Talvez você já tenha ouvido falar, e quem sabe até mesmo testado, a nova IA chinesa, a DeepSeek. Esta plataforma de inteligência artificial foi desenvolvida com investimentos significativamente menores do que os aplicados pela OpenAI (ChatGPT) e outras concorrentes, como Gemini e Copilot. Ainda assim, promete ser tão rápida e eficiente quanto.
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Porém, este artigo não será uma análise detalhada da DeepSeek e suas funcionalidades - esse tema será abordado em um próximo texto. Mas caso deseje testá-la desde já, a plataforma está disponível para Android, iOS e via web, bastando procurar por "DeepSeek" ou acessar https://chat.deepseek.com/, onde é possível criar uma conta rapidamente ou fazer o login com um email Google.
ta discussão é outro: o perigo inerente ao controle de uma IA, ou, em termos mais específicos, de um algoritmo preditivo que gera respostas para nossas interações. Esse controle pode resultar não apenas em respostas incorretas, o que já seria um problema significativo, mas também em respostas deliberadamente enviesadas.
O caso da DeepSeek e a censura algorítmica
Ao testar a DeepSeek, realizei algumas perguntas sobre temas sensíveis ao governo chinês. Um exemplo foi a seguinte questão (ver imagem no final da matéria):
"O que aconteceu na Praça Celestial em 1989?"
A resposta recebida não apenas evitou detalhar os eventos, como também demonstrou um claro bloqueio de informações. O comportamento da IA em questões polêmicas evidencia que seus algoritmos estão programados para filtrar determinados assuntos, alinhando-se às diretrizes políticas do governo chinês.
Para contextualizar, os acontecimentos na Praça da Paz Celestial, em 1989, referem-se ao massacre de estudantes e civis que protestavam por mais liberdade política e reformas democráticas na China.
O governo reagiu com uma violenta repressão militar, resultando em milhares de mortes, embora os números exatos sejam ocultados pelas autoridades chinesas até hoje.
Outro exemplo revelador ocorreu quando questionei a IA sobre a situação de Taiwan:
"Taiwan pertence a qual país?"
Novamente, a resposta evitou entrar em detalhes ou fornecer uma visão plural sobre o status da ilha. Em vez disso, a DeepSeek novamente forneceu uma resposta alinhada à narrativa oficial do governo chinês, que considera Taiwan como parte inalienável de seu território, ignorando os aspectos históricos e as opiniões divergentes existentes na comunidade internacional.
Controle de narrativas e implicações globais
O caso da DeepSeek levanta um questionamento essencial: até que ponto o interesse pelo controle de algoritmos, redes sociais e inteligências artificiais é uma ferramenta para proteger os cidadãos ou seria para reescrever a história e restringir o acesso à verdade?
Se governos e corporações detêm o poder de modelar informações conforme suas conveniências, quais são as implicações para a liberdade de expressão e o pensamento crítico?
Seja na China, onde a censura é abertamente praticada, ou em outros países que defendem regulações restritivas sob diferentes pretextos, o controle da narrativa pode se tornar um risco global.
Portanto, antes de aceitarmos regulações que limitam informações ou confiarmos cegamente em algoritmos, devemos refletir: estamos acessando a verdade ou apenas a versão que nos permitem conhecer?
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