Na última quarta-feira à noite, o PL e os partidos de centro, aqueles mais alinhados a Jair Bolsonaro, comemoraram uma vitória que tinha tudo para ser retumbante. Só que, curioso, parlamentares de esquerda também votaram a favor do pedido de urgência da anistia — uma dúzia deles filiados ao PT.
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Aí, a mídia velhaca, servil e vendida, noticiou que o presidente Lula ficou descontente com esses correligionários. Todo aquele teatro em torno do qual já temos falado, que tudo não passaria de um espetáculo circense, se confirmou.
Sim, porque logo na sequência, Hugo Motta, presidente da Câmara, participou virtualmente de uma reunião com ministros do Supremo: Gilmar Mendes, o decano; e Alexandre de Moraes, o relator de todos os inquéritos que tramitam de forma irregular, ilegal e inconstitucional no STF.
Trio
Esses três participaram de uma conversa virtual com outros três presentes: Michel Temer, ex-presidente da República, que indicou Alexandre de Moraes ao Supremo porque era seu ministro da Justiça; Aécio Neves, que ressurgiu das cinzas, mais sujo do que pau de galinheiro — basta dar uma olhada na delação de Wesley Batista, da JBS, que também alcançou Michel Temer; e, por fim, o relator indicado pelo próprio Hugo Motta, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical.
Ficheiro
Paulinho, alguns anos atrás, foi condenado a 10 anos pela primeira turma do Supremo, mas acabou inocentado pelo plenário das supremas togas.
Dessa reunião, sui generis, não havia ninguém da oposição, do PL. Zero. Resumindo: o que se pôde depreender é que não se reuniram mais para tratar da PEC da anistia, mas da PEC da dosimetria.
Doses
Ou seja, não se falava mais em perdão, mas em redução de pena. Para Jair Bolsonaro, prisão domiciliar, ao invés de regime fechado na Papuda.
Agora é observar, durante a semana, como vão se comportar as lideranças de oposição.
Mergulho
No fim de semana elas desapareceram, não deram o ar da graça. O que se observa é que, na verdade, foi uma jogada para embretar os correligionários, os aliados de Jair Bolsonaro, porque agora é projeto direto em plenário: não tem discussão nas comissões técnicas, nada.
Tiro no pé
O regime de urgência, que era supostamente para favorecer a anistia, na verdade é para prejudicar. É um acordão feito entre Hugo Motta, Supremo e Michel Temer. Quando se fala em Supremo, se fala em Planalto. É a mesma coisa.
Puxadinho
Planalto hoje é uma edícula, um puxadinho do Supremo, e a oposição, ausente. A anistia foi pro espaço. O que virá agora é a redução de pena e assunto liquidado, com a concordância do Supremo e, consequentemente, do Planalto.
Vejam só que situação, vejam só onde os brasileiros estão metidos.
Holofotes
Agora, paralelamente a isso, a semana se inicia com o senhor Lula da Silva tendo embarcado domingo para Austin, onde participará da abertura da Assembleia da ONU nesta terça-feira. Como se sabe, em homenagem a Oswaldo Aranha, o brasileiro, o presidente de plantão é sempre o primeiro a discursar.
Expectativa
A deidade vermelha terá os holofotes diante do mundo, só que o segundo a falar — e que fica com a palavra final — é o presidente americano, no caso Donald Trump. Vamos observar como vai se comportar Lula da Silva, que vem insultando, provocando e desafiando o norte-americano, diferentemente dos ditadores da China, da Índia, do Irã, da Coreia do Norte, da Rússia e até da África do Sul, para fecharmos aí os BRICS.
De fora
Na quarta-feira, em um movimento criado pelo Brasil, pela Espanha e por outros países, nações democráticas foram convidadas para um encontro. Neste ano, os Estados Unidos ficaram de fora. Mais uma estocada de Lula da Silva em Donald Trump.
Está tudo à luz do dia: a intenção do vermelho de desfraldar essa bandeira da soberania.
Perfil
Estamos falando de um baita incompetente, além de corrupto e ladrão, senil igualmente, mas que vislumbra nessa caminhada “soberana” a única chance de ganhar a eleição. O colunista, no entanto, aposta que o petista não vai ganhar, porque sequer vai disputá-la.
Nome forte
A bola da vez é Tarcísio de Freitas. E aí é terra arrasada para o PT, para o governo e para a esquerda. Mas, retomando: Trump só está observando o cenário e, depois de Lula, fará o seu discurso.
Contraofensiva
Também o secretário de Estado, Marco Rubio, prometeu para esta semana novas ofensivas dos Estados Unidos contra tudo o que vem fazendo o consórcio Supremo-Planalto.
Os americanos prometem novas sanções, que vão ocorrer justamente com a presença de Lula da Silva nos Estados Unidos.
Nos últimos dias só se fala no pedido de urgência da anistia daqueles brasileiros que foram condenados com penas despropositadas pelo Supremo Tribunal Federal, também alcançando militares colaboradores do governo Bolsonaro e o próprio ex-presidente. Hugo Motta, presidente da Câmara, atendeu aos apelos formulados pelas bancadas de oposição, e o pedido foi aprovado com mais de 300 votos.
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Até parlamentares da esquerda respaldaram, entre eles, uma dúzia de petistas. Observando essa realidade, é imperioso questionar: essa anistia é para valer? A resposta é óbvia. Não passa de um espetáculo teatral, uma encenação, inclusive da própria oposição, para terem discurso na linha do “olha, tentamos, aprovamos o pedido de urgência, mas não foi possível.”
Por que o colunista afirma isso? Basta ver o nome escolhido pelo presidente da Câmara para ser o relator. Ele, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical, que alguns anos atrás foi condenado a 10 anos pela primeira turma do Supremo Tribunal Federal, e depois absolvido em plenário. Mais um descondenado, mais um esquerdista corrupto.
Claro
Este sanguessuga dos trabalhadores, ultimamente, tem qualificado Alexandre de Moraes como um democrata e considera aqueles brasileiros do oito de janeiro não como golpistas, mas sim como terroristas. Mas se cala ante MST, MTST, só pra ficarmos no território tupiniquim.
Canalha
A verdade é que nem golpistas eles foram, e Paulinho da Força os considera terroristas. Já avisou: não tem como encontrar solução individual para anistiar Jair Bolsonaro.
Blá blá blá
Não haverá cancelamento de sentenças, de penas, mas a redução delas. Ou seja, tudo maquinado, tudo alinhavado, num acordão com o próprio Supremo Tribunal Federal. E aí Bolsonaro fica em prisão domiciliar como consolo, como proposta de consolação.
Ratalhada
Parte da oposição vai reagir, os liberais; mas a outra parte, aquele centrão pragmático, esqueçam, não querem mais saber de Lula porque virou leproso. Seu “governo” está inviabilizado e estão todos devidamente afinados com o setor financeiro e também com a classe empresarial, que deseja Tarcísio de Freitas. Simples assim.
O governador de São Paulo é o candidato temido pelo sistema, pelo “governo” e pelo Planalto, porque é aquele com melhores perspectivas de crescimento.
Enterro
Então, a anistia vai morrer, literalmente, na casca. E vamos caminhar para um processo eleitoral que, muito provavelmente, vai reunir como principais protagonistas o próprio Lula da Silva (que novidade!), se efetivamente encarar as eleições.
Vermelho
As pesquisas é que vão sinalizar. Se as perspectivas forem desalentadoras, considerando que já tem mais de 80 anos, a deidade vermelha vai bater em retirada.
A última imagem é a que fica. Se o cenário for desfavorável, Lula vai lançar outro nome e vai curtir a vida. Essa que é a grande verdade. Porque, se ele está imaginando que o ponto de definição das eleições será a soberania nacional, esse papinho furado — que foi a única e última bandeira que ele conseguiu desfraldar, em meio ao tarifaço e às sanções do presidente Trump, provocadas por ele — está redondamente enganado.
Embretado
Lula fez tudo de forma premeditada. Dane-se o Brasil, o trabalhador, o profissional liberal, o empresário, a dona de casa. Ele queria isso mesmo porque não tinha mais saída. Só que o brasileiro não vai votar por questão relacionada à soberania nacional.
Aritmética
O cidadão vai votar com um B ao quadrado: B de barriga, B de bolso. Como bem disse o marqueteiro que elegeu Bill Clinton, quando George Bush pai completava o primeiro mandato, invadiu o Iraque, estava com a popularidade em alta, mas a situação do poder aquisitivo do americano estava na lona — assim como ocorre hoje no Brasil. É dele a frase que é aplicável ao momento atual do Brasil como projeção para a disputa eleitoral de 2026: “É a economia, estúpido.” Aliás, ao que parece, Lula da Silva revela-se um estúpido ou, circunstancialmente, está enganando os próprios aliados e correligionários, acenando com uma nova candidatura que, no sentimento de muitos integrantes da esquerda nacional, não vai se materializar. Porque Tarcísio de Freitas começa a ganhar contornos de uma candidatura que veio para ficar.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.