Existe algo no universo paralelo dos mandatários, dos eleitos, chamado vontade política. Quando este componente entra nas equações, votações e aprovações de matérias costumam ganhar velocidade e ritmo incomuns dentro da burocracia das casas parlamentares em todos os níveis de poder.
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É o caso do projeto que aumenta o número de deputados neste país, criando mais 14 cadeiras na Câmara Federal.
Já nesta segunda-feira, dia da semana no qual é raro haver qualquer ação mais concreto na Casa, os nobres representantes da população deveriam votar um requerimento para dar celeridade à análise da proposta que para ampliar a estrutura da Câmara. Sim, porque cada novo deputado virá com uma estrutura de dezenas de assessores (podendo chegar a 25 nomes) e uma gorda verba de gabinete de quase R$ 135 mil mensais.
Vespeiro
Esse movimento tem o DNA de um deputado catarinense. É Rafael Pezenti, do MDB. Ele mexeu num vespeiro ao propor a redistribuição das cadeiras já existentes 513 entre os estados, beneficiando aquelas unidades federadas que mais cresceram.
Facilidade
Pelas contas de Pezenti, baseadas numa manifestação do Supremo Tribunal Federal (STF), Santa Catarina, por exemplo, ganharia quatro vagas, saindo de 16 para 20 deputados. Outros estados cresceriam em sua representatividade em detrimento de alguns, como Rio de Janeiro e Bahia, que perderiam espaços.
Inferno está cheio
Admitamos que a intenção de Rafael Pezenti foi boa, ele olhou para seu estado natal e também, é claro, é natural, para seu próprio projeto de reeleição.
Com mais vagas a federal, ficará mais fácil para ele renovar o mandato, uma missão nada simples, considerando-se que o emedebista chegou lá em 2022 por apenas 160 votos.
Ingênuo
Agora, é no mínimo ingenuidade imaginar que a turma dos estados que perderiam deputados ficaria a bater palmas, a assistir a tudo sem fazer nada.
Boleto
O saldo está aí. E quem vai pagar a conta pelo movimento iniciado por Pezenti, deputado de primeiro mandato que, literalmente, cutucou a onça com vara curta, seremos eu e você, caro leitor. Todos os meses, ad aeternum.
Contas
Pelo menos sete estados perderiam representatividade na Câmara dos Deputados. A reação foi imediata por parte do novo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB). Assim que assumiu, ele não ficou no muro. Defendeu o projeto, de uma deputada fluminense, Dani Cunha (União Brasil-RJ), aumentando em 14 o número de deputados federais no Brasil.
Bora trabalhar
Apesar de incomum, a proposta de urgência do requerimento do projeto, tinha grandes chances de ser aprovada nesta segunda-feira, 5. Isso permitirá que vá diretamente ao plenário para apreciação. Acordo neste sentido foi firmado na semana passada.
Tic-tac
O tempo joga contra os deputados nesta questão. A decisão do Supremo, na qual o projeto de Rafael Pezenti se embasou, determinou que o Congresso precisa definir as mudanças até o dia 30 de junho.
Sempre eles
Caso não haja acordo ou decisão até lá, quem tomará as redes e definirá como ficará a representatividade por estado na Câmara será o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O Instituto Paraná Pesquisas, que segue sendo um dos mais confiáveis do Brasil, tem feito levantamentos constantes sobre temas da atualidade e que afetam diretamente a vida deste país.
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Uma das mais recentes avaliações foi em relação à situação financeira do Brasil varonil e os preços que a população encontra nas gôndolas dos supermercados.
Para 42,7% dos entrevistados, a situação financeira piorou sob Lula III. Apenas 18,9% (o percentual que fica nos parâmetros históricos da canhotada nacional) disseram que o bolso se encontra em situação melhor depois que Jair Bolsonaro deixou a Presidência da República.
E uma parcela de 36,8% acham que tudo segue como dantes no quartel de Abrantes, ou seja, que nada mudou (é uma turma que deve viver em bolhas, ou em marte).
Ardido
O Paraná Pesquisas também quis saber a percepção dos conterrâneos sobre os preços dos produtos nos supermercados depois que voltamos a estar sob o jugo vermelho.
Fatia grossa
Nada mais nada menos do que 73% dos ouvidos afirmou que os preços aumentaram contra apenas 16,9% (percentual muito parecido com o da pergunta anterior e que nos remete aos esquerdistas crônicos deste país, os lulofanáticos) dos que acham que diminuiu (estes devem viver em Vênus), pois qualquer criança que acompanha os pais ao supermercado já sabe que os preços, de maneira, explodiram.
Lunáticos
Outros 7,1% responderam que o custo dos produtos para os consumidores ficou como estava (esta turma deve morar na lua).
Cerveja e picanha
Por fim, os entrevistadores do Paraná Pesquisas perguntaram se a situação econômica, até o fim do Governo Lula, permitirá que a maioria dos brasileiros compre picanha e cerveja com mais facilidade.
Gordura indigesta
Considerando-se que essa foi a única “plataforma” de campanha do então candidato descondenado Lula da Silva, os números são emblemáticos. E até um pouco contraditórios em relação à primeira pergunta, mas o brasileiro é, por natureza, um ser contraditório.
Percentuais
Para 68,4% dos brasileiros, a situação não permitirá comprar picanha e cerveja com mais facilidade.
Apenas 25,7% (esses então devem viver em Júpiter) acham que será mais fácil, dentro do atual contexto econômico, adquirir a carne nobre e a bebida alcoólica.
Derretendo
Estes dados do Paraná Pesquisas guardam relação direta com o derretimento da suposta popularidade de Lula no início de seu terceiro reinado, ou melhor, mandato. Todas as pesquisas mostram que a curva já se inverteu, com Lula e seu governo tendo rejeição maior do que a aceitação.
Para o espaço
Diante dos dados que vinha obtendo, Lula da Silva tinha planos. Reverter o quadro absolutamente desfavorável a ele nesta segunda metade de mandato, “colhendo” o que teria sido plantado na primeira metade (e que ninguém viu).
Água abaixo
O sentimento no Planalto era de que os principais programas do Governo (que ninguém sabe quais são) ganhariam corpo, principalmente na área da Saúde. E este pessimismo econômico seria revertido com a diminuição da inflação e a injeção de dinheiro, grana, no bolso de quem trabalha e produz. Só que o escândalo do INSS, que ainda mal começou, caiu como uma verdadeira ducha de água fria nestes planos de Lula e seu entorno. O inquilino do Planalto, que já claudicava, agora balança e pode ter sua candidatura inviabilizada. Sobretudo se mais esquemas de corrupção (o que não seria de se espantar) vierem à tona.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.