Na semana passada, Jorginho Mello, às vésperas de seu embarque para o exterior, filiou dois líderes políticos de grande expressão, reforçando o PL com vistas às eleições municipais deste ano.
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Na quinta-feira, foi o prefeito reeleito de Blumenau, Mário Hildebrandt, hoje o grande eleitor do Vale do Itajaí, quem assinou a ficha. Uma filiação de maior magnitude e importância. No dia seguinte, houve a adesão ao PL do ex-vereador da Capital e ex-deputado estadual - que por menos de 1 mil votos não se elegeu deputado federal - Bruno Souza.
Ele trocou o Novo pelo Partido Liberal. Souza fez quase 85 mil votos no Estado em 2022, sendo que a maioria desse patrimônio eleitoral foi conquistada na Grande Florianópolis e, particularmente, na Capital. E o que se observou nesses dois momentos relevantes para o PL? A ausência de alguns deputados federais e da esmagadora maioria dos deputados estaduais de uma bancada de 11. Uma espécie de boicote à chegada de novos líderes à legenda.
Beicinho
Ou seja, muitos deputados acabaram torcendo o nariz para as adesões. Sob a reclamação de que um veio do Podemos e o outro do Novo, ou seja, de que não seriam bolsonaristas.
Hã?
Mas que conversa é essa? Essa turma, bolsonarista-raiz, quer ficar do mesmo tamanho? Querem seguir usando viseira, não querem crescer? Que visão política é essa?
Acerto
Fez muito bem o governador em trazer os dois para as hostes liberais. Hildebrandt cumprirá um papel importantíssimo para fazer o seu sucessor, ainda mais contando que estará no mesmo palanque com Jorginho Mello e Jair Bolsonaro. Blumenau é a terceira maior cidade catarinense. E uma das cidades mais bolsonaristas do país.
Vácuo
Bruno Souza chega para preencher uma lacuna. Em Florianópolis, o partido carece de uma liderança com mais consistência eleitoral.
Opções
Bruno Souza pode compor de vice de Topázio Silveira Neto ou mesmo liderar uma candidatura própria. Já não se sabe se o PSD vai aceitar o ex-deputado de vice em função das críticas que ele vem fazendo à atual gestão na Capital.
Caminho
Mas é por aí. O PL tem que buscar um ambiente mais arejado, mais plural, com novas lideranças. Os bolsonaristas precisam parar um pouco com essa conversa de rede social, disparando contra todos e contra tudo.
Donos da verdade
Não são só os apoiadores-raiz de Jair Bolsonaro que têm razão. E se desejam eleger um número significativo de prefeitos esse ano, fortalecendo o projeto de reeleição em 2026, é imperioso ampliar o leque e ganhar mais pluralidade de ideias e de lideranças.
Gestos
No primeiro ano de mandato, o governador deu voz e espaço aos bolsonaristas de primeira hora. Fez vários acenos na direção deles. Mas Jorginho tem que articular o partido presidido por ele no estado. Precisa avançar. Até porque não há eleição ganha por antecipação. O PL hoje tem duas dezenas de prefeitos.
Número
Com o governador do estado, o partido não pode baixar de 60 prefeituras no pleito deste ano. E, devidamente mobilizado, pode bater em 80 prefeitos. Agora, se ficar restrito àquele grupo tradicional de defensores de Jair Bolsonaro, o partido ficará estagnado. Se faz necessária a percepção de que apoiar o ex-presidente, ser conservador identificando-se com boa parte do eleitorado catarinense, não pode ser pré-requisito daqueles que sempre estiveram com Bolsonaro.
Viseira
Qual o problema se um outro líder teceu críticas a Bolsonaro? Faz parte do jogo. Isso é uma visão tacanha e pouco inteligente.
Recentemente, surgiu uma onda de boatos entre os bolsonaristas, sugerindo que as manifestações previstas para a Avenida Paulista também aconteceriam em outras 16 cidades brasileiras, incluindo destinos catarinenses como Florianópolis e Balneário Camboriú.
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Contudo, o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro, em uma declaração gravada, esclareceu que o foco do evento será exclusivamente na capital paulista. A intenção por trás dessa estratégia parece clara: concentrar o maior número possível de apoiadores em São Paulo, evitando o risco de baixa participação em outras localidades, o que poderia enfraquecer a imagem de Bolsonaro.
Importantes figuras políticas de Santa Catarina, incluindo deputados e prefeitos, são esperadas no evento. Quanto à presença de Jorginho Mello, que tem viagem marcada neste sábado para Dubai, sua participação dependerá da antecipação de seu retorno a fim de chegar a São Paulo a tempo para o evento no domingo que vem.
Agenda
Esperidião Amin, que lidera o PP catarinense e é um dos senadores que tem se destacado no Congresso Nacional, vai estar em missão internacional da Câmara Alta. Viaja na véspera e só retorna em março.
Termômetro
Agora é observar para sabermos até que ponto Bolsonaro ainda conta com uma liderança efetiva e penetração popular. Isso porque a sociedade está amedrontada, emparedada diante da ação do Supremo, intimidatória, agressiva, abrupta.
Tabelinha
STF, que hoje conta com a colaboração de governo sob Lula III, num verdadeiro conluio, um consórcio. E com aval dos veículos de comunicação, a esmagadora maioria. Todos fechados com o consórcio e contra Bolsonaro.
Ribalta
Ocorre que perdem de vista que, à medida que lançam ofensivas seguidas na direção do ex-presidente, não conseguem tirá-lo do noticiário. É uma ação atrás da outra. Até por importunação de uma baleia. Chega a ser patético, ridículo, digno de chacota. Cartão de vacina e outras coisas absurdas.
Obcecado
Lula da Silva, por sua vez, tem verdadeira fixação por Bolsonaro. Por onde vai, e olha que viaja como nenhum outro presidente antes na história, a deidade vermelha não esquece do antecessor. Está sempre a atacá-lo. Como não é esquecido pelo conluio, Bolsonaro segue na crista da onda.
Difícil
Sobre o desejo da Organização de prender o líder conservador, o colunista duvida. Primeiro porque não há base jurídica para isso. Um professor de Direito Constitucional respeitadíssimo, que foi três vezes presidente da Câmara dos Deputados, cinco vezes deputado federal, duas vezes secretário de Segurança, procurador-geral do Estado de São Paulo, presidente nacional do MDB por 10 anos, além de presidente da República em mandato-tampão e que atende pelo nome de Michel Temer, é quem está afirmando isso.
Forçação de barra
Pelo menos por enquanto, pontuou Temer em entrevista. O ex-presidente, aliás, foi o grande responsável pela ida de Alexandre, o diminuto, ao STF. Ocorreu após a morte repentina de Teori Zavascki, que era o relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal. Foi a partir daí que as coisas desandaram. O petista Edson Fachin assumiu a relatoria, fulminaram o combate à corrupção e tiraram Lula da cadeia, colocando-o em condições de disputar contra Bolsonaro. Tudo democraticamente e com muito amor.
Fazendo cálculos
A prisão do ex-presidente trata-se de uma operação de elevadíssimo risco. Pode não dar nada, claro. Mas e na eventualidade de haver um levante? Os líderes do consórcio são frios, calculistas, inteligentes (sempre para o mal), mas eles sabem muito bem que prendê-lo pode gerar sobressalto. A ideia é fazer Bolsonaro sangrar, desconstruí-lo e jogá-lo na lona.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.