Reestruturação busca conter déficits da estatal, economizar R$ 2,1 bilhões e pode incluir abertura de capital a partir de 2027
Uma coletiva de imprensa com o presidente dos Correios foi realizada em Brasília para detalhar o plano de recuperação da estatal - Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom Os Correios anunciaram nesta segunda-feira, 29 de dezembro, um amplo plano de reestruturação que prevê o fechamento de cerca de 6 mil agências em todo o país — o equivalente a 16% da rede — e a redução do quadro de funcionários em aproximadamente 15 mil pessoas até 2027. A iniciativa tem como objetivo conter os déficits acumulados pela estatal desde 2022 e reequilibrar as contas da empresa.
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De acordo com a direção dos Correios, as medidas devem gerar uma economia estimada em R$ 2,1 bilhões. Atualmente, a empresa conta com cerca de 10 mil unidades em funcionamento no Brasil. Por ser uma empresa pública, os Correios têm a obrigação legal de atender todo o território nacional.
O presidente da estatal, Emmanoel Rondon, afirmou que o fechamento das agências será feito sem comprometer o princípio da universalização do serviço postal, considerando o desempenho financeiro de cada unidade. Ele também informou que a empresa estuda mudanças no modelo societário a partir de 2027, incluindo a possibilidade de abertura de capital e transformação em uma companhia de economia mista, nos moldes da Petrobras e do Banco do Brasil.
Para dar início à implementação do plano, os Correios contrataram, na última sexta-feira (26), um empréstimo de R$ 12 bilhões junto a instituições financeiras para reforçar o caixa. A empresa ainda busca captar outros R$ 8 bilhões para equilibrar as contas em 2026.
Atualmente, o déficit estrutural da estatal é estimado em R$ 4 bilhões por ano, atribuído principalmente ao custo da universalização do serviço. Nos nove primeiros meses de 2025, os Correios registraram prejuízo de R$ 6 bilhões e acumulam patrimônio líquido negativo de R$ 10,4 bilhões.
O plano de reestruturação prevê ainda a redução de R$ 5 bilhões em despesas até 2028, por meio da venda de imóveis — que pode render cerca de R$ 1,5 bilhão — e da implementação de dois planos de demissão voluntária, previstos para 2026 e 2027. Além disso, os planos de saúde e de previdência dos funcionários passarão por revisão, com redução dos aportes feitos pela empresa.
Segundo Rondon, cerca de 90% das despesas dos Correios são fixas, o que dificulta ajustes rápidos. Ele destacou que, apesar das mudanças, a empresa continuará sendo estratégica para o país. “Esse plano vai além da recuperação financeira. Ele reafirma os Correios como um ativo essencial do Estado brasileiro, especialmente para regiões onde ninguém mais chega”, afirmou.
A crise dos Correios se intensificou a partir de 2016, impulsionada pela digitalização das comunicações, que reduziu significativamente o envio de cartas, historicamente a principal fonte de receita da estatal. O aumento da concorrência no comércio eletrônico também contribuiu para o agravamento da situação financeira, segundo a empresa.