Jair Bolsonaro está inelegível e não vai ganhar a condição de poder disputar as eleições de 2026. Por razões óbvias, o establishment não deseja a sua candidatura. O sistema já desempenhou papel determinante na sua derrota para Lula da Silva em 2022, com uma condução do processo eleitoral viciada, tendenciosa e parcial. Simples assim. Agora, ainda com a possibilidade da sua condenação, igualmente absurda, como a sua condição de inelegibilidade.
Em compensação, um corrupto juramentado, foi descondenado, libertado, com seus direitos políticos restabelecidos, eleito com a ajuda do sistema, e exerce hoje, de maneira desastrosa e irresponsável, a Presidência da República.
Apenas isso. Mas muito bem, no evento de Copacabana, na manifestação, pela primeira vez Bolsonaro admitiu a possibilidade do encerramento do seu ciclo político. E aqui entre nós, como dizia o engenheiro Leonel de Moura Brizola, “francamente”, Jair Bolsonaro foi longe demais. Ter sido presidente da República por quatro anos já foi uma dádiva. E agora? Tem que passar o bastão.
Mas não se trata de passar o bastão para alguém da família, lançando a ex-primeira-dama, Michelle, ou um dos dois filhos, Flávio ou Eduardo. Não. Isso é despropositado.
Divisão
Isso vai criar um racha no eleitorado conservador. Há quem diga que isso ficaria restrito ao turno inicial do pleito. Mas, no segundo turno, quem carimbar o passaporte pode ter sérias dificuldades de contar com o apoio dos derrotados no mesmo espectro ideológico. É uma realidade inquestionável.
Cenários
Se Bolsonaro, de forma antecipada, respalda o nome de Tarcísio de Freitas como seu sucessor, a possibilidade de uma acomodação reunindo Ronaldo Caiado ou Romeu Zema, ela é muito provável, ela passa a ser factível. Diferentemente se for um membro da família. De modo que chegou o momento de raciocinar em grupo e não de forma isolada e limitada.
Personalismo
Temos que acabar com essa história de uma candidatura de alguém que leva o sobrenome Bolsonaro. Tarcísio é disparado o melhor nome. Pesquisa realizada pelo Centro Brasileiro de Estudos e Planejamento, que pertence à USP, Universidade de São Paulo, mostrou que 42% desejam a candidatura de Tarcísio como sucessor de Bolsonaro.
Grupo
Foram quase 500 consultados ao longo da manifestação em Copacabana, no domingo. Michelle Bolsonaro aparece com a metade da preferência, 21%.
Sequência
Depois, aparecem Eduardo com 16%, Flávio com 6%. Tarcísio fez um discurso articulado, forte e totalmente alinhado a Jair Bolsonaro. Chegou mais do que o momento de um comportamento cristalino da parte do ex-presidente. Acenando com novas perspectivas para 2026.
Será?
E olha, se ele adotar essa postura, e o discurso já foi uma sinalização, talvez o Supremo Tribunal Federal seja um pouco mais complacente e não decrete a sua prisão. Agora, se ele insistir nessa candidatura, inviável, a punição pode ser maior ainda. Então, a pergunta que fica no ar é a seguinte: mas ele deve ceder em função dessa ameaça? Não.
Projeto
Ele deve ceder na direção de um projeto com possibilidade de vitória em 2026. E isso não passa por uma candidatura da família Bolsonaro. Ponto. Necessariamente passa pela candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, compondo com Caiado ou Zema. Alias, Minas Gerais é o segundo maior colégio eleitoral do país.
A grande discussão do domingo à noite era se havia um milhão de pessoas em Copacabana. Ou se eram 500 mil, 300 mil, 50 mil, 30 mil, 20 mil. Pouco importa.
O simples fato de reunir, em um domingo de verão, representantes da sociedade brasileira em grau superlativo já é algo significativo. O colunista não coloca o sucesso da mobilização na conta de Jair Bolsonaro. Não. A movimentação se deu por conta do descontentamento da opinião pública brasileira no atual momento que vive o país.
Afinal, a população está sentindo na pele, ou melhor, no bolso, o desgoverno de Lula da Silva, a gastança desmedida, o pacote fiscal que foi completamente ignorado. A seu turno, o PT reúne o quê? Meia dúzia de gatos-pingados em qualquer parte do Brasil, inclusive no Nordeste, no Ceará, na Bahia.
Perfil consolidado
Se ficarmos em Santa Catarina, para o partido reunir uma centena de vermelhos é um enorme desafio. Eles já tiveram a primazia das mobilizações lá na década de 1980, 1990. Depois que assumiram o poder, com o mensalão, com o petrolão, com a roubalheira, com a corrupção, com a prisão de Lula da Silva e tantos outros, o PT e a esquerda não reúnem mais ninguém.
Doença
São leprosos. As pessoas querem distância, a não ser aqueles que tiram alguma vantagem ou mesmo aqueles que são obcecados, atordoados, alucinados pela esquerda ou pelo PT, os lulofanáticos, mas que não sabem sustentar qualquer bandeira, porque não têm como sustentar. Simples assim. Então, a mobilização de ontem foi uma mobilização que, por si só, independentemente do aspecto numérico, foi importante.
Presenças
Vamos trazer aqui para o contexto estadual. Lá estava o governador Jorginho Mello. Não vou citar os senadores, os deputados federais, os estaduais, vamos ficar só no macro.
Sintonia
O governador catarinense, como uma das lideranças nacionais mais próximas de Bolsonaro, lá estava, tricotando, batendo fotos, enquanto outros estavam tentando pegar carona porque Bolsonaro, no seu discurso, falou que fez as pazes com o chefão Gilberto Kassab.
Desespero
É o tipo de posicionamento fora de qualquer sentido, de gente que não tem discurso, que não tem amparo eleitoral, que sempre querem pegar alguma carona, surfar na onda favorável, ou ir para a janelinha do ônibus ou do avião. Gente que vai ficar na estrada.
Desenhando
O pleito em Santa Catarina já está devidamente delineado: tudo leva a crer em eleição para turno único. Isso considerando a atual realidade.
Desempenho
Não que Jorginho Mello esteja fazendo um governo espetacular, excepcional. Nada disso, mas está fazendo um governo mediano. Além disso, tem o apoio de Jair Bolsonaro, que não tem como apoiar outra candidatura que não seja do seu partido, a do 22, ainda mais que o cidadão é candidato à reeleição. Pronto. Acabou.
Nem cócegas
A esquerda não existe, e aqueles que querem ficar com essa conversinha de pauta conservadora, primeiro têm que se explicar por que integram o governo Lula; e segundo, precisam dar explicações sobre a vida pregressa: Papuda, Paraguai, algema em Congonhas, cela com Zé Dirceu e outras coisitas mais.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.