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Um estado conservador

Por Cláudio Prisco Paraíso
19/09/2025 - 08h07

Não é novidade para ninguém que o eleitorado catarinense é essencialmente conservador. E não é de hoje. Basta darmos uma olhada na história. Desde o restabelecimento das eleições diretas para os estados, em 1982, quando houve a disputa entre Esperidião Amin e Jaison Barreto, do MDB, que era da corrente mais à esquerda do partido.

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Depois desse embate, quem ganhou foi Pedro Ivo Campos, igualmente emedebista, mas da ala conservadora.
Na sequência, veio Vilson Kleinübing. Paulo Afonso Vieira o sucedeu. Também do MDB, mas moderado. Houve o retorno de Esperidião Amin, a chegada de Luiz Henrique da Silveira, que nunca foi radical ou sectário no contexto emedebista. Reelegeu-se e fez Raimundo Colombo governador em duas oportunidades. Ele era filiado ao Democratas, hoje PSD, partido de centro.
Na sucessão de Raimundo Colombo, houve a surpresa, quando Santa Catarina deixou claro que, além de conservadora, passou a ser potencialmente bolsonarista. E isso nem mesmo o candidato Jair Bolsonaro esperava.

Estouro

Foi uma surpresa. Quando as urnas foram abertas, Bolsonaro, no segundo turno, fez quase 76% dos votos válidos contra Fernando Haddad.

Marca

Já no primeiro turno, o ex-presidente também conquistou uma votação expressiva: quase 70% dos sufrágios. Não bastasse isso, elegeu um ilustre desconhecido, um bombeiro da reserva, coronel Carlos Moisés, governador.

Ex-pessedista

Moisés venceu Gelson Merisio, do PSD. Lucas Esmeraldino, vereador em Tubarão à época, não se elegeu senador na segunda vaga por 18 mil votos, sendo suplantado por Jorginho Mello.

Dezena

Essa avalanche eleitoral elegeu seis deputados estaduais e quatro federais. Em 2022, na reeleição de Bolsonaro contra Lula da Silva, no segundo turno, o placar foi de 70% a 30%.

Currículo

Isso falando de um ex-presidente de dois mandatos. Mesmo assim, naquela oportunidade, Bolsonaro elegeu outro ilustre desconhecido, Jorge Seif, ao Senado, além do próprio Jorginho Mello — este já com oito eleições nas costas. Em 2022, a segunda de Bolsonaro em SC fez onze deputados estaduais e seis federais.

Rejeição

De modo que a realidade está imposta e o PT e a esquerda enfrentam dificuldades. Nas eleições de 2024, o PT elegeu sete prefeitos de cidades de pequeno porte. Nenhum outro partido de esquerda elegeu prefeito em Santa Catarina. A esquerda nunca governou o estado.

Conexão

Talvez por isso se explique a articulação que está sendo feita agora — observem a ironia do destino — pelo próprio Gelson Merisio, que deixou a vida pública com aquela derrota de 2018.

Favoritismo

Registre-se que ele tinha tudo para se eleger. Contudo, a onda bolsonarista o derrotou. Merisio deixou os holofotes. Aliás, não custa lembrar que teria sido eleito se tivesse colocado Lucas Esmeraldino como vice, composição que chegou a ser articulada.

Movimento

Mas, na undécima hora, Esperidião Amin abriu mão da candidatura ao governo, aceitando concorrer ao Senado em dobradinha com Raimundo Colombo. Contudo, condicionou esse encaminhamento ao aproveitamento de João Paulo Kleinübing como vice de Merisio.

Orientação

Lucas Esmeraldino sobrou. E, contrariando a vontade do próprio Jair Bolsonaro, deixou o PSL lançar Carlos Moisés ao governo.

Convicto

Em 2022, Merisio já estava na articulação da esquerda. Abriu mão de ser vice de Décio Lima, oportunizando que o PT pegasse um nome do Sul do Estado, uma representante feminina.
Ao Senado, encaixaram Dário Berger, que nunca teve ideologia, apenas partido e projeto próprio.

Bastidores

Merisio continua articulando, traumatizado pela oportunidade que perdeu de ser governador diante da ventania bolsonarista.

Camaleão

Agora o que deseja é colocar um candidato de perfil conservador em um partido de esquerda. Aliás, foi o que aconteceu com Geraldo Alckmin, que era do PSDB e foi para o Partido Socialista Brasileiro ser vice de Lula da Silva.

Nada feito

Em Santa Catarina, Gelson Merisio, exímio articulador, flertou com Raimundo Colombo, que declinou. Ao que parece, a bola da vez é o ex-senador Paulo Bauer, que já foi do PSDB. Já adiantamos: Bauer não vai aceitar essa guinada.

Sem lideranças

O desejo de Merisio é que um dos dois fosse candidato ao governo, pelo PSB, com Décio Lima candidato ao Senado.
Ou seja, é a esquerda catarinense reconhecendo que não tem a menor perspectiva eleitoral em Santa Catarina, tendo que recorrer a nomes de perfil conservador.

Operação para salvar mandato

Por Cláudio Prisco Paraíso
18/09/2025 - 08h14

O Partido Liberal lançou mão de uma manobra para salvar o mandato do deputado federal Eduardo Bolsonaro, já há alguns meses fixado nos Estados Unidos. Esse artifício, implementado pelos liberais, teve como protagonista a deputada catarinense Carol De Toni.

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Sim, ela mesma, que está com sua posição eleitoral ameaçada por Carlos Bolsonaro na disputa pela candidatura ao Senado. A vaga, na composição a ser liderada pelo governador Jorginho Mello, estava reservada para a parlamentar.
Por ironia, a própria Carol De Toni abriu mão da sua condição de líder da Minoria na Câmara em favor de Eduardo Bolsonaro. Ela vai ficar como vice-líder e, claro, na ausência física dele, estará atuando em plenário como se líder fosse.

Gesto

Mas renunciou à sua condição na liderança para impedir que Eduardo Bolsonaro viesse a ser cassado, já que, na condição de líder, não há exigência da presença em plenário.

Consistência

A deputada catarinense, a cada instante, mostra que veio para ficar, que tem tamanho político e que pratica gestos de grandeza. Obviamente, ela poderia estar se sentindo incomodada, já que o 02 está na eminência de assumir o seu espaço na chapa majoritária em SC.

Mãos dadas

Mas não. Mesmo assim, ela estende a mão ao 03. Ou seja, a família Bolsonaro não terá como questioná-la se, lá à frente, na janela de março, ela desejar desembarcar do PL, filiando-se a um outro partido, como o Novo, para concorrer ao Senado, já que a segunda vaga na chapa liderada pelo governador Jorginho Mello está reservada ao representante da União Progressista, Esperidião Amin, candidato à reeleição.

Espectro

Consequentemente, Carol poderia tentar concorrer por fora, muito provavelmente apoiando Jorginho Mello, que é a tendência do Novo.

Pero no mucho

O que talvez não impeça o partido de lançar dois candidatos ao Senado contra Carlos Bolsonaro e Esperidião Amin. É que o deputado Gilson Marques também já lançou sua candidatura. Trocando em miúdos: esse expediente para preservar o mandato de Eduardo Bolsonaro, numa iniciativa de Carol De Toni, poderá deixá-la muito à vontade e até cacifá-la para buscar uma candidatura ao Senado, mesmo fora da chapa liderada pelo PL, partido ao qual pertence hoje.

São Paulo

Ou até, quem sabe, considerando as circunstâncias da postura assumida por Carol De Toni, a família Bolsonaro pode concluir que Carlos venha a concorrer em São Paulo, no espaço do irmão, que concorreria ao Senado pelo maior estado da federação.

Justiça

Dessa maneira, seria restabelecido o espaço e a posição que pertenciam a Carol De Toni como candidata ao Senado pelo PL, em dobradinha com Esperidião Amin.

Cláudio Prisco Paraíso

Blog do Prisco

Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.

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