As cheias no Rio Grande do Sul. Não há a menor dúvida de que se trata da maior enchente da história do Brasil. Catástrofe de dimensão internacional, que segue impressionando e gerando comoção.Os catarinenses já passaram por poucas e boas. Foram várias enchentes registradas no estado.
Em 1973, 200 catarinenses mortos em Tubarão. Dez anos depois, em 1983, o Vale do Itajaí devastado pelas águas. Depois também tivemos as cheias de 2011 em pleno inverno com quase 250 mil desalojados. Mas esse evento meteorológico do Rio Grande ficou acima de qualquer outra situação registrada.
Vai levar muito tempo para reconstruir o estado. Porque em SC sempre tivemos algumas regiões especificamente atingidas, mas não tivemos terra arrasada em todo o território.
Dimensão
Estamos falando de 447 dos 497 municípios afetados. A federação das indústrias do estado vizinho veio a público manifestar extrema preocupação.
Percentual
Nada mais nada menos do que 91% das fábricas ou ficaram embaixo d’água, ou foram seriamente afetadas. Já concluem os empresários gaúchos que é uma década perdida em termos de desenvolvimento econômico.
Auxílio
Além desse apoio emergencial, (a liberação de fundos para os estados e os municípios), urge o apoio financeiro para essa arrancada de subsistência aos mais necessitados. O governo federal está anunciando provavelmente um auxílio emergencial de R$ 5 mil por família. O governo do estado de R$ 2 mil, valor com base em doações de R$ 100 milhões via Pix. Ajuda. Mas isso não resolve. É preciso que as autoridades tenham atenção para a gravidade do que está ocorrendo no Rio Grande.
Muita gente
Um contingente de 40 mil famílias perdeu suas casas. Simplesmente não têm mais para onde ir e ainda tem aquelas famílias que perderam o endereço, perderam a localização e inclusive o terreno onde suas casas foram construídas.
União
É fundamental que todos: poder público, iniciativa privada, entidades, associações, enfim, se envolvam daqui pra frente.
Geografia complicada
Em função da topografia, o estado mais ao Sul do Brasil vê as águas baixando lentamente. Bem diferente do que ocorre em SC. A destruição será percebida sobretudo quando a normalidade for restabelecida. Problemas de saúde pública em função de toda essa água parada serão inevitáveis e uma grande cruzada terá que ser desencadeada pra reconstrução.
Endereço certo
Teremos, também, inapelavelmente um êxodo. Especialmente para SC e Paraná. Quem sabe também para os países vizinhos. Mas a divisa com SC é total, os dois estados são absolutamente fronteiriços.
Começou
Isso, aliás, já está se registrando. Os gaúchos chegando em busca de abrigo. E os serviços públicos estaduais serão mais demandados. Saúde, Educação, Segurança e por aí vai.
Acolhimento
Existe uma grande colônia gaúcha entre nós. Mas estes vieram por opção. Agora os que estão chegando vêm por necessidade extrema. Serão recebidos de braços abertos.
A eleição em Florianópolis promete ser eletrizante. Em primeiro lugar, porque o atual prefeito, Topázio Silveira Neto, nunca participou de uma campanha. Em 2020, ele era vice de Gean Loureiro, reeleito no primeiro turno, o que não é comum na Capital.
Além desse aspecto, temos como segundo ingrediente o fato da entrada de um ex-prefeito de dois mandatos na disputa em Florianópolis. Ele que também cumpriu outros dois mandatos à frente da prefeitura de São José. Trata-se de Dário Berger, que vem como candidato do PSB.Além dele, também há Pedrão Silvestre, do PP.
Dário belisca na esquerda um pouco, mas, apesar de estar num partido esquerdista, o seu eleitorado é mais de centro. Até mesmo pelos partidos pretéritos que ele frequentou, que foram vários e todos de viés conservador.
Temos aí outras duas candidaturas bem à esquerda: Marquito de Abreu pelo PSOL e o ex-vereador Lela pelo PT.
Trabalhistas
Para se ter uma ideia, o PDT não vai estar nem com o PSOL, nem com o PT, mas com Dário.
De modo que, assim como ocorreu na eleição estadual de 2022, há a possibilidade de pulverização de candidaturas de centro.
Retrospecto
Vale lembrar do resultado da disputa presidencial do ano retrasado na Capital. Bolsonaro ganhou de 53% a 47%. Foi o pior resultado dele em todo o território catarinense.
Perfil canhoto
Florianópolis é uma capital com muitos professores, muitos servidores públicos e com um perfil cosmopolita. A direita não tem o domínio absoluto, de modo que imaginar um repeteco de 2020 com eleição em primeiro turno não é provável, embora não seja impossível.
Round final
Seria muito interessante para Topázio Silveira Neto, porque no segundo turno é uma nova eleição. Outro componente que precisa ser apreciado: ultimamente, Topázio anda muito mais no circuito de Jorginho Mello, do PL, que deve indicar o seu vice, do que propriamente no União Brasil, o partido que abriga o seu antecessor, Gean Loureiro.
Distância
Gean não tem sido procurado por Topázio. Está na dele e dá a sensação de que Topázio não deseja uma aliança com União Brasil e nem pretende vê-lo em seu palanque.
Reflexo
Isso pode ser resultado, quem sabe, da aproximação dele com Jorginho Mello, de quem Gean está distanciado há muito tempo. Pode ser também, talvez, por alguns problemas na prefeitura, especialmente o último episódio que vitimou o ex-vereador Ed Pereira.
Ele já era colaborador do governo Gean Loureiro. Topázio quer se distanciar dessas situações desfavoráveis que serão inapelavelmente exploradas na campanha.
Partido
Topázio será candidato pelo PSD. Até porque, para trocar de partido, a lei obriga que isso ocorra seis meses antes das eleições. A leitura é que, uma vez reeleito, antes mesmo de tomar posse para o segundo mandato, Topázio deve buscar abrigo no PL.
Sinais
Há quase que um consenso nessa direção, não só no União Brasil, como no próprio PSD. Tanto é que os próprios pessedistas também estão um pouco distanciados de Topázio.
Já há colaboradores, aliados, parceiros, correligionários e ex-assessores de Gean fechados com Dário Berger. Um deles é Constâncio Maciel (secretário de Finanças). Também o ex-presidente da Casan, que foi secretário de Obras de Gean, Valter Gallina, que foi também fiel escudeiro de Luiz Henrique da Silveira.
Observando
Não se pode descartar, neste cenário, a possibilidade de o próprio Gean, ali adiante, estar apoiando o ex-prefeito de quem foi secretário. Gean Loureiro, registre-se, já foi muito ligado a Jorginho Mello na década de 90 e nos anos 2000 aproximou-se de Berger.
Rotas
Depois, Gean Loureiro foi para o MDB, esteve no Democratas, que se fundiu ao PSL, dando origem ao União Brasil.
Gean poderia estar se reaproximando de Dário Berger. O quadro é de uma certa indefinição.
Perspectiva
Mas é líquido e certo que Gean tem dito e reiterado que será candidato a prefeito novamente em 2028. Antes, fazendo escala com uma candidatura em 2026 à Assembleia Legislativa. Não há como se desconsiderar o potencial eleitoral de Gean Loureiro. Ele é um eleitor estratégico e o apoio dele a Dário Berger pode ajudar a provocar o segundo turno.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.