Jorginho Mello vai ficar com apenas um representante do MDB no governo. Aliás, como já ocorreu nessa primeira metade do mandato.
O deputado licenciado Jerry Comper permanece à frente da estratégica e poderosa Secretaria de Infraestrutura. E ponto final. Carlos Chiodini, deputado federal, estava cotado para integrar o primeiro escalão, mas Jorginho restringiu-se a oferecer a Secretaria do Meio Ambiente e Economia Verde a ele, apesar de todas as sinalizações de que essa pasta era insuficiente para acolher alguém no gabarito de Chiodini.
Como o parlamentar decidiu continuar em Brasília, inclusive com a possibilidade de integrar a mesa diretora da Câmara dos Deputados, que terá como presidente, a partir de 1º de fevereiro, o deputado Hugo Motta, isso mexeu com outro deputado. O estadual Antídio Lunelli.
Ele reavaliou a sua posição, pois já havia dado sinal verde para assumir a Secretaria da Agricultura e também optou por continuar na Assembleia Legislativa.
Amarrado
Não apenas em solidariedade a Carlos Chiodini, mas também porque o governador restringiu a margem de manobra de Antídio em termos de composição da secretaria. O deputado não teria condição de indicar sequer o secretário-adjunto. Por quê? Porque o prato já estava feito. Uma funcionária do Epagri seria o braço direito de Antídio.
Equipe reduzida
Assim como ocorre na Infraestrutura, com o adjunto de Jerry Comper, que não foi por ele escolhido, e sim pelo próprio governador. E mais. Antídio não teria condições também de indicar alguns comissionados, de sua confiança, para imprimir um ritmo acelerado à frente da Agricultura; e também não teria controle sobre as empresas vinculadas à pasta como a própria Epagri e a Cidasc, cujos diretores seriam mantidos.
Sem condicionante
Trocando em miúdos toda essa novela: o MDB não terá uma participação ampliada no governo. Condição que, evidentemente, não compromete o partido com o projeto de recandidatura de Jorginho Mello em 2026.
Na Assembleia
No máximo, dá uma base de sustentação ao governador na Assembleia e estamos conversados. Isso tudo porque Jorginho Mello não praticou o gesto de abrir o governo a uma participação mais efetiva dos emedebistas. Aliás, o que também acontece com o PP. Agora, como os progressistas vão reagir é outra questão que vamos observar nas próximas semanas.
Perda dupla
O prejuízo não é apenas do governador. Em meio a toda essa conversação para a participação no governo, também entrou a mesa diretora da Assembleia. Jorginho Mello se comprometeu a conseguir os 12 votos do PL para eleger uma mesa comandada pelo MDB.
Meio a meio
Inclusive, já estava acertado que o primeiro ano seria para o deputado Fernando Krelling; e o segundo para seu correligionário Volnei Weber.
Judas
Só que houve traição na bancada do MDB. Um deputado fez todo o jogo de Júlio Garcia, acertado com Jorginho Mello e sem o conhecimento de boa parte da bancada.
Rachou
Na verdade, a bancada do Manda Brasa na Alesc está bem rachada. Outros dois estavam em sintonia com esse que fez a manobra com o governador em favor de Júlio Garcia. Os outros três foram solenemente enganados. Registre-se que nas últimas três reuniões de bancada, a temperatura foi elevadíssima. Quentíssima.
Lavando a roupa
Tudo foi colocado em pratos limpos. Ou seja, governador também ficou mal perante metade da bancada do MDB, por ter feito um jogo às escondidas com a outra parte da bancada. E vejam só, em favor de Julio Garcia, até então tido como seu maior opositor nos bastidores.
Mortos e feridos
Ao fim e ao cabo, em meio a toda essa situação, acabam saindo no prejuízo não apenas o governo Jorginho Mello, mas também a bancada do MDB, agora literalmente rachada ao meio.
O Brasil vive um momento de absoluta incerteza e insegurança sob os aspectos econômico, político e institucional. Não apenas porque Lula da Silva encontra-se hospitalizado, na UTI, depois de ter sido submetido a um primeiro procedimento cirúrgico. O segundo ocorreu nessa quinta-feira e também foi bem-sucedido. Claro que é um quadro que inspira cuidados. Trata-se de alguém praticamente octogenário e, considerando-se a localização, o contexto acabou mexendo até mesmo com o ânimo do mercado financeiro.
Mercado que já está agitado e mau-humorado. E não é de hoje. Afinal de contas, há alguns dias o governo apresentou à nação um pacote de cortes, o tal pacote fiscal, que efetivamente frustrou as expectativas, na medida em que os cortes foram muito tímidos.
Algo em torno, segundo o governo, de R$ 70 bilhões em 2025. É muito pouco. Existe, ainda, a desconfiança de que não se chegue a esse valor.
Perfil
Sim, estamos falando de PT no governo. Então, toda e qualquer projeção pode ganhar rapidamente ares de lorota, de conversa mole.
Ah, tá!
Há quem diga que serão quase R$ 400 bilhões até 2030. Suponhamos que seja verdade. Mas, daí, já estamos falando do período de governo do próximo presidente a ser eleito em 2026. Ou reeleito, caso Lula concorra e vença.
Barbas de molho
Não por acaso, o próprio Congresso Nacional ficou com o pé atrás no momento em que Lula da Silva ampliou a isenção do Imposto de Renda para aqueles que percebem até R$ 5 mil. Ficou claro que foi uma jogada política do PT querendo fazer uma média com a classe média.
Distância
O partido, para quem não sabe ou não percebeu, está distante do brasileiro mediano. Praticamente toda a classe média deste país migrou para uma identificação conservadora sob o aspecto eleitoral.
Tunga
Na outra ponta, o governo incluiu a taxação das grandes riquezas. A Câmara já sinalizou que não seguirá por esse caminho. E agora, com o presidente fora de combate momentaneamente, a dificuldade ficou superlativa, porque a articulação dependeria muito do presidente da República.
Palavra
Os deputados que estão desconfiados não querem saber de promessa de ministro de Estado. E outro detalhe: o PT barrou a investidura de Geraldo Alckmin, o vice-presidente. Não vou entrar nem no aspecto legal ou constitucional da manobra, mas, naturalmente, com o presidente hospitalizado, ele teria que assumir a condução do país.
Diferentes
Isso é uma situação mais ou menos óbvia, mas com o PT, não. Ou seja, o próprio Alckmin não pode ser o interlocutor com a Câmara. E a semana que vem é a derradeira. Até porque, nesta semana, nada aconteceu, e depois vêm o Natal e o Ano Novo.
Prazo
Importante frisar que, para valer a partir de 2025, a proposta do governo que está em tramitação na Câmara precisa ser colocada em plenário e votada. Na eventualidade de ser aprovada ainda este ano, valeria para 2025. Mas, hoje, o Planalto não tem os votos necessários para isso.
Alto lá
Arthur Lira já deixou claro às lideranças petistas que, como se encontra o projeto, não será aprovado pela Câmara.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.