O governador Jorginho Mello recebeu quatro prefeitos para discutir um tema absolutamente prioritário, especialmente para os grandes centros urbanos, uma realidade que não se restringe a Santa Catarina, evidentemente, e que tem se espalhado por todo o Brasil: a questão dos moradores de rua.
O curioso é que o governador acabou estabelecendo como critério convite para os prefeitos das cinco maiores cidades. Pela ordem: Joinville, Florianópolis, Blumenau, São José e Itajaí.
Como sabemos, Blumenau e Itajaí são administradas por correligionários de Jorginho Mello. Egídio Ferrari e Robison Coelho. Topázio Silveira Neto, de Florianópolis, também presidente da FECAM, guindado a esta condição com apoio do próprio governador, é do PSD, mas já declarou que estará respaldando o projeto de recondução de Jorginho Mello. Adriano Silva é prefeito de Joinville, do Novo, e anda tricotando com frequência com o próprio governador.
Sinalização
Tendo já acenado, claramente, apoio à sua reeleição. Ficou de fora apenas São José, administrada por Orvino Coelho de Ávila, que não compareceu, alegando compromisso em Brasília. Também pudera, a secretária da Assistência Social é a ex-prefeita Adeliana Dal Pont, antecessora de dois mandatos e que ajudou a eleger Orvino, mas que o enfrentou e foi derrotada nas eleições de 2024, com a sua recondução.
Sem palanque
Veja que o sexto e o sétimo municípios são Chapecó e Criciúma . Criciúma é a terra de Clésio Salvaro, que, contra a vontade de Jair Bolsonaro e de Jorginho Mello, elegeu o seu candidato, Vaguinho Espíndola. Isso significou a derrota de Ricardo Guidi, que tinha também o respaldo de um número significativo de parlamentares estaduais e federais.
Oeste
Em Chapecó, João Rodrigues foi reeleito com mais de 80% dos votos e já se apresenta como pré-candidato ao governo. A candidatura, aliás, será lançada no próximo dia 22, dia do seu aniversário, em Chapecó.
De fora
Jorginho não quis dar palanque, nem para João Rodrigues e nem para o município, que tem como principal líder Clésio Salvaro, que nos bastidores já admite compor de vice de Rodrigues em caso de necessidade.
Reflexos
Então fica muito claro, mais do que isso, fica cristalino, que até nas questões administrativas, a condução já é influenciada pelas implicações políticas, partidárias e eleitorais.
Quinteto
Jorginho Mello seguramente não iria colocar João Rodrigues nesse grupo de prefeitos para que ele desfilasse como pré-candidato. Por isso, restringiu a discussão aos cinco maiores municípios. Ponto.
Na última segunda-feira à noite, Jorginho Mello recebeu, no Palácio Residencial, integrantes da bancada estadual e federal do MDB. Todos compareceram, com exceção do federal Rafael Pezenti. Lá estiveram a senadora Ivete Appel da Silveira, os deputados federais Carlos Chiodini e Valdir Cobalchini e os seis estaduais, que são exatamente Antídio Lunelli, Mauro De Nadal, Fernando Krelling, Tiago Zilli, Volnei Weber e Emerson Stein.
Além, é claro, do secretário de Infraestrutura e Mobilidade, o deputado estadual licenciado Jerry Comper. Antes de ingressarmos no raciocínio do evento em si, da confraternização, por que Pezenti não deu o ar de sua graça?
Ele é o único que discorda, não apenas da permanência, mas de uma maior representatividade do MDB no governo, numa clara sinalização de que não está comprometido com o projeto de reeleição de Jorginho Mello em 2026. Ele teria outro candidato? Seria, eventualmente, o prefeito reeleito de Chapecó, João Rodrigues, do PSD?
Saindo?
Pezenti não está satisfeito no MDB. Chegou-se a especular que ele assinaria ficha no PL, afinal estava muito próximo de Jorginho Mello. E também continua em fina sintonia com o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Distanciamento
Mas, nos bastidores, se fala que as reivindicações apresentadas em sua totalidade não foram acolhidas. O deputado federal iria para o PSD? Sim, porque no MDB ele começa a ficar sem ambiente. Ele foi o único ausente. Feita essa observação, retornamos ao convescote.
Pasta
Emerson Stein vai deixar a Assembleia e vai assumir a Secretaria de Meio Ambiente e Economia Verde. Como ele é o primeiro suplente, quem sobe para a Assembleia é segunda suplente, Rose Maldaner, ex-prefeita de Maravilha e mulher do ex-deputado federal Celso Maldaner, que já presidiu o MDB.
Proa
O partido hoje é pilotado por Carlos Chiodini, que, por sua vez, será investido, assim como o próprio Stein, no próximo dia 5, na posição de secretário da Agricultura e Pecuária.
A volta
Isso ensejará o retorno à Câmara do emedebista Luiz Fernando Cardoso, o Vampiro, de Criciúma, que lá já esteve quando da licença de Chiodini para concorrer à Prefeitura de Itajaí durante a campanha eleitoral de 2022.
Outra frente
Acertados os ponteiros com o MDB, Jorginho Mello vai agora para uma segunda etapa, que é fortalecer o PP, já representado na figura do ex-presidente da Assembleia, Silvio Dreveck, na Secretaria de Desenvolvimento Econômico Sustentável.
Visibilidade
Tudo leva a crer que os três estaduais do PP, Pepê Colaço, José Milton e Altair Silva, venham reivindicar mais uma posição no primeiro escalão. Até porque Silvio Dreveck representa o senador Esperidião Amin e o presidente do partido, Leodegar Tiscoski.
Governo
Além de uma nova secretaria, Jorginho pode contemplar o PP também com algumas posições no segundo escalão. Assim como o MDB, foi atendido com a superintendência da Fesporte. Ou seja, é o governador alinhavando o seu processo de reeleição.
Adesões
Aqui ou ali, podem aparecer algumas dissidências, talvez, no MDB, mas minoritárias. Até porque Jorginho Mello está com a máquina, está com o governo na mão; e os prefeitos vão estar a ele alinhados. Assim como prefeitos de outros partidos, inclusive do próprio PSD.
Opções
Alguns até podem se filiar ao PL ou ao Republicanos. Outra opção é o novo PRD, partido da Renovação Democrática, resultado da fusão do PTB com o Patriota. E ainda há o União Brasil, que convidou Antídio Lunelli para ser candidato ao governo para compor chapa em eventual entendimento com Jorginho Mello.
Projeto
De modo que, efetivamente, a articulação de Jorginho Melo de olho em 2026 ganha ingredientes que podem, sem dúvida nenhuma, levá-lo a uma vitória ainda no primeiro turno. Até porque, vale lembrar, ele é o candidato de Jair Bolsonaro, que elegeu os últimos dois governadores, Carlos Moisés da Silva e o próprio Jorginho Mello.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.