Carlos Bolsonaro, o Carluxo, é pura nitroglicerina. Já conhecido de longa data, foi ele quem estruturou as redes sociais do pai em 2018, quando Jair Bolsonaro surpreendeu o sistema e ganhou a Presidência da República. Um verdadeiro cochilo do regime.
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O filho 02 completa 20 anos como vereador no Rio de Janeiro. É muito celebrado por setores radicais da direita, mas na capital fluminense coleciona brigas homéricas e polêmicas de grande repercussão.
No último fim de semana, esteve em São José (SC), cidade que frequenta há bastante tempo e onde deve transferir seu domicílio eleitoral. Logo depois voltou ao Rio e, na terça-feira, publicou em suas redes sociais:
“Impasse? Vocês estão brincando demais com a alma do meu pai e a covardia que vocês estão fazendo com ele! Não há impasse algum! Se continuarem, colocarei tudo na mesa, não adianta me intimidar.”
Resposta
A mensagem foi uma reação a uma matéria da coluna do Estadão, que dizia que o PL buscava novas opções para a candidatura de Carluxo ao Senado, citando até a possibilidade de disputar por Roraima.
O comentário soou como um recado — ou ameaça. E quem se manifestou em seguida foi o presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, que disse:
“Nosso candidato a presidente da República é Jair Bolsonaro, ou quem ele, e só ele, escolher. E quanto ao Carlos Bolsonaro, seguimos firmes em sua candidatura ao Senado por Santa Catarina ou qualquer estado que ele desejar.”
Umbigo
Na fala de Carluxo, a impressão é de que falava apenas de si e de sua participação eleitoral. Mas Valdemar, por cautela, também tratou da questão presidencial.
Não por acaso: é voz corrente que Tarcísio de Freitas trocará o Republicanos pelo PL para disputar a Presidência, com o aval direto de Jair Bolsonaro.
Santa Catarina
Mas a questão regional permanece: a quem Carluxo quis se referir com sua postagem?
Ao governador Jorginho Mello? Este já teria sinalizado a Bolsonaro que aceita a candidatura do 02 em SC.
O problema é que tanto Carluxo quanto o irmão Eduardo — hoje nos EUA — vêm disparando contra Tarcísio, o presidenciável do PL.
E isso é tudo que Jorginho não deseja: marolas. Seu projeto de reeleição está bem pavimentado, e o último cenário que gostaria de enfrentar é ter um aliado de chapa atirando contra o candidato à Presidência do seu próprio partido.
Tiro no pé
Permitir que um integrante da majoritária questione Tarcísio seria entregar de bandeja munição ao PT, à esquerda e ao PSD, sócios do atual governo Lula.
Além disso, há forte resistência dos meios empresariais catarinenses. A Fiesc, em nota oficial divulgada em junho, afirmou que o estado tem lideranças legítimas, criticando diretamente a ideia de importar um nome de fora.
Menos
Carlos Bolsonaro não pode imaginar que virá a Santa Catarina como “dono do pedaço”.
Pode até ter o respaldo do PL, mas enfrentará rejeição.
Vale lembrar: em 2022, Bolsonaro emplacou Jorge Seif, então desconhecido, ao Senado. Mas naquela época Jair estava no poder e disputava a reeleição.
Em 2026, estará inelegível e fora do jogo institucional.
Perfil
Por isso, é preciso cautela. O problema não é apenas o estilo explosivo de Carluxo.
É também o fato de que, ao entrar na chapa, Jorginho Mello perde espaço para equilibrar os partidos aliados.
Em resumo: Carluxo pode ser um homem-bomba não só para a direita nacional, mas também para a própria costura política de Santa Catarina.
Continua o jogo de cartas marcadas entre a PGR e o STF, entre o Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, e o ministro Alexandre de Moraes.
Vale lembrar: Gonet já foi sócio do Instituto de Gilmar Mendes, aquele que promove debates mundo afora, especialmente em Lisboa.
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Gilmar Mendes, hoje decano do STF, foi justamente quem pediu ao presidente Lula da Silva a nomeação de Gonet para a chefia da PGR.
Aí se entende a “afinidade” entre Ministério Público e Supremo.
Ontem, Moraes determinou vigilância 24 horas na residência do ex-presidente Jair Bolsonaro, a partir de pedido da PGR. Evidente que ambos já haviam se alinhado para que a Procuradoria tomasse a iniciativa.
Perseguição
Tudo isso depois do relatório da PF insinuando que Bolsonaro buscaria abrigo na Embaixada dos EUA ou fugiria para a Argentina.
Esquema chinês
O roteiro é conhecido: tudo aparelhado, tudo parte do consórcio vergonhoso entre Planalto e Supremo.
Lula só voltou porque foi libertado e “descondenado” pelo mesmo sistema que conduziu as eleições de 2022 de forma parcial, com o único objetivo de derrotar Jair Bolsonaro.
Surreal
A sucessão de processos contra Bolsonaro é algo surreal.
Primeiro, tornaram-no inelegível por uma reunião com embaixadores (!), numa forçação de barra conduzida pelo TSE, então presidido por Alexandre de Moraes.
Farsa
Depois, incluíram Bolsonaro no inquérito do “golpe” de 8 de janeiro.
Um golpe sem armas, sem militares, uma farsa grotesca orquestrada pelo governo e pela esquerda, apenas para emparedar quem denuncia o aparelhamento do país.
Roteiro pronto
No início do mandato de Lula, esvaziaram os quartéis e encenaram a narrativa.
As sentenças já estavam escritas.
Conta-gotas
A obsessão é eliminar Bolsonaro:
* afastaram-no das redes sociais;
* impuseram recolhimento noturno;
* decretaram prisão domiciliar;
* confiscaram seu celular;
* retiveram seu passaporte.
Resultado: um ex-presidente que não roubou, não mandou matar, não se associou ao crime organizado, agora está monitorado 24 horas por dia.
Só pancada
É perseguição em cima de perseguição.
Injustiça capaz de causar perplexidade em qualquer democracia do mundo.
Mas o Brasil vive, há anos, sob uma ditadura togada da pior espécie.
Vitalidade
E, em meio a isso, Bolsonaro segue com problemas de saúde decorrentes do atentado de 2018 — até hoje não esclarecido.
Não resta dúvida: o regime tem obsessão por eliminar Jair Bolsonaro e, ao mesmo tempo, por colocar o país de joelhos, vendido à China.
Missões cumpridas com apoio de cúmplices que, um dia, entrarão para a história como parte de um dos capítulos mais vergonhosos do Brasil.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.