Comovente. É assim que a gente poderia definir o engajamento da população catarinense em favor do estado vizinho, o Rio Grande do Sul. Envolvimento esse que vem desde o governo Jorginho Mello, passando pelas prefeituras, federações empresariais, associações de classe e também entidades comunitárias. Além de chegar na ponta, a partir das iniciativas individuais, familiares e de grupos.
O catarinense já sentiu na pele o que é uma enchente. Tivemos em meados da década de 70, no sul do estado, especialmente em Tubarão, uma cheia terrível, com muitos mortos. E mais recentemente, lá se vão 41 anos, as enchentes de 1983, quando o Brasil todo se mobilizou para socorrer Santa Catarina.
O catarinense sabe bem o que é isso. Sabe bem o que é quando as águas baixam, depois de todo um esforço para salvar vidas, abrigar os desalojados, enfim, alimentá-los, socorrê-los nas necessidades básicas do pós-evento meteorológico. Mas, quando as águas baixam, é que o prejuízo chega e é constatado. Os estragos no Rio Grande do Sul estão preocupando todo o setor econômico do país.
População atingida
A grande e esmagadora maioria das perdas é daqueles que pouco têm, que moram em regiões ribeirinhas, em regiões que ficam mais suscetíveis, melhor dizendo, a precipitações climáticas.
O papel de cada um
E é aí que tem que entrar o poder público. A sociedade ajuda na primeira hora. Depois vem o poder público com isenções fiscais para aquele cidadão que tudo perdeu, com incentivos efetivos aos empresários que tiveram seu negócio comprometido.
Foco
No caso do Rio Grande do Sul, os governos precisam ter um olhar todo especial para os pecuaristas, para os agricultores, enfim, transferência de volume efetivo de recursos para enfrentar a situação. Porque não é só para reconstruir nesse primeiro instante. A arrecadação do estado do Rio Grande do Sul vai despencar, vai à lona. Isso é fato.
Urgência urgentíssima
O Congresso Nacional tem que agir rápido, sem burocracia. Não apenas o governo federal, mas também o Congresso, por meio de emendas parlamentares, com uma Medida Provisória que efetivamente venha socorrer o estado do Rio Grande do Sul.
Laços históricos
Os gaúchos são muito caros aos catarinenses. Os dois estados ficam lá na ponta de baixo do Brasil. Portanto, são mais assolados por todas essas situações que vêm dos países sul-americanos: granizo, frio, chuva. É fundamental que as autoridades ofereçam respostas rápidas e definitivas.
Amizade
Mexendo com os gaúchos, estão mexendo com os catarinenses. Em Santa Catarina, das colônias de estados próximos, os gaúchos são a principal. Não só veraneando, mas aqueles que aqui chegaram e fixaram residência em grande número de municípios via Litoral ou Sul do Estado.
Raízes
E também aqueles gaúchos que vieram lá por cima, pelo Oeste, o Grande Oeste, e que fizeram morada na agricultura, na pecuária. Aliás, principalmente lá no Oeste, nós temos uma simbiose de convivência histórica.
Realidade
Mas até os anos 50, 60, até a primeira metade dos anos 70, os catarinenses do Oeste vivenciavam muito mais o estado gaúcho do que o estado catarinense.
Exemplo
A expectativa é que as autoridades, seja do Legislativo, seja do Executivo, no plano nacional, possam dar as respostas que a população do Rio Grande do Sul espera. E que essa resposta possa ser parecida com o envolvimento do catarinense, nessa primeira hora, socorrendo os irmãos do Rio Grande do Sul.
Definitivamente, nós temos dois brasis. Há o Brasil que está diretamente relacionado ao trabalho, ao empreendedorismo, à decência, à moral, aos bons costumes. É esse Brasil que enfrenta adversidades, como a do Rio Grande do Sul. Santa Catarina já passou por uma enchente de grandes proporções recentemente.
Não vou tentar dimensionar agora aquela enchente do Vale do Itajaí de 1983. Com essa do Rio Grande do Sul, ambas severas, que castigaram duramente os respectivos estados, além dos óbitos, a ampla destruição, o drama das famílias é quase que indescritível.
Na outra ponta, há outro país, que é um teatro, é um circo, com características de deboche, de cinismo, de desrespeito. No momento acompanhamos uma ofensiva para salvar vidas, não estamos nem falando em reconstrução, em recuperação material de tudo que foi perdido, é de recuperação, de busca, de salvação de vidas.
E aí? Setores dessa mídia calhorda, o que fazem? Mascaram tudo. Foi assim na pandemia. Primeiro, tinha que acabar o Carnaval do Rio, em fevereiro, onde faturaram milhões e milhões. Aí depois veio a pandemia, a obrigatoriedade de máscara. Mas não enquanto tinha ainda o desfile na Sapucaí. Aí não. As primeiras mortes lá fora já foram no final do ano e, em janeiro, chegaram por aqui.
O quadro sanitário já estava estabelecido, mas primeiro tinha que terminar o Carnaval. Ou seja, é uma hipocrisia que chega às raias do absurdo.
Tristeza geral
É triste nós observarmos que temos dois países distintos. Aquele que se curva aos encantos da rainha pop, que, entre outras coisas, custou R$ 20 milhões ao poder público. A iniciativa privada, que tinha todo o direito de trazê-la, mas às custas do suado dinheiro dos impostos?
Quem paga
Vamos clarear e refrescar a memória, todo o dinheiro arrecadado, em qualquer ente da federação, seja municipal, estadual, federal, qualquer base de arrecadação, vem exclusivamente do contribuinte, do brasileiro, exclusivamente. Não existe outra fonte de recurso.
Carga pesada
Tanto é que, sempre que os impostos são ampliados, quem paga a conta é o contribuinte, é o cidadão. Então, é inconcebível que no momento em que o país passa por severas dificuldades, o poder público banque um show internacional. Nem vamos citar o caso do Rio Grande do Sul, que foi posterior a toda articulação para a vinda de Madonna ao país.
Custo-benefício
O que ela trouxe de bom para o país? Qual foi a mensagem alentadora que ela trouxe para o país? Nenhuma. Mas aí a prefeitura do Rio bancou, com R$ 10 milhões, e o governo do estado do Rio com outros R$ 10 milhões. Enquanto isso, o governador Cláudio Castro está dizendo que não sabe como vai pagar a folha de maio.
Desqualificado
Quanto ao prefeito Eduardo Paes, é uma figura que não merece nem referência. É o que há de mais pequeno, de mesquinho. É uma figura desprezível.
Contrastes
O Rio, infelizmente, é uma cidade maravilhosa, um povo esplendoroso, mas administradores e gestores que são lamentáveis. Basta lembrar dos últimos 6 ou 7 governadores, 5 ou 6 estiveram presos. E Cláudio Castro já está no caminho. Eduardo Paes escapou por pouco. Ele é bem ligadinho a Sérgio Cabral, com 400 anos de prisão, mas este também já foi liberado.
Tiroteio
O Rio é onde a bandidagem manda, onde os traficantes comandam. Inclusive, o atual presidente da República compareceu à campanha sem segurança, sem nada, no seu próprio ambiente.
Sem palavras
É triste acompanhar o presidente, que retorna ao Rio Grande do Sul pela segunda vez, em um período de 72 horas, no que fez muito bem, aliás. Parabéns por isso. Mas daí, durante a coletiva ao lado do governador, por mais que tenha exagerado na dose ao falar que com a reconstrução precisaria implementar um plano, que foi o plano de reconstrução da Alemanha pós-guerra.
Senilidade
Daí vem Lula com aquele sorriso cínico, debochado, irresponsável, repugnante. Em meio à situação que vive o Rio Grande, na primeira viagem, brincando sobre ato, torcendo pelo Grêmio e o Internacional. Que é isso? Ele parece insano, senil, fora das suas faculdades mentais. É triste o Brasil que acompanhamos hoje, muito triste.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.