na recuperação, na reconstrução, mas para dar segurança ao gaúcho, para recuperar e ainda salvar vidas.

Sem palavras

A inércia, a estagnação federal é algo incompreensível. Não se quer aqui responsabilizar ninguém, mas urge que haja agilidade, competência, sensibilidade, que é o que está faltando ao governo federal.

Sangue quente

O quadro já está gerando indignação. Não apenas no gaúcho, desesperado, desapontado, indignado, angustiado, mas também em todos os brasileiros de bem. Nós hoje não temos governo, essa que é a grande verdade.

Mobilização Minguante do PT

Por Cláudio Prisco Paraíso
11/05/2024 - 08h00.Atualizada em 10/05/2024 - 22h19

Já comentamos aqui que o Partido dos Trabalhadores teve a primazia das grandes mobilizações nacionais, exceto pelas "Diretas Já" em 83-84 e algumas outras movimentações populares.

Sempre coube aos petistas colocar o povo na rua. No entanto, após a chegada ao poder e com o advento do mensalão, do petrolão e da Lava Jato, esse acúmulo de denúncias e práticas de corrupção fez com que o PT perdesse completamente sua capacidade de mobilização.

Isso ficou evidenciado na concentração que tentou contrapor-se ao evento de 25 de fevereiro na Avenida Paulista, onde a direita reuniu mais de 700.000 pessoas. O PT convocou na própria Paulista uma mobilização de apenas 1000-1500 pessoas, consideradas poucas e ainda com a oferta de mortadela.

Lula e o Primeiro de Maio

Recentemente, no Primeiro de Maio, Lula da Silva, presidente da República pela terceira vez, participou de um evento do Dia do Trabalho e, segundo a USP — entidade acadêmica considerada esquerdista —, contabilizou 1.600 pessoas. A expectativa do Planalto era reunir cerca de 50.000 pessoas.

Greves em SC

Sempre os sindicalistas, petistas e comunistas, lideranças de partidos de esquerda infiltradas nos sindicatos, conseguiram realizar grandes paralisações em Santa Catarina. Desde o governo Esperidião Amin e Pedro Ivo Campos, passando por Paulo Afonso, e continuando até Luiz Henrique e no começo do governo de Raimundo Colombo. Conforme o PT foi perdendo força, a capacidade desses sindicalistas também foi diminuindo. Falamos aqui quando eles deflagraram, duas semanas atrás, essa greve extemporânea e despropositada do magistério. Previu-se que iria "morrer na casca". Na primeira semana, já nos primeiros dias, apenas 30% aderiram, segundo o sindicato, mas, na realidade, deveríamos considerar cerca de 10%. Nos últimos dias, essa semana, a adesão ainda estava em 5%, ou até menos.

Declínio Sindical

Não tiveram outra saída senão jogar a toalha, entregar os pontos e buscar uma saída honrosa, reunindo-se com os parlamentares para dar a impressão de que estava havendo uma grande negociação. O governo não ampliou em praticamente nada a proposta. Foram pequeníssimos avanços e eles queriam mesmo é sair da greve.


Táticas de Greve

Sinalizaram a retomada do movimento para daqui a dois meses, mas não conseguirão levar os professores à greve, essa é a grande realidade. Isso porque já acenaram para um período que vai coincidir com o prazo fatal das convenções homologatórias, quando então realmente começa propriamente a campanha. A pré-campanha é longa, vai até meados de agosto, mas a campanha dura apenas 45 dias, da segunda quinzena de agosto até setembro, com a eleição em 6 de outubro. Eles querem tentar retomar a greve para influenciar nas eleições, especialmente em Florianópolis, mas, na medida do possível, também nos maiores colégios eleitorais.

A Falência da Esquerda

Estão fadados ao fracasso. A esquerda fracassou. Os sindicatos perderam sua consistência. Não são mais levados a sério. Professores e servidores pensam duas vezes antes de aderirem à greve, porque já sabem que a paralisação tem uma conotação essencialmente política em ano eleitoral.

Cláudio Prisco Paraíso

Blog do Prisco

Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.

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