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Nunca antes o Brasil se esforçou tanto pelo título de republiqueta das bananas

Por Cláudio Prisco Paraíso
12/06/2025 - 08h21

Patético. É assim que pode ser definido o interrogatório realizado, terça-feira, ao longo do julgamento da tal trama golpista de 8 de janeiro, que só existiu em algumas cabeças coroadas da República. Na tarde de terça, foi a vez do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ridículo o seu interrogatório, a começar pelas respostas, pela sua manifestação. Ele iniciou pedindo desculpas a Alexandre de Moraes, porque lá atrás o havia acusado de ter recebido R$ 50 milhões para fraudar as urnas. Fez isso no exercício do cargo de presidente, o que reforça o que está evidenciado já há muito tempo: Bolsonaro não tem guarda-roupa, não tem pedigree, não tem estatura para ter exercido o cargo de Presidente da República. Simples assim.

O mesmo raciocínio, evidentemente, serve para Lula da Silva — mas por outras razões, talvez mais graves, quando se fala em malversação do dinheiro público. Mas, retomando a Bolsonaro, até foi um gesto de humildade e de reconhecimento, que ele atribuiu a uma retórica em meio a um pronunciamento, um comício. Ocorre que um presidente equilibrado não faz uma declaração dessas. Ponto.

Amarelou

Além de pedir desculpas, quis dar uma descontraída e convidou Alexandre de Moraes para ser seu candidato a vice. Ou seja, o interrogatório virou uma sessão patética — mais do que patética — deprimente.

Política e leis

Até aqui, as considerações versaram sob o aspecto político da peça circense. Observemos também o lado jurídico-judicial da figura de Alexandre de Moraes. Sim, ele é o relator do 8 de janeiro — episódio este que, longe de ter sido um golpe, levou o Supremo Tribunal Federal a ser objeto da trama canhota. Consequentemente, evidentemente, a mesma Corte não poderia ser palco desse julgamento, já que, supostamente, seria uma das vítimas.

Jardim de infância

Para entender essa parte, não se faz necessário ser letrado nem ter cursado a Faculdade de Direito. Está à luz do dia. Em qualquer grande democracia — seja nos Estados Unidos ou mesmo na comunidade europeia. Mas, no Brasil, vale tudo.

Juiz e vítima

E com um detalhe: além de o Supremo ser objeto, Alexandre de Moraes é vítima direta. Vítima direta no processo. Sim, porque o que mais se falou é que, dentro dessa trama, havia uma articulação para matá-lo — assim como a Lula da Silva e a Geraldo Alckmin.

Carochinha

Claro que se trata de um discurso fantasioso, digno de alucinados. Mas, de qualquer forma, ele é vítima. E, sendo vítima — inclusive de ataques do Presidente da República, que ontem se penitenciou.
Aliás, Alexandre de Moraes também é julgador. Vai julgar a si próprio.

Tudo certo

Soma daqui, subtrai dali, ontem nós tivemos o ministro Moraes como relator, e o julgamento envolvendo o cidadão Moraes. E tudo dentro da mais absoluta “normalidade”. Tudo visto com absoluta naturalidade pelos veículos de comunicação. Eis um rápido resumo do que está em curso no Brasil.

Tartarugas ninja

Um país em que o poder Judiciário, além de julgar — e julgar mal, na forma e no conteúdo (sem imparcialidade e com tendenciosismo) — também legisla e governa.

Amarrado

O presidente de plantão obedece. Obviamente, porque só deixou a prisão, só foi descondenado e só concorreu à eleição graças a esse mesmo Supremo Tribunal Federal — a quem ele deve obediência, e também deve sua eleição num processo eleitoral contaminado e capcioso.

Jorginho viaja, desembargador assume o governo

Por Cláudio Prisco Paraíso
11/06/2025 - 08h09

O governador Jorginho Mello embarca nesta sexta-feira para mais uma missão internacional. O destino agora é a Ásia: Japão e China. A viagem terá duração de doze dias e contará com secretários de Estado e empresários na comitiva.

Gripe aviária e investimentos

A agenda é densa e estratégica. O tema central será o combate à gripe aviária, que tem impactado diretamente o setor agropecuário catarinense. Além disso, estão previstas reuniões com investidores asiáticos interessados em oportunidades em Santa Catarina.

Quem assume

Durante a ausência de Jorginho, o governo estadual ficará nas mãos de Francisco de Oliveira Neto, presidente do Tribunal de Justiça. Isso porque a vice-governadora, Marilisa Boehm, também viaja — com destino à Europa — para cumprir agenda oficial.

Júlio Garcia fora do páreo

O presidente da Assembleia Legislativa, Júlio Garcia, terceiro na linha sucessória, foi convidado para integrar a comitiva asiática, mas declinou. E, como Jorginho Mello queria a posse simbólica do chefe do Judiciário, Júlio se licencia do comando da Alesc, mas permanece no estado — cuidando da política.

Equilíbrio delicado

Júlio Garcia evitou o embarque para não demonstrar aproximação com o governador, justamente no momento em que o colega de partido, João Rodrigues, tenta consolidar sua pré-candidatura ao governo em 2026.

Interinidade constrangedora

A investidura de Francisco de Oliveira Neto, no entanto, causou desconforto em setores bolsonaristas. Na semana passada, o desembargador manifestou apoio público ao ministro Alexandre de Moraes, em reação às críticas do Congresso norte-americano às decisões do STF.

Em defesa de Moraes

Segundo ele, o Judiciário brasileiro estaria sob “ataque estrangeiro”. No entanto, as críticas americanas têm foco em decisões unilaterais do ministro Moraes que atingem empresas e cidadãos dos EUA sem devido processo legal naquele país. O gesto pegou mal nos círculos liberais.

Mal-estar com Bolsonaro

Essa situação coloca Jorginho Mello em saia justa. O governador tem ligação estreita com Jair Bolsonaro, que está sendo julgado nesta semana no processo do 8 de janeiro. Moraes é o principal inquisidor do caso, que busca tornar Bolsonaro inelegível — e possivelmente levá-lo à prisão.

Alinhamento mantido

Mesmo assim, Bolsonaro segue alinhado com Jorginho, apoiando sua reeleição. A interinidade do presidente do TJSC, no entanto, pode ser usada contra o governador em articulações futuras.

Caravana eleitoral

Como de praxe, Jorginho levará prefeitos aliados em sua comitiva internacional. A estratégia é clara: reforçar parcerias políticas locais mirando 2026.

Grandes cidades na bagagem

Desta vez, vão os prefeitos Egídio Ferrari (Blumenau) e Adriano Silva (Joinville). Este último, do partido Novo, já fez várias declarações públicas de apoio ao governador.

Consolidação regional

Na última semana, Jorginho esteve em Joinville liberando recursos para a maternidade Darcy Vargas e o hospital Dona Helena. Em evento, Adriano Silva reiterou apoio ao projeto de reeleição do governador.

Com isso, Jorginho já conta com quatro dos cinco maiores prefeitos de Santa Catarina em sua órbita — uma vantagem importante na largada rumo a 2026.

Cláudio Prisco Paraíso

Blog do Prisco

Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.

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