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Jorginho manda recado

Por Cláudio Prisco Paraíso
30/07/2025 - 07h26

O governador Jorginho Mello aproveitou um fim de semana de calmaria política para soltar uma declaração que repercutiu em todo o Estado. Em conversa com a jornalista Karina Manarim, de Criciúma, Jorginho disse de forma clara: não há acordo – ainda que não tenha citado nomes – com Jair Bolsonaro para apoiar a candidatura de Carlos Bolsonaro ao Senado por Santa Catarina.

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Segundo o governador, a vinda de Carluxo para disputar a vaga do Senado em SC foi apenas “aventada” como alternativa. Ele mesmo citou que havia outras possibilidades semelhantes, como Espírito Santo e Roraima – estados que, assim como Santa Catarina, são redutos bolsonaristas.

Reação negativa

A fala do governador não é por acaso. Internamente, a repercussão da possível candidatura de Carlos Bolsonaro no Estado foi muito ruim. A sociedade reagiu mal, e o empresariado também. E Jorginho, pragmático como sempre, sabe que precisa manter esse setor ao seu lado para o projeto de reeleição em 2026.

Espaço na majoritária

Mas não se trata apenas de agradar a base econômica. Há um cálculo político claro: com a movimentação do partido Novo – que condiciona o apoio à reeleição à presença de Gilson Marques na chapa majoritária – e com a Federação União Progressista (PP e União) lançando Esperidião Amin, o espaço está ficando cada vez mais disputado. A entrada de Carlos Bolsonaro nesse cenário engessaria as negociações.

Tabuleiro complexo

Hoje, os nomes mais cotados para compor a chapa de Jorginho são: Gilson Marques (Novo), exigência do partido; Esperidião Amin (PP), prioridade da Federação; Carol De Toni (PL), alternativa interna do governador; Topázio Neto (PSD), prefeito de Florianópolis, que pode até migrar de partido para ser vice. Com Carlos Bolsonaro nesse meio, não haveria espaço para acordos – e esse é um risco que Jorginho não quer correr.

Autonomia em jogo

A declaração é também um recado para Bolsonaro: Jorginho precisa ter autonomia mínima para construir sua chapa. Caso contrário, corre o risco de ser visto como um governador tutelado, o que poderia desgastar sua imagem na campanha. Afinal, mesmo num estado conservador, a independência política conta pontos.

Carlos pode não vir

Essa sinalização de Jorginho reforça a possibilidade real de que Carlos Bolsonaro não concorra em Santa Catarina.
Há, inclusive, outras hipóteses para o clã: Eduardo Bolsonaro inelegível ou permanecendo nos Estados Unidos, Carlos poderia concorrer ao Senado por São Paulo; Carlos concorrendo no Rio de Janeiro, na hipótese do primogênito Flávio compor chapa na disputa presidencial. Tudo dependerá da reorganização da família Bolsonaro até 2026.

Próximos passos

Fato é que Jorginho não quer abrir mão da sua capacidade de composição. A eleição de 2026 pode caminhar para ser definida em turno único, e o governador sabe que uma chapa costurada com equilíbrio é a melhor forma de garantir esse resultado.

Vitória amarga

Por Cláudio Prisco Paraíso
29/07/2025 - 08h10

O PT realizou no domingo o segundo turno das eleições internas para escolha de seu novo presidente em Santa Catarina. Fabiano da Luz será o sucessor de Décio Lima – e contou com o apoio direto dele.

Fabiano é da mesma corrente petista, liderada por Lula da Silva, José Dirceu e companhia limitada. Mas a eleição expõe um quadro que o PT insiste em não enxergar: rachadura interna e desmobilização da militância.

Foi por pouco

Fabiano venceu Luciane Carminatti por uma diferença inferior a 400 votos. Ou seja: um partido dividido ao meio. Décio Lima não tem o controle absoluto que imaginava sobre o futuro da sigla no Estado. A base está fragmentada.

Décio e o poder do Sebrae

Vale lembrar que Décio Lima preside o Sebrae Nacional, com orçamento bilionário, na casa dos cinco a seis bilhões de reais. Recursos que superam metade dos ministérios de Brasília. Mesmo assim, a força política dele na eleição direta petista não se traduziu em mobilização.

Histórico que pesa

Décio foi ao segundo turno em 2022, mas tomou uma surra: fez menos de 30% dos votos contra Jorginho Mello, que cravou quase 73%. Chegou lá porque a direita lançou cinco candidatos, e ele passou Moisés por uma diferença de menos de 20 mil votos. Não foi mérito próprio, foi fragmentação adversária.

Quórum vexatório

Outro dado: a participação na eleição direta. Apenas pouco menos de oito mil filiados foram às urnas. E olha que o partido tem mais de 60 mil filiados em dia com suas obrigações. Ou seja, pouco mais de 10% se interessou pelo destino da sigla. Desmobilização total.

Três sinais claros

O recado é cristalino:

1. Partido rachado.

2. Partido desmobilizado.

3. Partido sem perspectivas eleitorais em 2026.

O desempenho municipal em 2024 fala por si: sete prefeituras em 295 cidades catarinenses, quase todas em municípios pequenos. Elegeu quatro deputados estaduais (os mesmos que já estavam lá) e dois federais. Apenas seis parlamentares e sete prefeitos: treze, número que parece ter virado ironia.

Oposição dividida

Essa fraqueza já está empurrando aliados históricos para longe. O PSOL lançou Afrânio Bopré ao governo. O PDT deve seguir caminho próprio. E ainda há outras legendas da esquerda que tendem a fazer o mesmo. A esquerda catarinense, em frangalhos, deve ter no mínimo três candidatos em 2026 – e nenhum deles com chance real de chegar ao segundo turno.

Desgaste nacional

Tudo isso num cenário em que o governo Lula da Silva patina. O país está sem rumo: inflação alta, desemprego, queda do poder aquisitivo. Em vez de corrigir a rota, Lula resolve bater de frente com Donald Trump e os EUA, dando um tiro no pé diplomático e econômico.

Bolso e barriga

No fim, não vai adiantar discurso nacionalista. Em 2026, a eleição vai girar em torno de duas letras: B ao quadrado – barriga e bolso. E Lula terá que explicar como conseguiu deixar o país sem dinheiro, inclusive para bancar programas sociais como o Bolsa Família.

À beira do abismo

O governo Lula é um desastre em todas as áreas. E o retorno desse desastre virá das urnas. Aqui em Santa Catarina, o PT segue em queda livre. E a eleição interna de ontem apenas escancarou essa realidade.

Cláudio Prisco Paraíso

Blog do Prisco

Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.

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