Definitivamente, não vive o melhor dos seus dias. É assim que poderíamos definir as últimas manifestações do governador Jorginho Mello. Houve, no intervalo de uma semana, três pronunciamentos equivocados, erráticos.
O primeiro deles, durante uma entrevista em São Paulo, quando o governador praticou um deslize inexplicável, considerando-se que estamos falando de um político de muitos mandatos.
O catarinense afirmou que Jair Bolsonaro e Valdemar da Costa Neto estão afinadíssimos, que conversam com frequência.
Ora, todos sabemos, inclusive ele, que os dois estão proibidos de interagir, por decisão do ministro Alexandre de Moraes, no contexto de investigações que alcança a dupla. Assim que deu essa declaração, logo veio à mente de que o todo-poderoso ministro do STF iria acioná-lo para prestar esclarecimentos. Não deu outra. Foi o que ocorreu.
Prato cheio
Alexandre já acionou a Polícia Federal, que deu quinze dias para o governador procurá-la e aí prestar os devidos esclarecimentos. Já foi uma bela de uma atravessada de Jorginho. Logo na sequência, na abertura de uma festa tradicional em Pomerode, ele falou da pele dos habitantes da cidade.
Margem
Longe de ter praticado crime de racismo, mas o governador de qualquer forma, deu uma declaração que gera interpretações variadas, levando a esquerda a explorações de natureza política.
Triunvirato
E, para completar o triunvirato de derrapadas, Jorginho Mello esteve em Balneário Camboriú e censurou publicamente a prefeita Juliana Pavan. O governador meio que a questionou por que outras autoridades estariam oferecendo ajudas e contribuições à cidade.
Nome e sobrenome
Ele citou os gaúchos, mas queria fazer referência, evidentemente, ao prefeito João Rodrigues, que na véspera tinha colocado a prefeitura de Chapecó à disposição, assim como já havia feito durante a tragédia do Rio Grande do Sul no ano passado.
Autonomia
Essa enquadrada pegou mal. Certamente não foi bem recebida por Juliana. Mas, vamos além. Como o governador quis de alguma maneira emparedá-la para dar um chega pra lá em João Rodrigues, o prefeito de Chapecó chegou com caminhões, retroescavadeiras e uma série de equipamentos no próprio domingo em Balneário Camboriú.
Família
O oestino fez uma gravação. Não só com Juliana, mas também com Leonel Pavan, prefeito de Camboriú, pai de Juliana. João Rodrigues deixou claro que estava ali para ajudar as duas cidades e foi, digamos, paparicado pela família Pavan. Os três são correligionários, filiados ao PSD.
Desatenção
Convenhamos, Jorginho Mello parece não estar atento às suas falas em meio aos seus movimentos. Até porque isso tudo provoca algum tipo de desgaste.
Fugindo do padrão
Mas, o que estaria acontecendo com Jorginho Mello? Afinal de contas, nos últimos dois meses e meio, ele tem cometido uma série de impropriedades na condução política. Inclusive na composição do governo, com o MDB, PP e por aí vai.
Dúvida
Estaria faltando assessoria, conselheiros, ao chefe do Executivo estadual? Ou ele trocou de colaboradores que vinham lhe aconselhando, lhe ajudando nas formulações? Essa é a questão, e a incógnita que fica no ar neste momento.
Reviravolta no ambiente político catarinense, particularmente no que diz respeito à reforma do secretariado de Jorginho Mello. Já era dada praticamente como inviável a ampliação dos espaços do MDB no primeiro escalão.
Permaneceria apenas o deputado estadual licenciado, Jerry Comper, à frente da Infraestrutura. Mas, graças a conversações de bastidores nas últimas horas, houve uma evolução que pode levar o MDB a ocupar mais duas posições no colegiado. Além de Comper, na pasta de Meio Ambiente Economia Verde, o Manda Brasa indicaria um deputado estadual.
São três alternativas. Os titulares Volnei Weber ou Tiago Zilli; ou, circunstancialmente, o primeiro suplente, no exercício do mandato, Emerson Stein.
Essa secretaria foi declinada por Carlos Chiodini, deputado federal e presidente estadual do MDB, mas aí surgiu a ideia de que Chiodini poderia ir para a Agricultura.
Cavalo-de-pau
Pasta que o deputado estadual Antídio Lunelli já havia aceitado. Ele, no entanto, recuou diante de restrições do governador para que ele ocupasse e indicasse nomes da esfera administrativa da secretaria.
Conterrâneos
Como Chiodini, Antídio também é de Jaraguá do Sul, o que facilita com que o empresário e deputado Lunelli assimile essa mudança e o ingresso de maneira mais efetiva do MDB no governo. Já com uma sinalização, claro, para o projeto de reeleição de Jorginho Mello.
Na Alesc
Tem outro detalhe que não pode ser desconsiderado. O próprio Antídio Lunelli é um nome cotado para compor chapa com Jorginho Mello. Então, ele continuaria na Assembleia e outros dois emedebistas chegariam ao secretariado.
Retorno
E com um detalhe: com Chiodini na Agricultura, volta a exercer o mandato em Brasília o primeiro suplente Luís Fernando Cardoso, o Vampiro, de Criciúma. Por quatro meses, ele já atuou na Câmara. Foi durante o período de licença de Carlos Chiodini para concorrer à Prefeitura de Itajaí no ano passado.
Subindo
Assim como também na Assembleia, com mais um estadual no colegiado, abre-se um espaço para um outro suplente.
Jogo do PSD
Agora, o que está incomodando alguns setores da bancada do MDB e do próprio partido é que o deputado Mauro de Nadal, de alguma maneira, se apresenta refratário a esse encaminhamento, justamente pela sua proximidade com as principais lideranças do PSD.
Retribuição
Destaque, naturalmente, para Julio Garcia, que foi quem avalizou a sua eleição à presidência da Assembleia para um mandato de dois anos que expira agora em 1º de fevereiro.
Mauro de Nadal retribuiu o gesto e também trabalhou no sentido do retorno do pessedista para um quarto mandato à frente do Legislativo Estadual.
Calendário
Só que, hoje, enquanto está na presidência, Mauro de Nadal atrapalha as negociações. Mas, a partir do dia 2, na condição de deputado, aí fica tudo mais fácil para o MDB selar esse acordo com o governador Jorginho Mello. Antes disso, nada de concreto deve mudar no que se refere ao MDB e sua relação com o governo estadual.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.