O açaí, fruto típico da Amazônia, é amplamente consumido e reconhecido por suas propriedades nutricionais. No entanto, seu consumo inadequado pode representar riscos à saúde, especialmente no que diz respeito à transmissão da doença de Chagas.
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A doença de Chagas é causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, tradicionalmente transmitido pela picada do inseto conhecido como barbeiro. Contudo, estudos recentes indicam que a ingestão de alimentos contaminados, como o açaí não pasteurizado, tem se tornado uma via significativa de transmissão.
Pesquisadores da Universidade Federal do Acre (Ufac) realizaram uma revisão de 41 estudos publicados entre 1968 e 2018, identificando 2.470 casos de doença de Chagas, com 97 óbitos. A análise revelou que a maioria dos casos ocorreu na Amazônia, especialmente no Pará, e que o açaí era a principal causa dessa transmissão.
Durante os preparativos para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP30), marcada para novembro em Belém (PA), a Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) publicou um edital que vetava a oferta de alimentos típicos da culinária amazônica, como açaí, tucupi e maniçoba, nos cardápios oficiais do evento.
A justificativa era o risco sanitário, especialmente a possibilidade de contaminação por Trypanosoma cruzi no caso do açaí. Essa decisão gerou repercussão negativa, levando o ministro do Turismo, Celso Sabino, a criticar a medida e solicitar a revisão do edital.
Em resposta, a OEI publicou uma errata permitindo a inclusão desses alimentos no cardápio, desde que atendam a critérios de segurança alimentar. Para garantir a segurança no consumo do açaí e prevenir a transmissão da doença de Chagas, é essencial que o produto seja adequadamente processado.
O método recomendado é o "branqueamento", que consiste em aquecer o fruto a 80°C por 10 segundos e, em seguida, resfriá-lo rapidamente. Esse processo elimina o Trypanosoma cruzi, tornando o açaí seguro para consumo.
Além disso, é importante adquirir o açaí de fontes confiáveis, que sigam as normas sanitárias e ofereçam produtos com selo de qualidade. Embora o açaí seja um alimento tradicional e nutritivo, seu consumo deve ser feito com cautela, especialmente em regiões endêmicas da doença de Chagas.
A conscientização sobre os riscos e a adoção de práticas seguras no processamento são fundamentais para prevenir a transmissão dessa doença.
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Conhecido por seu sabor marcante e pela aparência peculiar, o melão-de-São-Caetano (Momordica charantia) vem ganhando destaque não apenas em hortas medicinais, mas também em pesquisas científicas. De casca verde e enrugada, com polpa amarela e sementes avermelhadas, o fruto é originário da Ásia e se espalhou pelo Brasil, especialmente em quintais e jardins, onde cresce como trepadeira.
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Popularmente usado na medicina tradicional, o melão-de-São-Caetano é considerado um aliado natural contra diabetes, problemas de pele, distúrbios digestivos e até inflamações. Seu gosto amargo, muitas vezes motivo de rejeição, é justamente o reflexo de compostos bioativos presentes na planta, como a charantina, momordicina e vicina, substâncias estudadas por seus efeitos hipoglicemiantes, antioxidantes e anti-inflamatórios.
Receita contra diabetes – Chá de folhas de melão de São Caetano.
Ingredientes:
- 1 colher de sopa de folhas secas de melão de são caetano.
- 1L de água
Modo de fazer: ferva a água e desligue o fogo, jogue as folhas secas e deixe abafado por 10min. Coe e beba 1 xícara (200ml) 2x ao dia. Caso queira adoçar use adoçante Estévia.
Pesquisas indicam que extratos da fruta podem ajudar a reduzir a glicemia, estimulando a captação de glicose pelas células, além de atuar no metabolismo lipídico (gorduras).
O consumo pode ser feito de diferentes formas. As folhas podem ser utilizadas em chás, com sabor amargo característico, enquanto o fruto verde pode ser refogado em preparações culinárias típicas de países asiáticos. Já as sementes, embora ricas em óleo, devem ser ingeridas com moderação devido ao risco de toxicidade em excesso.
Apesar das promessas, especialistas recomendam que gestantes, lactantes e pessoas com hipoglicemia evitem o uso indiscriminado. "É uma planta com potencial medicinal, mas precisa de mais estudos clínicos robustos para comprovar sua eficácia em larga escala”.
Em resumo, o melão-de-São-Caetano simboliza a união entre o saber popular e a ciência moderna. Amargo no paladar, mas promissor nos efeitos, ele segue despertando interesse como um recurso natural que pode enriquecer a saúde — desde que utilizado com informação e responsabilidade.
Ciência e Saúde
Biólogo e cientista, nutricionista clínico, possui pós-graduação em ciências e tecnologia da alimentação, especialista em patologia clínica e em nutrição esportiva. Natural de Tubarão, seus vídeos já foram visualizados mais de 3,5 bilhões de vezes na internet. Seu trabalho já alcançou mais de 120 países em todo mundo e tem 4,5 milhões de seguidores nas redes sociais. Realizou entrevistas nas principais redes de televisão do país: Record Nacional, Rede Vida, Rede TV, SBT, TV Gazeta, TV Bandeirantes, TV Aparecida e TV Cultura. Tiago Rocha é autor de quatro livros, entre eles, “Curas Extraordinárias” e “Emagrecimento Saudável”. Busca alertar as pessoas sobre os piores e os melhores alimentos do mundo.