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A politização do porto

Por Cláudio Prisco Paraíso
12/12/2024 - 08h17

O Porto de Itajaí tem tudo para voltar para as mãos da União. A federalização parece inevitável, considerando-se as informações que chegam de Brasília.

É só uma questão de tempo. O prazo do contrato da Autoridade Portuária Municipal expira em 1º de janeiro de 2025. Estamos falando de praticamente 30 anos de gestão no atual modelo, municipalizado. E que foi fundamental para guindar o município ao posto de maior PIB catarinense.

Em 1995, no primeiro ano da gestão de Jandir Bellini, a municipalização tornou-se realidade. Coincidentemente, ela deixará de existir no primeiro dia do mandato de Robison Coelho, que recebeu o apoio de Bellini na campanha deste ano. Na outra ponta, temos Décio Lima, o grande artífice dessa tramoia federal. Mas ele não tem se manifestado.

O petista desapareceu, sumiu, escafedeu-se. Deixou, contudo, no caminho um rastro de destruição. E foi verdadeiramente desmascarado.

 

Verdade aparece

Na segunda-feira, na condição de presidente do Cofem, o Conselho  das Federações Empresariais de Santa Catarina, Mário César Aguiar, também presidente da Fiesc, durante a reunião na qual estavam presentes os demais presidentes, fez uma ligação para Décio Lima.  O petista, bem ao seu estilo, tirou o corpo fora.

Pega na mentira

Não, não tenho nada a ver com isso, disse o compadre de Lula da Silva aos interlocutores empresariais. Segundo ele, isso é um assunto do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa, e uma decisão do presidente da República que, aliás, está hospitalizado. Essa foi a escapada de Décio Lima.

Às claras

Só que, talvez, ele, Décio, não tivesse conhecimento de que esse mesmo ministro, Silvio Costa Filho, num encontro, semana passada, com o ainda senador Beto Martins e com Robison Coelho, prefeito eleito de Itajaí, deixou muito claro que esse assunto estava sendo pilotado por Décio Lima.

Unha e carne

E Silvio Costa sabe muito bem da ligação de Décio Lima com Lula da Silva. Então, o assunto está liquidado. As digitais de Décio Lima estão colocadas como o verdadeiro coveiro-mor do Porto de Itajaí, cidade onde o próprio Décio nasceu e onde reside hoje, depois de ter feito carreira em Blumenau, onde se elegeu vereador, duas vezes prefeito e também foi deputado federal de dois mandatos.

Conhece bem

Aliás, Décio Lima já foi superintendente do terminal. Isso quando Volnei Morastoni exercia o primeiro mandato de prefeito da cidade portuária. Morastoni era filiado ao PT. Vejam a ironia e as coincidências.

Vingança

O petista Décio agora faz todo esse movimento contra a cidade e o estado como forma de dar uma resposta não apenas ao PL, que ganhou a prefeitura, mas muito mais porque não absorveu até hoje a derrota que sofreu para Jorginho Mello.

Acachapante

O petista levou uma surra de 72% a 28% no segundo turno em outubro. E o seu padrinho, Lula da Silva, buscando o terceiro mandato, fez 30% contra 70% de Jair Bolsonaro. Ou seja, em SC eles não se criam. De jeito algum.

Politicagem

Trocando em miúdos. O PT está castigando, retaliando um estado essencialmente conservador, talvez o mais conservador do Brasil.  É, também, sem dúvida nenhuma, uma resposta, um recadaço a Jorginho Mello, que em dois anos não teve sequer uma audiência privada com o inquilino do Palácio do Planalto.

Fora dessas

Até mesmo nas reuniões ampliadas com os governadores, o catarinense foi a uma ou duas; e não recebeu Lula da Silva em Santa Catarina na sua única visita ao estado.

Pano de fundo

Então, por trás disso tudo, há um jogo político, partidário e eleitoral. O retorno do comando, do Porto Itajaí, voltará ao guarda-chuva do terminal de Santos.

Boquinhas

Será uma festa de nomeação da companheirada petista em cargos comissionados para fazer política em Santa Catarina, especialmente em Itajaí, onde o PT não elegeu sequer um vereador.
Até porque não conseguiu lançar candidato a prefeito. Indo por esse caminho, o PT acelera seu processo de extinção em Santa Catarina.

Jorginho e o PSD

Por Cláudio Prisco Paraíso
11/12/2024 - 08h29

Continua repercutindo, especialmente nos bastidores da política catarinense, a conversa da semana passada entre o governador Jorginho Mello e o todo-poderoso presidente do PSD nacional, Gilberto Kassab, em São Paulo. O grupo que comanda o PSD catarinense mergulhou, submergiu, nenhuma palavra, nenhum pio, nenhum comentário. Nada. Foram pegos de surpresa. Não sabiam, verdadeiramente, desse encontro.

O encontro foi capitaneado pelo prefeito reeleito de Florianópolis, Topázio Silveira Neto, e pelo secretário da Articulação Internacional do Governo do Estado, Paulo Bornhausen. Eles começam a querer tomar pé da situação. Então, vão ao encontro de Kassab.

É claro que Kassab não pode desconsiderar um prefeito reeleito de Chapecó, capital do Oeste, e um deputado de 5 ou 6 mandatos, Júlio Garcia, que vai para um quarto período à frente da Assembleia Legislativa. Também não pode ignorar algumas prefeituras importantes conquistadas por esse grupo político, como Criciúma e São José.

Claro que essas lideranças não serão ignoradas por Gilberto Kassab, mas essa situação incomoda. Incomoda porque pode ser interpretada como uma jogada de Jorginho Mello para dar uma esvaziada no projeto majoritário de João Rodrigues, que se lançou à sucessão estadual antes mesmo de Jorginho e antes de ser reeleito em Chapecó.

Mira

Então, essa conversa do João Rodrigues, de candidatura ao governo, pode ser mesmo para mirar uma vaga ao Senado na chapa de Jorginho Mello. Só precisaria ver como fica Raimundo Colombo nisso tudo. Vai estar no jogo e fazer sombra a Rodrigues?

Menos

Agora, também fica claro que o governador, ao acenar com essa possibilidade de coligação com o PSD, neutraliza uma maior visibilidade de João Rodrigues como pré-candidato ao governo.

Quem?

O oestino não é conhecido no estado. Mal e mal é conhecido no Grande Oeste. Tanto é que o município maior que o PSD elegeu foi Capinzal, excluindo-se Chapecó, naturalmente.

Entorno

Todos os outros oito principais municípios, tirando Chapecó, onde ele foi reeleito, o PSD não elegeu ninguém. Então, pode ser uma estratégia de Jorginho também para dar uma esfriada no nome de João, que queria ficar fazendo campanha nos dois anos. Essas articulações, essas conversações podem neutralizar esse palanque antecipado para o pessedista.

História

No momento político em que Santa Catarina se encontra, é interessante lembrar como surgiu politicamente o radialista João Rodrigues, outrora conhecido pela alcunha de João Verdade. Ele nasceu pelas mãos de Paulinho Bornhausen, que o buscou em Pinhalzinho e o colocou para atuar em veículos de comunicação de envergadura.

Mandato

Com essa exposição, o ex-João Verdade passou a se chamar João Rodrigues e virou deputado estadual.

Executivo

Depois, o ex-Verdade foi prefeito, deputado federal, e chegou a passar um período preso na Papuda, para onde foi levado algemado.

Rivais

Eles logo se atritaram, mas acabaram sendo secretários, formando juntos o primeiro colegiado de Raimundo Colombo: João Rodrigues na Agricultura e Paulinho no Desenvolvimento Econômico. Reeleito, Raimundo ignorou a dupla olimpicamente. Nenhum deles continuou no governo.

Lado

Os dois criaram uma área de atrito forte. E evidentemente que Jorge Bornhausen não vai trabalhar por João Rodrigues. Aí surge essa possibilidade de uma composição.

Racha

Hoje o PSD está rachado. Até porque o ex-governador de dois mandatos e ex-senador Raimundo Colombo não estará com João Rodrigues e Júlio Garcia, de quem quer distância. Ele estará com Jorge Bornhausen, que é o seu padrinho político.

Nominata

Estamos falando, portanto, de Jorge Bornhausen, Paulinho Bornhausen, Topázio Silveira Neto e outras lideranças que eles vão persuadir da outra corrente do PSD. Agora, é acompanhar como Gilberto Kassab vai se posicionar.

Proximidade

Outro aspecto: Gilberto Kassab é secretário de Tarcísio de Freitas, com quem Jorginho se dá muito bem. Eventualmente, até para atender seu padrinho político, Jorge Bornhausen, Kassab poderá raciocinar futuramente sobre outro encaminhamento.

Morro abaixo

Talvez o próprio Bolsonaro esteja alinhado a um projeto que também pode ser o de Jorge Bornhausen: apoiar Jorginho.

Dito

Bolsonaro mesmo já falou, em Chapecó, num evento promovido por João Rodrigues, quando a plateia começou a entoar “João Rodrigues governador”. O ex-presidente reagiu prontamente: “Governador, não, senador. Governador é o Jorginho.”

Convergência

Daqui a pouco, apoiar a reeleição de Jorginho pode ser o objetivo de Topázio, Jorge Bornhausen, Paulinho, Raimundo Colombo, e até de Bolsonaro. Nesse contexto, lideranças do PL, como Carol De Toni, poderiam ser preteridas.

Percalços

Mais uma questão importante: daqui até 2026, como estarão algumas lideranças que hoje se posicionam no tabuleiro? Terão sobrevida ou ficarão pelo caminho?

Retorno?

Não se pode descartar que Raimundo Colombo, que disputou as últimas duas eleições ao Senado, possa ser novamente o nome pessedista para esse cargo, o que não impediria o projeto de Carol De Toni.

Cláudio Prisco Paraíso

Blog do Prisco

Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.

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