Fechar [x]
APOIE-NOS
Seara/SC
22 °C
12 °C
Início . Blogs e Colunas .Cláudio Prisco Paraíso

A fatura do Novo

Por Cláudio Prisco Paraíso
26/07/2025 - 08h03

O apoio do prefeito de Joinville, Adriano Silva, à reeleição do governador Jorginho Mello ultrapassou o campo administrativo. A aliança, que até então se resumia à boa relação entre a gestão estadual e a prefeitura do maior município de Santa Catarina, agora tem custo político — e alto.

A Executiva do Novo já deliberou: Gilson Marques será o candidato do partido ao Senado em 2026. A partir dessa definição, o Novo deixa claro que não quer apenas apoiar Jorginho. Quer fazer parte da chapa majoritária. E mais: quer ser protagonista.

Sintonia com cobrança

A sintonia entre Adriano Silva e Jorginho Mello é evidente. A afinidade política também. Mas isso, por si só, não basta. O Novo entende que a contribuição de Adriano para a reeleição do governador exige contrapartidas. E a principal delas é garantir uma das duas vagas ao Senado para o deputado Gilson Marques.

Caso contrário, cresce o risco de que o prefeito de Joinville, nome mais competitivo do partido, seja instado a disputar o governo do Estado. E se Adriano entrar no jogo, toda a configuração muda.

Jorginho terá que se ajustar

O governador terá que fazer contas e equilibrar interesses. Entre os nomes que miram o Senado estão a correligionária Carol De Toni (PL), o senador Esperidião Amin (PP), no contexto da Federação União Progressista, e agora Gilson Marques, do Novo.

Tudo isso partindo do pressuposto de que o vereador Carlos Bolsonaro, cotado para disputar o Senado por Santa Catarina, de fato não virá. Seja por eventual inelegibilidade — que não está descartada — ou por rearranjos internos no clã Bolsonaro, com Flávio eventualmente entrando em alguma composição nacional.

Rejane na conta

Mas a fatura do Novo não para por aí. Com Adriano Silva permanecendo na prefeitura e selando o apoio a Jorginho, o partido também espera um gesto futuro: o compromisso do PL em apoiar Rejane Gambim à prefeitura de Joinville em 2028.

A articulação é clara. Adriano deve lançar Rejane à Câmara dos Deputados em 2026, pavimentando seu caminho para disputar a prefeitura dois anos depois. E com Gilson Marques fora da Câmara, Rejane ocuparia o espaço político do Novo no Vale do Itajaí — hoje, o principal reduto eleitoral do estado.

A equação da governabilidade

Jorginho Mello terá que mostrar habilidade para administrar essa equação. Não quer perder o apoio da Federação União Progressista, que inclui o PP de Amin e o União Brasil. Mas também não pode abrir mão do Novo, que entrega Joinville e um nome competitivo ao Senado.

Nesse contexto, surge uma possível composição: manter Carol De Toni na Câmara e ceder as duas vagas ao Senado para o Novo e a União. O problema, como sempre, está na vice.

Vice em disputa

O nome natural para a vice é do MDB, tradicional aliado do PL em Santa Catarina. Mas há uma ala do PSD que articula a entrada do prefeito de Florianópolis, Topázio Neto, na majoritária, ocupando justamente essa vaga. O impasse: o PSD abriria mão da indicação do companheiro de chapa em favor de Topázio?

Nesse ponto, um plano B está na mesa: o presidente da Alesc, Júlio Garcia, poderia ser o vice, com João Rodrigues recuando da majoritária e disputando uma vaga na Câmara Federal.

Movimentos e migrações

Caso o PSD insista em lançar João Rodrigues ao governo, há quem cogite sua migração partidária. Republicanos e até mesmo o MDB são destinos possíveis. Se o MDB não desejar ficar fora da composição majoritária, teria que assimilar o nome de Topázio para vice, filiado ao partido.

Xadrez em andamento

Nada está decidido. As peças ainda estão se movimentando. Mas uma coisa é certa: o governador vai precisar costurar com destreza para preservar seu amplo campo político.

Fora de controle

Por Cláudio Prisco Paraíso
25/07/2025 - 08h15

Definitivamente, o ministro Alexandre de Moraes está ultrapassando todos os limites toleráveis, aceitáveis e constitucionais. Sua conduta já não se sustenta diante da esmagadora maioria da opinião pública — independentemente se o cidadão é de direita, esquerda ou centro.

:: Quer receber notícias, gratuitamente, por WhatsApp? Acesse aqui

Seu último despacho é um escândalo: ameaçar de prisão o ex-presidente Jair Bolsonaro se veículos de imprensa divulgarem declarações dele nas redes sociais. Isso mesmo: se um terceiro veicular algo dito por Bolsonaro, a responsabilidade recai... sobre Bolsonaro. Absurdo é pouco.

Censura escancarada

Mas como assim, cara pálida? Onde vamos parar?

Isso é censura prévia — na forma mais pura, mais escandalosa e mais inconstitucional. Já é revoltante o ex-presidente estar impedido de usar redes sociais. Já é abusivo obrigá-lo a usar tornozeleira eletrônica — sendo que nem condenado ele é. Agora, proibir que ele fale em um vídeo veiculado por outra pessoa? Isso é um delírio autoritário.

Se falar é crime, então que o prendam logo. Mas que deixem claro ao país: estamos sob uma ditadura togada.

O dono do Brasil?

O ministro transborda autoritarismo e pratica variadas arbitrariedades. Parece se considerar o dono do mundo, o imperador do Brasil. Até quando?

A própria divergência recente do ministro Luiz Fux, que votou contra as medidas cautelares impostas a Bolsonaro, é um sinal: já não há unanimidade nem no STF. E a crítica do ex-ministro do STF, Marco Aurélio Mello, foi direta: sugeriu que Moraes precisa de divã — ou seja, perdeu o juízo.

Silêncio

Como se não bastasse, veículos de comunicação alinhados ao governo e ao STF — o chamado “consórcio” da imprensa, a mídia chapa branca — silenciam. Compactuam. Acobertam.

Não denunciam o abuso. Não denunciam o autoritarismo. Estão ajudando a destruir o que resta de liberdade no Brasil.

O Brasil cobra ação

Não dá mais para assistir passivamente a esse estado de coisas.

O Congresso Nacional precisa reagir. Os presidentes Davi Alcolumbre e Hugo Motta têm o dever institucional de se posicionar. Sabemos que as casas legislativas hoje funcionam como regimes presidencialistas — o presidente da Câmara manda mais que os outros 512 deputados; o presidente do Senado, mais que os 80 senadores. Mas isso não justifica a omissão.

Mesmo em recesso, o mínimo que se espera é que já deixem convocado algo para o retorno. Ou, se necessário, que o recesso seja interrompido. O povo está atento.

Nossa vez

A pressão popular precisa crescer. Porque, lá fora, a reação já começou. A imprensa internacional observa, os organismos estrangeiros se mobilizam — e é inadmissível que a normalidade do Estado de Direito no Brasil dependa de pressão externa.
Isso é uma vergonha.

Não é mais sobre Bolsonaro. É sobre liberdade, democracia, e o direito de qualquer cidadão.

Cláudio Prisco Paraíso

Blog do Prisco

Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.

24 horas

Portal49
www.portal49.com.br
© 2020 - 2025 Copyright Portal 49

Demand Tecnologia
WhatsApp

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a nossa Política de Privacidade. FECHAR