O fim de semana foi de intensa movimentação política no PL. Afinal, na segunda metade da semana passada, voltou à tona o debate sobre a composição da chapa que será liderada por Jorginho Mello.
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O principal motivo da turbulência é a disposição do vereador carioca Carlos Bolsonaro de se transferir para Santa Catarina. Essa possibilidade complica o preenchimento das vagas ao Senado, já que havia um entendimento de que uma ficaria com a deputada Carol De Toni, recordista de votos proporcionais em 2022, e a outra com o senador Esperidião Amin, do União Progressista, candidato à reeleição.
Há meses, Jair Bolsonaro chegou a falar em lançar o filho Carluxo, mas a ideia havia esfriado. Agora, reacendeu.
Convenhamos
Nas últimas semanas, Carlos Bolsonaro esteve em Santa Catarina, participou de manifestações e circulou por São José. Mas a possibilidade de sua candidatura voltou a gerar forte reação — a esmagadora maioria contrária à ideia de importar alguém “de fora” para disputar uma vaga no Senado catarinense.
Hã?
Carluxo não tem qualquer ligação com o estado. Não conhece as diferenças entre Litoral, Serra, Norte, Sul e Oeste. Sua entrada na chapa é vista como desrespeitosa com as lideranças locais — seria a segunda intervenção semelhante em quatro anos.
Repeteco
Em 2022, Jorge Seif foi imposto por Jair Bolsonaro, mesmo sem raízes catarinenses, em detrimento de lideranças locais como Kennedy Nunes. Agora, a história pode se repetir com Carlos.
Fenômeno
O problema é que a “substituída” seria Carol De Toni — deputada com atuação destacada em Brasília, já presidiu a CCJ e hoje é líder da Minoria. Ela se vê constrangida, mas deixou claro: não abre mão da candidatura ao Senado.
Empecilho
Valdemar da Costa Neto, presidente nacional do PL, disse após conversa com Jair Bolsonaro que a candidatura será mesmo de Carlos Bolsonaro. Só que Carol não recua.
O risco é de que a disputa interna prejudique o projeto de reeleição de Jorginho Mello.
Ressurreição
Se houver dissidência, quem pode se beneficiar é João Rodrigues, pré-candidato ao governo pelo PSD. Apesar de enfraquecido, ele poderia captar insatisfações e recompor apoios.
Além disso, há a possibilidade de Carol sair do PL durante a janela partidária e buscar outra sigla — como o Novo — para disputar o Senado.
Por fora
Nesse cenário, Santa Catarina poderia ter três candidaturas conservadoras para duas vagas (Carol, Amin e Carluxo). O risco é dividir votos e permitir que a esquerda — com um nome como Décio Lima — conquiste uma cadeira no Senado.
História se repete
Já vimos esse filme em eleições anteriores. Valdemar até acenou com alternativas em outros estados para Carlos, mas o 02 insiste em ser candidato por Santa Catarina.
Ao fim e ao cabo, tudo parece girar em torno dos caprichos de Carluxo.
Brincadeira tem hora.
Qual é o candidato mais temido pelo Palácio do Planalto? Quem, efetivamente, causa preocupação ao PT, ao governo e ao próprio Lula da Silva, considerando-se que Jair Bolsonaro está, e deve continuar, inelegível? Tem nome e sobrenome. É Tarcísio Gomes de Freitas, o governador de São Paulo.
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Não apenas por já aparecer muito bem num enfrentamento com o atual inquilino do Planalto, mas, pelas perspectivas de crescimento ao longo da campanha, segundo pesquisas internas, contratadas pelos próprios petistas. Tarcísio não vai acumular o desgaste da família Bolsonaro, do ex-presidente e dos seus filhos.
O apoio que ele venha a receber será bem-vindo, mas a rejeição não vem junto. Logo, seria o nome a ser respaldado pela prole bolsonarista. Tudo isso em tese, obviamente.
E lembrando: Tarcísio de Freitas era assessor na Câmara dos Deputados. Chegou a diretor do DNIT, Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, no governo Dilma Rousseff.
Perfil
Conquistou espaço pela sua qualificação técnica, mas, ganhou projeção nacional como ministro da Infraestrutura do governo Bolsonaro, recrutado que foi pelo próprio presidente. Devido ao seu grande desempenho à frente da pasta, o ex-presidente inventou a sua candidatura ao governo de São Paulo, sendo ele carioca da gema. E deu certo.
Qualificado
E por que Tarcísio preocupa a Lula da Silva? Porque tem desenvoltura verbal, é um gestor testado, tem agilidade mental e é preparado. Consequentemente, o que deveria raciocinar Bolsonaro? Elegendo Tarcísio, já que eu estou inelegível e vou acabar preso, vou estar fazendo sucessor. Naturalmente. Mas não. Ele não se pronuncia, fica em cima do muro.
Do contra
E os filhos, os dois, o segundo e o terceiro, Carlos e Eduardo, disparam diariamente contra Tarcísio de Freitas, pelo fato de seu nome ser lembrado e por ser já o preferido, tanto do Centrão, englobando várias bancadas no Congresso Nacional, como também da Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo, onde está a base do Sistema Financeiro Nacional e Paulista e a base do PIB de São Paulo e do Brasil.
Poder de atração
Então, ele consegue congregar uma candidatura consensual que recebe o apoio até dos outros governadores pré-candidatos, como Romeu Zema, Ronaldo Caiado e Ratinho Júnior. Então, é a solução ideal, mas não para os Bolsonaros.
Tripé
Além destes dois atacarem Tarcísio, agora o primogênito (Flávio), mais equilibrado, também está mandando recado. Segundo ele, ainda é muito cedo e Bolsonaro não pode ser considerado carta fora do baralho. Mas a realidade é outra. O ex-presidente foi tirado do jogo pelo regime. Simples assim.
Histórico
Senão, vejamos.
Em 2018, Lula da Silva estava preso, condenado por corrupção. O STF havia respaldado decisões proferidas por nove magistrados diferentes, confirmando a condenação do petista.
Mesmo assim, ele segurou a candidatura até a undécima hora. Não deu em nada: o PT teve que lançar Fernando Haddad, que foi derrotado por Jair Bolsonaro.
O verdadeiro golpe
Já em 2022, depois de o STF perceber que Bolsonaro havia partido para o enfrentamento direto e sem limites, Lula foi solto para poder concorrer.
O único objetivo era tirar Bolsonaro do poder — algo viabilizado pela condução da Justiça Eleitoral, na figura de Alexandre de Moraes, de forma tendenciosa e capciosa.
Zero chance
Alguma dúvida de que o Supremo não vai liberar Bolsonaro? Nenhuma.
Portanto, é preciso que ele faça logo a opção de fechar com Tarcísio de Freitas, porque a perspectiva de vitória é real, efetiva, concreta.
Sucessão
Não custa repetir: uma eventual vitória de Tarcísio, ainda que enfrentando todo o sistema viciado e corrupto, será também a vitória de Bolsonaro.
Pensar grande
Trata-se de um projeto de poder de um segmento ideológico.
Mas, para os filhos de Bolsonaro, não é disso que se trata.
Para eles, o projeto é familiar.
E, com isso, a direita fica sem candidato competitivo por muito tempo, o que favorece quem?
Justamente aquele que é candidato à Presidência há 40 anos e já disputou seis eleições.
Sempre ele
Lula perdeu as três primeiras, ganhou as três seguintes e, ao que tudo indica, irá para uma sétima disputa.
Enquanto isso, a direita segue dividida e sem um nome firme, permitindo que ele avance e ocupe espaço.
Ou seja: falta juízo, equilíbrio e bom senso na condução.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.