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Jogo zerado no contexto da Lava Jato

Por Cláudio Prisco Paraíso
23/05/2024 - 07h41.Atualizada em 23/05/2024 - 07h41

Ironia do destino. No mesmo dia em que o TSE decidiu preservar o mandato do senador Sérgio Moro, livrando-o de uma cassação que, por si só, era injusta, o STF, na figura de Dias Toffoli, resolveu anular todas as condenações, de forma monocrática, de Marcelo Odebrecht, o filho de Emílio, o amigo de Lula da Silva.

Aliás, Dias Toffoli já havia assim procedido da mesma maneira em relação à JBS. Também livrando o conglomerado dos irmãos Batista, absolutamente ligado ao PT, de forma igualmente monocrática. De uma canetada só.
De quebra, uma das câmaras do Supremo resolveu absolver Zé Dirceu, o Super Zé, o todo-poderoso petista, na mesma Lava Jato.

Ou seja, o juiz da maior operação de combate à corrupção do mundo foi salvo em seu mandato no TSE, mas, ao mesmo tempo, o STF de maneira parcialmente colegiada ou de forma individual, definitivamente colocou pá-de-cal na Lava Jato.

Calendas da história

Quer dizer, nada do que ocorreu, do que foi minuciosamente investigado, comprovado, com condenações severas nas mais variadas instâncias, vale mais. Importante lembrar que não foi apenas Sérgio Moro na Vara de Curitiba que subscreveu sentenças duras contra corruptos e corrompidos.

Colegiados

Foi também o TRF-4, com sede em Porto Alegre, o STJ e o próprio STF (com nove magistrados diferentes), confirmando e até aumentando penas na cleptocracia que foi instalada no passado e que agora voltou à cena do crime. Para usar as palavras do vice-presidente, Geraldo Alckmin, numa referência pretérita ao atual presidente da República.

Vergonha nacional

Não eram indícios, eram provas cabais, irrefutáveis que foram apresentadas. Mas os bandidos foram transformados em mocinhos. Estão livres, leves e soltos. E dando discurso.

Projeto vermelho

Zé Dirceu deve ser candidato a deputado federal em 2026. Vejam só. Tantos outros já estão aí habilitados a disputar, como Eduardo Cunha, que, assim como o petista, foi preso.

Poço sem fundo

Depois da Lava Jato, nós tivemos o Petrolão. Ficou comprovado o desvio de R$ 6 bilhões da Petrobras. Recursos públicos surrupiados ao erário e que retornaram aos cofres públicos.

Como assim?

Agora como todo mundo está sendo inocentado, além de figuras públicas, políticos e empresários, também empresas.

Confissão do crime

Elas que fizeram acordos de leniência, devolvendo o que foi comprovadamente desviado. A Odebrecht tinha um departamento de propinas.

Planilhas

Havia lá o nome de todo mundo, inclusive do próprio Dias Toffoli, que agora resolveu fulminar com as provas. Ele era chamado de amigo do amigo do meu pai. Ou seja, Toffoli era amigo de Lula, que era amigo de Emílio Odebrecht, pai de Marcelo. Típico balaio de siri.

Sombrio

Caminhamos para o precipício. Qual a perspectiva que um país pode ter quando um Judiciário acaba invertendo a realidade dos fatos e fulmina com investigações e condenações categóricas, peremptórias? Pobre Brasil.

JBS na área

Por Cláudio Prisco Paraíso
22/05/2024 - 08h59.Atualizada em 22/05/2024 - 08h59

A gigante brasileira do setor de alimentos, a JBS, agora vai diversificar a sua atuação empresarial. A partir de julho ou agosto, através da Seara, empresa genuinamente catarinense, comprada pelo grupo liderado pelos irmãos Batista, Joesley e Wesley; ficará responsável pelo funcionamento do Porto de Itajaí.

O terminal está fechado para a movimentação de contêineres desde o final de 2022, no apagar das luzes do governo Bolsonaro.
E assim permaneceu em 2023 e em 2024 até aqui. A empresa Mada Araújo, que ganhou legitimamente a possibilidade de tocar o porto, acabou entregando os pontos.

O contrato de arrendamento provisório vai ficar por um prazo de dois anos com a JBS, inclusive a Antaq (Agência reguladora do setor portuário) já respaldou esse encaminhamento.

Paralelamente a isso será realizado um leilão para a concessão do Porto de Itajaí. Possivelmente em 2025. Nesse leilão, o prazo será de 34 anos para as operações prorrogáveis para o mesmo período. Com um detalhe: a JBS poderá participar, só que não mais através da Seara. Terá que recorrer a outra companhia do grupo.

Searas

Saindo um pouco do contexto técnico, ingressamos no setor econômico. O prejuízo foi brutal para Santa Catarina e para o Brasil. Justamente na movimentação de contêineres era onde o Porto de Itajaí se destacava. Muito. A paralisação foi trágica sob o aspecto financeiro.

Política

Mas vamos refrescar a memória no segmento político. Décio Lima, amigo, correligionário e compadre de Lula da Silva, nomeado pelo presidente de plantão para a presidência nacional do Sebrae, entidade que tem orçamento maior do que a maioria dos ministérios espalhados pela Esplanada em Brasília, é natural de Itajaí.

Pé lá

Embora Décio tenha construído carreira política em Blumenau, sendo vereador e prefeito por dois mandatos. Ele também foi deputado federal.

Isolamento

Concorreu ao governo de Santa Catarina já em 2018, sozinho pelo PT, sem sequer um partido aliado. A votação foi bisonha. Mas em 2022, no embalo da candidatura Lula, e graças à pulverização de candidaturas de centro e de direita, o petista beliscou o segundo turno. Sabia que seria derrotado pela onda conservadora no round final do último pleito estadual.

Parceria

Décio Lima teve um grande aliado no último pleito. Gelson Merisio, aquele que foi derrotado no segundo turno de 2018 para o ilustre desconhecido Carlos Moisés, eleito por Jair Bolsonaro, de quem ele se distanciou depois da acachapante vitória.

Guinada

Merisio, que não disputou mais eleições, sempre militou em partidos de direita e de centro, mas em 2022 resolveu dar um cavalo-de-pau para ajudar o PT de Décio.

Articulador nato

Ele atuou na articulação da chapa do petista, inclusive abrindo mão de uma candidatura ao Senado em favor de Dário Berger, do PSB.

Partidos

Filiado ao Solidariedade, Merisio, após passagem relâmpago pelo PSDB, em 2022, declinou até de ser vice de Décio. Mas participou de todo o processo nos bastidores.

Faz sentido

Será que o fato dele atuar já há alguns anos como conselheiro da JBS e de sua proximidade com o presidente nacional do Sebrae não contribuiu para essa operação portuária?

Por cima

Os irmãos Batista têm fortes laços com Zé Dirceu, Lula e vários líderes do PT. Obviamente. Mas considerando tudo o que passaram na Lava Jato, um freio de arrumação não faz mal a ninguém. Daí podem ter acionado seu conselheiro, Merisio, que não se deve duvidar pode ter costurado a chegada da JBS ao terminal itajaiense.

Caminhos

Operação que passou pelo governo federal e quem sabe por Décio Lima. Merisio tem tido boa convivência com o governador Jorginho Mello. O governo do Estado poderia ser um empecilho para essa solução. Merisio e Jorginho sempre se relacionaram muito bem quando eram deputados estaduais. Aliás, ambos dividiram o mandato na Presidência da Alesc.

Divisão

Um ano para cada um. Depois, Merisio se reelegeu para mais dois anos na proa da Alesc e Jorginho subiu de estadual para deputado federal em 2010.

Tudo em casa

Portanto, estamos acompanhando aí uma solução casada do governo do Estado, o PL de Jorginho Mello; a prefeitura de Itajaí, onde quem ainda está no cargo é Volnei Morastoni, do MDB; e o governo Lula, do PT. Através da articulação de alguém que circula bem em todas as frentes e que responde pelo nome de Gelson Merisio.

Cláudio Prisco Paraíso

Blog do Prisco

Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.

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