Com tarifas até dez vezes mais caras, delegações ameaçam boicotar o evento climático marcado para novembro de 2025
A realização da COP30, prevista para ocorrer em Belém do Pará entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025, enfrenta uma crise antes mesmo de começar.
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Delegações de diversos países, especialmente nações em desenvolvimento, estão se manifestando contra os preços abusivos cobrados pelos hotéis na capital paraense e pressionam o Brasil a mudar a sede do evento.
Segundo o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, alguns hotéis estão cobrando até dez vezes mais do que o valor praticado normalmente.
“Na maioria das cidades onde as COPs aconteceram, os hotéis passaram a pedir o dobro ou o triplo do valor. No caso de Belém, os hotéis estão pedindo mais de dez vezes os valores normais”, afirmou.
O aumento considerado desproporcional nos preços gerou revolta, especialmente entre países de menor desenvolvimento relativo, que alegam não ter condições de custear a participação no evento.
A crise ganhou visibilidade após uma declaração pública de representantes africanos, e agora há uma pressão direta sobre o Brasil para reconsiderar a sede da conferência.
A Casa Civil tenta negociar com o setor hoteleiro para evitar um possível esvaziamento do evento, inclusive da cúpula de chefes de Estado prevista para os dias 6 e 7 de novembro.
“Os esforços continuam, mas talvez os hotéis não estejam se dando conta da crise que estão provocando”, disse Corrêa do Lago.
A escolha de Belém como sede da COP30 foi estratégica e simbólica, destacando a importância da Amazônia nas discussões globais sobre mudanças climáticas.
A decisão buscou dar visibilidade a povos tradicionais, comunidades indígenas e à urgência da preservação ambiental. No entanto, o risco de ausência de lideranças internacionais põe em xeque os objetivos centrais da conferência.