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Sucessão de escândalos

Por Cláudio Prisco Paraíso
16/01/2024 - 13h21.Atualizada em 16/01/2024 - 13h23

Ainda repercute, em todo o território nacional, a escandalosa convocação de Lula da Silva para o Ministério da Justiça e Segurança Pública, na figura de Ricardo Lewandowski. Nem vamos entrar em detalhes sobre sua trajetória, já está tudo muito rememorado e lembrado para quem defende um mínimo de correção no trato da vida pública. 

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Fizeram, contudo, não faz muito tempo, um cavalo-de-batalha porque Sérgio Moro assumiu a pasta no governo Bolsonaro – no que fez muito mal – mas ele não havia se manifestado sobre Bolsonaro em momento algum em seus julgamentos. Aliás, julgamentos esses respaldados por outros três desembargadores federais do TRF-4, em Porto Alegre; por cinco ministros do STJ e, vejam só, pelo próprio STF. 

O atual senador não julgou Bolsonaro. Lewandowski chegou em 2006 pelas mãos de Lula ao Supremo e fez de tudo para livrar a barra do ex-presidiário, concedendo habeas corpus e dando os mais variados despachos em favor daquele que o indicou e o nomeou depois da sabatina no Senado. Tudo absolutamente imparcial. 

Daí ninguém fala nada. Pelo contrário, um grande grupo de mídia segue fazendo a defesa de absurdos e desmandos do regime.  O próprio Gilmar Mendes, o decano patético do Supremo, que foi combativo contra Moro, porque ele seria “parcial”, não disse uma palavra, não fez uma objeção à indicação de seu ex-colega de bancada para a pasta da Justiça, pelo contrário, formulou os maiores elogios. 

À décima potência

Temos circunstâncias muito parecidas, no caso de Lewandowski, muito mais grave, daí vem o notório Gilmar e distensiona. Dependendo da pessoa ou da circunstância política, é um comportamento. Se for na outra direção, é cassete e dane-se a lei. 

Abismo

O Brasil caminha para uma situação muito delicada. O que se observa nesse consórcio escandaloso, vergonhoso, é um conluio entre o Executivo e o Judiciário para pilotar o país. 

Fraqueza

Como o Congresso se omite, estão tratando de atropelá-lo. Lula da Silva consegue maioria no Senado, mas não na Câmara. A saída encontrada pela deidade vermelha foi associar-se ao STF, onde ele tem maioria absoluta. 

Antevisão

Certamente o consórcio já tenta se antecipar, raciocinando que, com o desgoverno que reina neste país e com o agravamento da situação econômica e pelas declarações espalhafatosas e sem o menor senso de realidade do atual inquilino do Palácio do Planalto – não só isso, os gastos desmedidos com viagens, compras do Palácio do Alvorada, o estouro da boiada – o pedido de impeachment será inapelável. 

Calendário

Ali em meados do ano, o mercado financeiro, o grande empresariado da locomotiva brasileira, que é SP, todos alojados na Avenida Faria Lima, vão pressionar o Centrão para fazer com Lula o que fizeram com Dilma, a inepta. 

Cegueira seletiva

Isso aí só não enxerga quem não quer. O Planalto já enxergou, especialmente o Daniel, aquele que ficou escondido no interior do Paraná durante o regime militar. Ou seja, o super Zé Dirceu. Ele mesmo que está por trás de tudo. 

Picadeiro

Aquele circo, aquele teatro deplorável do 8 de janeiro; a indicação de Dino para o STF e a convocação de Lewandowski, todos esses movimentos – e tantos outros - têm as digitais de Zé Dirceu. 

Nas sombras

Ele não aparece, mas no subterrâneo nojento, sujo, imundo, abjeto da prática política deste desgoverno, ali está ele, formulando, conspirando, armando tudo o que é possível. O Centrão, no começo do segundo semestre, vai abrir o processo de impeachment. Arthur Lira vai aceitar e dar andamento. 

História e futuro

Em janeiro de 2025, o presidente da Câmara estará em seu último mês no cargo e muito provavelmente dará o desfecho esperado pelos investidores e empresários. 

Tudo “xunto”

Esse fechamento total e absoluto entre o Planalto e o STF é para que as supremas togas impeçam o andamento do pedido de impeachment na Câmara. A partir daí, não se espantem se tivermos uma conflagração no Brasil. Podemos nos preparar, leitores, porque esse ano de 2024 promete ser longo.

Cláudio Prisco Paraíso

Blog do Prisco

Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.

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