Santa Catarina foi um dos poucos estados brasileiros que esgotaram as eleições em 6 de outubro. As três cidades com mais de 200 mil votos liquidaram a fatura ainda no primeiro turno, reelegendo Adriano Silva, do Novo, em Joinville, e Topázio Silveira Neto, do PSD, em Florianópolis. Além da eleição de Egídio Ferrari, do PL, em Blumenau.
Tendo em vista essa circunstância, os partidos políticos em Santa Catarina já estão se movimentando em relação às perspectivas futuras. Alguns lambendo as feridas de um resultado desfavorável; outros festejando e planejando novos movimentos considerando performance exitosa. Há, ainda, aqueles partidos que ficaram ali no meio-termo, num desempenho regular.
Agora, dando uma espiada no noticiário nacional, é possível observar várias apreciações a partir do incidente envolvendo o presidente Lula da Silva, no último final de semana, que até implicou no cancelamento de sua viagem à Rússia.
Saúde
Acidente que o levou ao hospital. O petista levou pontos e precisa de acompanhamento médico. Lula é quase um octogenário.
Sacrifício
A leitura de muitos analistas é de que Lula da Silva só será candidato em 2026 para um quarto eventual mandato no sacrifício.
Sem opções
Isso porque a esquerda e o PT não têm outra alternativa. Ao natural, ela não existe. Porque, tanto dentro do PT quanto fora dele, dos demais partidos de esquerda, Lula nunca permitiu o surgimento de outra liderança.
Fator Dilma
Depois dos seus dois mandatos, o petista escolheu Dilma Rousseff para sucedê-lo em 2010, mas com o compromisso de que, em 2014, ele voltaria. Só que Dilma gostou e foi à reeleição e Lula acabou apoiando. Na metade do segundo mandato, foi apeada do poder.
Lava Jato
Em 2018, Lula foi impedido porque foi preso, resultado da Operação Lava Jato, e indicou Fernanda Haddad. Em 2022, retornou como candidato. O Supremo o liberou, sob o acordo de que o vice seria Geraldo Alckmin, para tentar derrotar Bolsonaro numa grande articulação envolvendo os partidos de esquerda, o establishment, o sistema e sobretudo a Justiça Eleitoral na figura de Alexandre Moraes, que atuou de maneira parcial e tendenciosa a favor de Lula e contra Bolsonaro.
Quem?
Feito esse breve resgate, vamos olhar para o próximo pleito. Quem seriam os nomes? O PT não tem ninguém, a esquerda também não, o problema é que se Lula já não teve vigor em 2022, imagina em 2026, para correr o país numa eleição presidencial. Essa é a grande realidade.
Puro sangue
Especula-se, quem sabe, uma dobradinha entre Rui Costa e Fernando Haddad, reunindo representantes petistas de dois dos quatro maiores colégios eleitorais. São Paulo, o primeiro, e a Bahia, o quarto.
Quem sabe
Ou raciocinar uma aliança com o PSD, que é o partido hoje que elegeu o maior número de prefeituras, entregando a vice para o seu presidente Gilberto Kassab, com Lula na cabeça.
Paulista
Kassab é de São Paulo também. Nesse contexto, Alckmin seria lançado ao Senado para uma das duas vagas pelo PSB.
Musculatura
Essa seria uma articulação para tentar dar força partidária, considerando que o PT fez apenas duzentos e poucos prefeitos em 6 de outubro, mas o PSD mais de oitocentos.
Pois agora
E as implicações disso? Numa eventualidade de entendimento entre petistas e pessedistas no contexto nacional, como ficaria em Santa Catarina? Principalmente considerando que a principal estrela do PSD catarinense, João Rodrigues, se apresenta como um bolsonarista raiz?
Em 1º de janeiro assume a nova safra de prefeitos eleitos e reeleitos em Santa Catarina para um mandato de quatro anos. Isso no primeiro dia do próximo ano.
Um mês após, exatamente em 1º de fevereiro, teremos a primeira eleição depois do pleito municipal. É uma eleição localizada para a nova mesa diretora da Assembleia.
Transcorrida a eleição municipal, já se observa uma nova queda-de-braço entre o PL e o PSD. O deputado Júlio Garcia, ao que tudo indica, deseja fazer o sucessor de Mauro De Nadal (MDB). Alguns especulam que ele próprio pode ser o nome. O colunista duvida que Garcia vá se arriscar, mas o fato é que dessa vez o próprio Jorginho Mello mergulhou de cabeça no processo sucessório do Legislativo Estadual e deseja fazer a maioria como consequência da nova composição do governo.
Ajustes à vista
Ao final do ano, ele fará ajustes no governo, aproveitando de dezembro para janeiro, prefeitos que elegeram seus sucessores e também recomposições, considerando o MDB e o PP, que tudo leva a crer, estarão com ele no projeto de recondução 2026.
Na proa
A partir da eleição da mesa, aí Jorginho Mello, que continua presidindo o PL em Santa Catarina, vai desencadear uma nova ofensiva na direção de prefeitos recém-empossados.
Arco partidário
Uma ofensiva que não implica necessariamente já na filiação deles no curtíssimo prazo ao PL, ou ao Republicanos, PRD ou ao Podemos. Essas filiações podem ocorrer em uma data mais próxima do pleito de 2026.
Alvos
O foco especial de Jorginho Mello será sobre prefeitos do PSD, partido que já saiu meio capenga das eleições, elegendo 41 prefeitos. O PP fez 53.
Envergadura
O PP progressista elegeu apenas prefeitos apenas em médias e pequenas cidades. Já o PSD preservou Criciúma, Chapecó, São José e Florianópolis. É verdade.
Só que a Capital não conta. Essa vitória está na conta do governador. Simples assim. Sobra o tripé para o PSD. Chapecó, São José e Criciúma.
Assédio
Agora, cidades de médio e pequeno porte, os prefeitos serão assediados pelo governador. Já tem prefeito apalavrado antes mesmo de tomar posse. A ideia de Jorginho Mello é trazer no mínimo uma dezena de eleitos pelo PSD. Como Topázio já não entra nessa contabilidade, a legenda iniciará 2025 com 40 prefeitos.
Se tirar mais 10, vão sobrar 30. Ou seja, o PSD ficaria disputando com o PSDB e o União Brasil em termos de número de prefeitos.
Balcão
Segundo Jair Bolsonaro, em entrevista nesta semana, o PSD é um partido especialista em fazer negócios. E como está pegando muito mal essa pecha em um Estado essencialmente conservador e potencialmente bolsonarista, os prefeitos já estão de nariz torcido.
Eixos
Tem liderança de direita se preparando para buscar outro eixo. Porque o chefão Gilberto Kassab, do PSD, está agora reivindicando o quarto ministério do governo Lula. E Lula é Lula. Lula é PT. Fez 30% dos votos contra 70% de Jair Bolsonaro em 2022.
Conversa mole
E não adianta vir com a lorota de que os prefeitos não querem entrar em rota de colisão com o governo federal. A verdade é que eles não podem esperar nada da União. Os prefeitos querem é um bom relacionamento com a administração estadual. Aí que entra justamente o cacife de Jorginho para fazer com que o PL bata nos três dígitos de prefeitos.
Elegeu 90. Bastam uma dezena.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.