As declarações de Emerson Leão e Oswaldo de Oliveira contra a presença de Carlo Ancelotti na Seleção Brasileira reforçam o retrato decadente de parte dos treinadores brasileiros - e também da dificuldade de alguns deles em aceitar o próprio fracasso.
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Durante o 2º Fórum Brasileiro dos Treinadores de Futebol, na sede da CBF, na noite da última terça, 04 de novembro, os dois não se constrangeram em criticar a presença de técnicos estrangeiros no país, mesmo diante do multicampeão italiano. Um verdadeiro show de recalque.
Leão, em tom rancoroso, disse “não gostar de técnicos estrangeiros no meu país”, como se o futebol tivesse fronteiras. Já Oswaldo, com ironia, desejou que “depois de ser campeão, Ancelotti dê lugar a um brasileiro”. Fica a impressão de que, por trás da fala, há mais amargura do que amor à bandeira.
O fato é que a resistência a treinadores estrangeiros só escancara o quanto muitos profissionais brasileiros ficaram presos ao passado. Enquanto o futebol mundial evoluiu, parte dos nossos técnicos se manteve em discursos obsoletos e resultados medíocres. A presença de Ancelotti - com sua bagagem - deveria servir de inspiração, não de incômodo.
No fundo, as reações azedas de Leão e Oswaldo soam como o zumbido de maribondos. Se há algo que precisa ser “100% brasileiro” hoje, é a autocrítica. Se Ancelotti será campeão ou não, o tempo dirá. O que já dá para afirmar é que tentar desmerecê-lo é uma atitude mesquinha e sem caráter.
Blog do Bordignon
Em 2004, colou grau em jornalismo pela Universidade do Sul de Santa Catarina. É editor da edição impressa da Revista Única e, dos portais, www.lerunica.com.br e www.portal49.com.br.
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