O julgamento do senador catarinense Jorge Seif patina no TSE. No intervalo de duas semanas, houve dois movimentos procrastinatórios. Primeiro, a votação no pleno da corte foi adiada. Nesta semana, o processo foi retirado da pauta porque o relator, Floriano Marques, não compareceu por problemas de natureza familiar.
Só que Alexandre, presidente do tribunal eleitoral, não sinalizou quando o julgamento voltará à pauta.
Não se sabe até agora, se ficou para a semana que vem.
As leituras políticas são as mais variadas. A primeira indica que o governador paulista, Tarcísio de Freitas, fez uma segunda conversa com Alexandre, tentando dar uma distensionada no que se refere ao aspecto político do julgamento de Seif, que é o 06 de Jair Bolsonaro.
Abuso de poder econômico é a alegação do PSD, que pede a degola do senador. Não fica de pé essa tese jurídica e também nem mesmo tem consistência sob qualquer outro aspecto técnico.
Por isso, o processo está carimbado: é meramente político, ou politicagem, o que está em jogo.
Sem votos
Até porque o PSD-SC não quer nova eleição, pede a recontagem dos votos e a investidura, via tapetão, do segundo colocado, o ex-governador Raimundo Colombo.
Golpismo canhoto
Uma excrescência inédita que, na eventualidade da cassação, não vingará. Fora isso, estaremos acompanhando um verdadeiro golpe, pois teríamos um senador eleito com mais de 1,5 milhão de votos perdendo o mandato para alguém que ficou a quase 1 milhão de sufrágios atrás do eleito. É esse o estado democrático de direito de que tanto se fala?
Na berlinda
Alexandre vive um momento de fragilidade, enfraquecido com o STF dividido na queda-de-braço do presidente do STF, Luís Barroso, com ele, Alexandre, e o decano e notório falastrão, Gilmar Mendes.
Na moleira
Não bastasse isso, o imperador enfrenta a ofensiva do megaempresário Elon Musk e suas revelações escandalosas sobre a ditadura da toga que já vigora há um bom tempo neste país.
A repercussão é internacional e enorme. Humor nada favorável ao STF e ao próprio Alexandre dentro do Congresso Nacional. As contestações se avolumam e vão ficando mais agudas.
Trincheira
De quebra, há o presidente da Câmara, Arthur Lira, ameaçando colocar em funcionamento cinco CPIs contra o governo Lula, além de PEC’s que limitem a ação do Supremo sobre o Legislativo federal, como, por exemplo, a prisão de parlamentares sem o devido flagrante, como determina a Constituição.
Ágape
A apreensão é generalizada. Tanto é que Gilmar Mendes recebeu, esta semana, Lula, Alexandre, e os dois ministros indicados pelo petista, Cristiano Zanin e Flávio Dino, para um convescote.
Preocupados que estão com o quadro. Pela via interna, Arthur Lira; no viés externo, Elon Musk.
Incógnita
Talvez, ainda se considerando a conversa do governador do maior estado brasileiro, Alexandre poderia estar reavaliando sua disposição de cassar Seif por ele ser próximo de Bolsonaro.
Todo poderoso
A alternativa é que o imperador possa estar querendo pagar para ver, mostrando força mesmo fragilizado. Ocorre que ele pode ainda não ter os quatro votos necessários para degolar Jorge Seif.
Placar
Vale lembrar que o TSE é constituído de sete ministros. Dois deles lá estão pelas mãos de Alexandre. Inclusive o relator, Floriano Marques. Contando o voto do próprio imperador, seriam três pela imolação. Seif, a seu turno, teria três votos a seu favor. O desempate estaria na indefinição da ministra Carmen Lúcia, que também compõe o STF.
Tucanou
Consta que ela não teria assegurado voto para nenhum dos dois lados. Aí estaria o X da questão, obrigando Alexandre a postergar o julgamento.
Holofotes
Todas as atenções estão voltadas para Brasília. Até porque, dependendo do resultado desse julgamento, se a cassação for consumada, seria um grande revés para Seif, evidentemente, mas beneficiaria por demais o PL catarinense.
Polarização
Explica-se: uma eleição majoritária estadual paralelamente ao pleito municipal, com Bolsonaro marcando presença no estado, poderia implicar em um resultado ainda mais alentador para os liberais do estado, pois polarizaria de vez a disputa municipal.
A eleição em Criciúma tem tudo para ganhar dimensão estadual. E não só porque é a maior cidade do Grande Sul catarinense. Também porque o município é administrado por Clésio Salvaro. Nenhum outro prefeito catarinense tem uma aprovação tão consolidada, definitiva, como ele, que está completando o quarto mandato à frente do paço criciumense. Os eleitores têm uma verdadeira adoração por Salvaro.
O prefeito escolheu o vereador Arleu da Silveira como o seu candidato por considerá-lo da mais absoluta confiança.
Salvaro está vacinado. Lá atrás, quando a Justiça Eleitoral catarinense anulou sua eleição e impediu sua investidura, o vice era Márcio Búrigo, que participou de eleição suplementar elegendo-se com o apoio de Clésio Salvaro e, mais tarde, rompendo com ele.
No último trimestre do ano passado, todos imaginavam que Clésio Salvaro iria respaldar aquele que recebeu a maior votação proporcional em Criciúma no pleito de 2022: Acélio Casagrande.
Segurança
Mas não, o prefeito optou por Arleu, que não tinha a mesma visibilidade. Acélio fez mais de 26 mil votos no município. Evidentemente porque foi respaldado pelo prefeito, um grande cabo eleitoral.
Somatório
Acélio Casagrande conquistou mais votos do que todos os outros candidatos proporcionais (estaduais e federais) por Criciúma na eleição passada.
Faro afinado
Pelo visto, no entanto, o feeling de Salvaro foi bem-sucedido. Acélio Casagrande acabou dando uma rasteira no prefeito. Ele era secretário da Saúde desde meados de 2019, quase cinco anos, portanto. Deixou a Prefeitura no dia 12 de abril, mas já havia assinado a ficha no PL no dia 6.
Escola
Acélio fez com Salvaro o que Marta Suplicy fez com Ricardo Nunes, o prefeito de São Paulo.
Ela era secretária municipal, mas ainda no exercício do cargo, foi a Brasília, chamada por Lula, e assumiu o compromisso de ser vice de Guilherme Boulos, que será candidato contra o próprio Nunes na disputa pela prefeitura mais rica do país. Marta filiou-se novamente ao PT.
Em família
Não se sabe ainda se o próprio Acélio será candidato a vice-prefeito de Ricardo Guidi ou se vai indicar a filha, que já se filiou ao PL. Nesse caso, ele seria nomeado secretário adjunto de Saúde do Estado.
Caminho
Parece o encaminhamento lógico. Se ele for o candidato a vice, será massacrado na campanha. O suplente de deputado e agora ex-integrante do primeiro escalão criciumense estava filiado ao PSDB.
Times
Certamente não foi um bom encaminhamento por parte de Casagrande. Nunca é demais lembrar que ele já foi muito ligado a Eduardo Moreira (MDB), depois vinculou-se a Salvaro (PSD) e agora fechou com o governador Jorginho Mello.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.