O processo sucessório eleitoral em Santa Catarina foi deflagrado pelo prefeito João Rodrigues antes mesmo de ser reeleito em Chapecó, de forma absolutamente antecipada, precoce e açodada. Lá em meados de 2023, ele colocou o bloco na rua, com apenas um ano e meio de governo de Jorginho Mello, que ainda não havia chegado à metade do mandato.
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Claro que, a partir do momento em que assim procedeu, o governador precisou também se articular, porque, na época, João Rodrigues acenava, até em função das eleições municipais, com uma aproximação junto ao Novo. O chapecoense apoiou, inclusive, a reeleição de Adriano Silva em Joinville, sem sequer indicar o vice. João Rodrigues também estava em conversações com o União Brasil, praticamente fechado com o Podemos, e tentava, ainda, buscar outros apoios. Tentava, inclusive, atrair para seu arco de alianças o Republicanos, que ainda não tinha liderança definida em Santa Catarina. Pois foi só meter a cabeça para fora que o governador colocou o pé no acelerador. Simples assim.
Guarda-chuva
O governador se alinhou com o Republicanos, transferindo para a sigla o deputado federal Jorge Goetten, que havia sido eleito pelo PL, e colocou o irmão como primeiro vice, formando dobradinha com Goetten. Tudo articulado via presidente nacional do Republicanos, o deputado Marcos Pereira.
Meia-volta
O Podemos já estava fechado com o PSD. Coube ao prefeito Topázio Silveira Neto estabelecer uma aproximação entre Paulinha Silva e Jorginho Mello. O União Brasil fechou uma federação com o PP Progressista, e Jorginho, muito próximo de Ciro Nogueira, também se articulou pelas mãos do senador Esperidião Amin. Na outra ponta, o contato foi com Antônio Rueda, presidente nacional do União Brasil.
Joinville
Nesse meio-tempo, aproximou-se de Adriano Silva, que hoje está fechadíssimo com o governador no projeto de recondução.
Câmara Alta
Mesmo que o Novo não venha a fazer parte da aliança, o partido dificilmente vai coligar com o PSD. Quando muito, pode lançar Gilson Marques ao Senado, numa candidatura avulsa, sem candidato ao governo.
Liderança
Daí ficaria assim: quem desejar se incorpora a essa ou a outra candidatura. Claro que a principal liderança é o prefeito Adriano Silva, que elegeu o único deputado estadual, Matheus Cadorin. Este, por sua vez, tem proximidade com o único deputado federal, Gilson Marques. Os outros dois prefeitos seguem a linha de atuação do alcaide de Joinville.
No governo
Quanto ao PP, antes mesmo da federação, já estava no governo Jorginho, na figura do ex-deputado e ex-presidente da Assembleia, Silvio Dreveck. O mesmo vale para o MDB, que, desde o início do governo, tem Jerry Comper na poderosa Secretaria de Infraestrutura.
Tripé
Depois, mais duas secretarias foram entregues ao partido: a da Agricultura, com o presidente da sigla, o deputado federal Carlos Chiodini, e a do Meio Ambiente, com o deputado estadual Emerson Stein. Os dois partidos estão consolidados no projeto do governador.
Isolamento
Fazemos essa retrospectiva para mostrar que o PSD está, literalmente, sozinho. Não tem sequer um partido acenando com aliança. E nem está inteiro, porque Topázio Neto, Paulinho Bornhausen, alguns prefeitos, vice-prefeitos e outras lideranças municipais vão seguir outro caminho.
Nacional
De modo que o PSD ou vai para o sacrifício, na figura de João Rodrigues — especialmente se Ratinho Júnior for candidato à Presidência da República, o que é improvável, mas não impossível.
Pódio
Ou, mesmo sem Ratinho, se João Rodrigues encarar uma candidatura sem a menor perspectiva, poderá chegar em terceiro lugar, até mesmo atrás da composição da esquerda. Porque a grande realidade é que tudo está caminhando para uma eleição de turno único.
Martelo batido
Na sexta-feira, em Tubarão, o governador foi muito claro. Falou com todas as letras: não haverá chapa pura — nem para o Senado, nem para o governo. Jorginho Mello deixou cristalino: o MDB será o vice, a não ser que venha a compor com Lula da Silva, indicando o vice dele na disputa presidencial, o que é pouco provável.
Senado
E também não deixou dúvidas de que Carluxo estará numa das vagas ao Senado. O governador deu a entender, ainda, que a outra será da Federação União Progressista. Ou seja, não há mais espaço para o PSD. A composição de Jorginho Mello, por si só, é robusta: alguém que está no exercício do mandato e que tem, a seu favor, ainda, a máquina estadual e a esmagadora maioria dos prefeitos catarinenses.
Era grande expectativa do governo Lula para o encontro do chanceler Mauro Vieira com o secretário de Estado do governo Trump, Marco Rubio.
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O Palácio do Planalto apostava todas as fichas, na medida em que Trump foi tão generoso com Lula na Assembleia Geral da ONU.
O norte-americano disse que gostou de se encontrar com ele. Depois, também, na conversa virtual, o clima foi muito amistoso.
Trump, então, após afagar a deidade vermelha, encaminhou o assunto para o secretário de Estado, que é filho de cubanos.
Rubio marcou sua atuação no Senado como um fervoroso crítico das esquerdas.
Registramos aqui que não dava para esperar lá grandes coisas para o Brasil tendo Marco Rubio na condução, apesar de toda a lorota da mídia velha, esquerdista e vendida.
Até porque a posição do governo americano não mudaria de uma hora para outra.
Ainda mais depois que Donald Trump escalou Rubio e não o secretário do Tesouro, que seria a solução natural.
Culpado
Aliás, secretário esse que na véspera do encontro, junto com outra figura do primeiro escalão do governo dos EUA, foi muito claro.
Falaram da censura, da falta das liberdades, das sanções arbitrárias do Judiciário brasileiro.
Burros n’água
O próprio Trump, lá atrás, na carta que enviou a Lula, havia deixado claro que havia questões políticas sérias, como a intromissão do STF em assuntos relacionados aos Estados Unidos, a empresas, a cidadãos americanos, com decisões despropositadas e interferindo na autonomia americana.
Mas, muito bem, o que ocorreu ontem?
Aquilo que vaticinamos: absolutamente nada.
Na conta dele
Na véspera, o secretário do Tesouro e seu colaborador deixaram claro: dos 50% de tarifa aplicadas ao Brasil, 40% tinham uma vinculação política, e apenas 10% no contexto econômico comercial.
Embretando
Só que o Rubio deixou os 50% a serem discutidos pelos governos brasileiro e americano, condicionados, os 50%, a uma nova postura do Brasil, especialmente do Supremo Tribunal Federal.
Até porque, na conversa de Lula com Trump, ele não apresentou nada, não fez uma contraproposta econômica comercial, também por não ter a menor estatura moral ou preparo intelectual para tanto.
Porta-voz
Ao contrário, ele pediu que fossem suspensas as sanções contra ministros do seu governo e do Supremo.
Não só em relação aos vistos derrubados, mas, também, às sanções a Alexandre de Moraes e à sua família.
Hã?
Trump nem respondeu.
Fez cara de paisagem.
Rubio agora escancarou como vai funcionar o baile: só tem negociação quando a situação no Brasil for reavaliada.
Tábua de salvação
Ou seja, um governo estrangeiro, é bem verdade que um dos governos mais democráticos do planeta, e também a maior potência econômica, política e bélica. Mas abstraindo isso, o Brasil está nas mãos de alguém, ou de um governo, ou de uma circunstância externa, porque aqui não tem saída.
Marionete
Estamos em meio a uma ditadura do Judiciário, ditadura togada.
Lula, guindado da cadeia diretamente à cadeira de presidente, é um preposto, um submisso ao Supremo.
Seu lugar
Registre-se que esse cidadão deveria estar até hoje no xilindró, de onde nunca deveria ter saído.
O STF o descondenou, restabeleceu seus direitos políticos, e ainda ajudou a elegê-lo de maneira acintosa, tendenciosa, parcial e capiciosa.
Tendo, ainda, a contribuição do governo Biden, que antecedeu a Trump.
Supremas togas
Segue a ditadura do consórcio Planalto-Supremo, mas em que a palavra final é dos ministros do Supremo.
Lula é um fraco, é um vassalo que deve favor ao Supremo. Eis a grande realidade.
E o governo americano sabe disso.
Desprezível
Mesmo assim, sua excelência descondenada só está pensando em reeleição, e o país caminhando para o abismo econômico, financeiro e social, em meio à irresponsabilidade de uma figura abjeta como é o atual inquilino do Palácio do Planalto.
Proforma
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, divulgaram uma nota conjunta afirmando que mantiveram “conversas muito positivas sobre comércio” e que vão trabalhar para viabilizar uma reunião entre o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e presidente norte-americano, Donald Trump (Republicano), “o mais breve possível”.
Pra torcida
Tudo muito lindo no papel e para o público externo. Na prática, contudo, nada mudou. Segue o tarifaço de 50% e as informações é de que as sanções a autoridades brasileiras não serão retiradas. Muito pelo contrário, a tendência é de endurecimento. Ou seja, os EUA fazendo o velho, mas eficaz, jogo do morde e assopra.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.