Nova taxação de 50% sobre exportações brasileiras gera alerta em Santa Catarina
A decisão do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil acendeu o alerta em Santa Catarina, estado que tem os norte-americanos como seu principal parceiro comercial.
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A medida, anunciada na quarta-feira, 09 de julho, foi duramente criticada por representantes do setor industrial, especialistas e pelo próprio Governo Estadual.
Para o advogado tributarista Henrique Franceschetto, o impacto pode ser severo e, em alguns setores, irreversível. “Se os EUA deixarem de comprar nossos produtos e passarem a importar de outros países, o espaço perdido pode nunca mais ser recuperado. Isso pode causar demissões em massa e queda significativa no faturamento das indústrias catarinenses”, alertou.
Medida é vista como política e não apenas econômica
De acordo com Franceschetto, o aumento da tarifa — de 10% para 50% — tem forte viés político e estaria relacionado ao posicionamento do Brasil no cenário geopolítico internacional, especialmente dentro do grupo Brics, que reúne países como China e Rússia, adversários diretos dos EUA.
“Essa medida é claramente uma represália política, uma retaliação à aproximação do Brasil com blocos estratégicos que não interessam aos EUA”, explicou o tributarista.
Setores mais afetados
Somente em 2024, Santa Catarina exportou mais de US$ 11,6 bilhões para os EUA, com destaque para os setores de carnes (suína e de aves), motores e geradores elétricos, soja, móveis de madeira e peças automotivas. A nova tarifa poderá tornar os produtos catarinenses menos competitivos no mercado norte-americano, favorecendo exportadores de outros países.
O presidente da Fiesc (Federação das Indústrias de SC), Mauro Cezar de Aguiar, também se manifestou, afirmando que a medida enfraquece a competitividade da produção catarinense e compromete empregos. “É um duro golpe. Concorrentes de outros países podem continuar operando com taxas inferiores, o que coloca Santa Catarina em desvantagem imediata”, disse.
Governo de SC pede diplomacia e articulação internacional
O Governo de Santa Catarina defende uma saída diplomática. Em nota oficial divulgada nesta quinta-feira, 10 de julho, afirmou que “medidas que impactam nossas exportações exigem respostas construtivas por parte do Brasil”, e que a situação exige diálogo e articulação com lideranças internacionais.
O secretário de Estado da Indústria, Comércio e Serviço, Silvio Dreveck, reforçou que o governo estadual já está em busca de novos mercados caso a taxação seja mantida. “A diplomacia foi pega de surpresa. Esperamos negociação, mas se ela não ocorrer, vamos buscar alternativas para manter a força da indústria catarinense”, afirmou.
A tarifa de Trump deve entrar em vigor no dia 1º de agosto, e o setor produtivo catarinense teme não ter tempo hábil para reagir à medida. Enquanto isso, lideranças empresariais e políticas tentam articular soluções para proteger empregos, exportações e a economia do estado.