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Omissão em meio à opressão

Por Cláudio Prisco Paraíso
30/01/2024 - 07h58.Atualizada em 30/01/2024 - 08h01

Com o fim do recesso no Legislativo, observa-se claramente que teremos um enfrentamento interno no Congresso Nacional. Falta de apoio parlamentar é uma realidade sob a atual gestão, desde que Lula III tomou posse. 

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Ausência de respaldo que nem é tanto reflexo do desgoverno. Reflexo mesmo é a omissão, o silêncio, a negligência, a indiferença dos presidentes da Câmara e do Senado em meio às operações realizadas pela Polícia Federal a mando de Alexandre de Moraes. 

Dois deputados, Carlos Jordy (líder da oposição na Câmara) e Alexandre Ramagem (nome forte à Prefeitura do Rio de Janeiro), tiveram seus gabinetes vasculhados em pleno recesso. Suas residências foram “visitadas” pela PF, dentro de investigações as mais variadas que o imperador tupiniquim desencadeia ao bel-prazer. De acordo com seus interesses. 

Até agora, não se ouviu uma palavra de Arthur Lira ou de Rodrigo Pacheco. Silêncio que seguramente fará com que a oposição se articule nas duas Casas, especialmente na Câmara. Obstrução deve ser a reação da oposição diante da omissão de dois presidentes que não têm posição. 

Tíbios

Lira e Pacheco atuam somente de olho em emendas, cargos e outras coisitas máx. Não assumem a defesa do Legislativo de suas respectivas Casas. Caso a obstrução pretendida pela oposição tenha êxito, a estratégia acaba criando dificuldades para eles no relacionamento com o Palácio do Planalto, que no caso de Arthur Lira já não é aquela Brastemp toda. Diferentemente de Rodrigo Pacheco.

Limite

Algo precisa ser feito. Estas buscas e apreensões estão virando rotina. Enquanto isso, o notório Antônio Carlos, de Almeida Castro, o advogado do PT conhecido como Kakay, aquele que foi de Bermuda no Supremo Tribunal Federal e que é amigo de todos os ministros da corte, antecipou, seguramente com informação privilegiada, que 18 parlamentares serão alcançados pelas investigações do diminuto imperador togado. 

Cadafalso

E olha que nem estamos falando daqueles que serão imolados via Tribunal Superior Eleitoral. Assim como já aconteceu com ex-procurador federal, que liderou o Ministério Público ao longo da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol. Foi cassado por isso, por ter a ousadia de combater o crime organizado e mesmo tendo recebido mais de 300 mil votos no Paraná. Viva a democracia! 

V, de Lula e do PT

Os que estão agora na mira são os senadores sulistas Sergio Moro, igualmente do Paraná, e que esteve à frente, vejam só, da Lava Jato; e o catarinense Jorge Seif, considerado o filho 06 de Jair Bolsonaro. Conquistou a vaga à Câmara Alta por SC por ter sido ungido pelo ex-presidente. 

Relatividade democrática 

O regime é assim. Cassa quem bem entende, faz busca e apreensão de acordo com seus interesses. E fica por isso mesmo. Ninguém diz nada. No STF, as demais supremas togas não dão um pio sequer. Todos submissos ao autoritarismo alexandrino.

Decorativo

No Congresso, silêncio sepulcral. Melhor fechar logo as duas casas. Elas não têm mais utilidade alguma no regime estabelecido pelo conluio PT-STF porque silenciam, se curvam às arbitrariedades. 

Perplexidade

O povo brasileiro, quem trabalha, produz e banca a farra toda, segue perplexo diante de tamanhos desmandos. De tamanho arbítrio num contexto em que os presidentes Lira e Pacheco simplesmente submergem. Caminhamos a passos comunistas para o precipício.

Psicopatia judicial

Por Cláudio Prisco Paraíso
27/01/2024 - 08h15.Atualizada em 27/01/2024 - 00h49

Vazou um despacho do ministro Alexandre de Moraes que é simplesmente lastimável em seu conteúdo. Deprimente. A decisão está relacionada à morte de Cleriston Pereira, preso pelo 8 de janeiro e que saiu da Papuda em um caixão. Aos 46 anos. Foi o primeiro perseguido e preso político que faleceu nos porões do regime que prega o amor e a democracia. Morte que tem por responsável maior esse cidadão que está no STF.

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O próprio Ministério Público Federal pedia que Cleriston fosse liberado porque apresentava problemas sérios de saúde. Morreu no ano passado. Não se ouviu uma palavra sequer desse senhor, do suprema-sumo das supremas togas. O imperador do Brasil. Nem um pio.

Para agravar a situação, é assustador o posicionamento dele no que diz respeito à solicitação dos advogados da família de Cleriston Pereira, pedindo a devolução do celular do falecido. O senhor Alexandre autorizou a devolução. De uma forma, contudo, que explicita sua desumanidade. O sujeito é absolutamente insensível.

Objeto

Disse que deferia a solicitação da defesa porque a liberação do celular “não interessava mais ao processo.” Entre aspas. Nenhuma referência ao desenlace que culminou com a morte de Cleriston Pereira.  É algo inaceitável para um magistrado. Chegamos ao ponto de absoluta insustentabilidade neste país.

Urgente

Esse cidadão precisa ser interditado porque ele transita entre a loucura e a normalidade de maneira muito célere.

Antissocial

O colunista trocou impressões com um amigo médico, de mais de cinco décadas, que definiu o senhor Alexandre como um “psicopata.” Como alguém consegue ser frio a este ponto? É questão não mais de impeachment, e sim de interdição.

Hã?

Mas seus companheiros, colegas de STF, silenciam, mergulham, submergem e o Congresso segue acovardado.

Ensurdecedor

Se os nobres deputados, deputadas, senadores e senadoras já não falam de situações relacionadas à PF em pleno recesso fazendo busca e apreensão em gabinetes parlamentares, seria demais imaginar que os presidentes da Câmara e do Senado iriam se manifestar sobre um cidadão anônimo que já morreu e eles não chegaram a conhecer.

Escuridão

A cada dia a gente percebe que isso não vai terminar bem. Porque é um tijolinho em cima do outro. Tem tudo para desmoronar. É um castelo de cartas erigido sobre a areia. Esse povo ordeiro, pacato e pacífico, o brasileiro, em algum momento vai reagir.

Repeteco

Na quinta-feira, mais uma busca e apreensão contra outro parlamentar do PL vinculado a Jair Bolsonaro. Desta vez foi Alexandre Ramagem. O primeiro, na semana passada, foi Carlos Jordy, alvo da Organização por cometer o crime de liderar a oposição na Câmara. Escancarou-se a perseguição contra quem não se curva ao regime.

Causídico

O senhor Alexandre de Morais age como advogado do governo vermelho e do próprio presidente. O alvo da semana foi aquele que ele impediu que Bolsonaro nomeasse para o comando da Polícia Federal, ou seja, Alexandre Ramagem. O parlamentar é pré-candidato a prefeito do Rio de Janeiro. Já aparecia bem nas pesquisas para desbancar o alinhado Eduardo Paes.

Nada disso

Daí não pode, não dá. Se o político não for parte integrante ou apoiador da Organização, tem que degolar. Tudo muito democrática e ordeiramente, claro. Realmente o amor venceu e o Brasil – da corrupção, da mentira, do coronelismo, do autoritarismo – voltou. Parabéns a todos os envolvidos.

Cláudio Prisco Paraíso

Blog do Prisco

Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.

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