A vitória de Javier Miliei na Argentina caiu como uma bomba no Brasil. Pelo menos para o governo, para o PT e para Lula da Silva.
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A esquerda estava convencida de que o candidato situacionista levaria o pleito no país portenho. Agora estão lambendo as feridas.
Ficou uma situação muito desagradável, constrangedora, para o chefe da Organização. Ele mandou marqueteiros, profissionais de várias frentes para tentar socorrer Sérgio Massa, o ministro da Economia que levou os hermanos a uma inflação de 140% ao ano.
Além do anúncio daquele empréstimo bilionário com dinheiro dos brasileiros para tentar alguma sobrevida à atual gestão do país vizinho.
Uma interferência na soberania dos hermanos jamais vista antes na história.
A ofensiva, contudo, não foi bem sucedida e o jogo baixo ficou à luz do dia.
Tanto é assim que Milei repetiu, na reta final, que se fosse eleito não iria interagir com o brasileiro que saiu da cadeia por ser "corrupto."
Mimimi
Por conta disso tudo, o patético Paulo Pimenta, deputado gaúcho que responde pela pasta da Comunicação federal, informou que o ex-tudo petista não iria cumprimentar o presidente eleito da Argentina. A menos que Milei peça desculpas a Lula.
Como assim, cara-pálida? O argentino só falou a verdade e agora vai pedir desculpas a um ex-presidiário? Vão esperar sentados. A cada dia o Brasil é mais envergonhado por estes presunçosos despreparados que tentam posar de estadistas, de gestores, mas que não passam de sindicalistas pelegos sedentos por mais poder e dinheiro.
Alô, Bolsonaro
Uma das primeiras ações de Milei, na manhã seguinte à vitória, foi ligar para Jair Bolsonaro, num contato do qual participou, também, o deputado federal Eduardo Bolsonaro.
O ex-presidente brasileiro, até para provocar a canhotada, aceitou de pronto o convite para a posse de Javier Milei. Estará na Capital Argentina no dia 10 de dezembro.
No pincel
Lula da Silva certamente não irá a Buenos Aires para a investidura do novo presidente portenho.
Dura realidade
Mas ele terá que conviver com o novo presidente da Argentina. Eis a realidade insofismável. E olha que Lula estava acostumado, nas reuniões do Mercosul, a ter o controle da situação. Num determinado momento de seus primeiros oito anos como presidente, o placar ideológico no colegiado foi de quatro a zero, com todos os presidentes de esquerda. Teve 3 a 1 a favor da canhotada e até dois a dois, mas a deidade vermelha tupiniquim nunca ficou em minoria ideológica no Mercado Comum do Sul como vai ocorrer a partir de dezembro.
Isolado
Somente Lula será de esquerda. O Paraguai e o Uruguai já estão sob a batuta de líderes de direita. Milei se juntará a eles daqui a poucos dias.
Raivosos
Não foi por acaso que a vitória de Milei levou Lula, seus camaradas e seu partido à fúria. Logo ali, em 2024, teremos novas eleições americanas. E quem é o favorito? Donald Trump.
Se o empresário norte-americano voltar ao poder da maior nação do planeta, considerando-se o novo contexto do Mercosul, o presidente saído da cadeia e das urnas estará em péssimos lençóis.
Laços
Não custa lembrar que na Itália também a direita conservadora está no poder. E o que Santa Catarina tem a ver com tudo isso? Tem tudo a ver, caro leitor. O estado faz divisa com o território argentino no Oeste. Há muitos interesses em comum, além do turismo.
Perfil
Os catarinenses são conservadores. Temos o segundo governador eleito na onda bolsonarista. Com Alberto Fernández e sua antecessora, Cristina Kirchner, não havia clima sequer para conversar.
Cavalo encilhado
Agora a realidade que se abre é outra. O governador Jorginho Mello tem uma oportunidade de ouro para colocar as relações catarinenses e argentinas em outro patamar.
Vamos caminhando para quase dois meses de inundações semanais em Santa Catarina, com poucas tréguas desde o começo de outubro. Choveu demais até agora. As principais atenções convergem para o Alto Vale, que tem em Rio do Sul sua “capital”, onde a população sofre duramente.
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O governo do estado merece o respeito e o reconhecimento da sociedade catarinense. Não apenas na figura do governador, pelo seu envolvimento, mas sobretudo pela atuação firme e assertiva, cristalizada no competente trabalho da Defesa Civil e aí falamos. Elogio extensivo, evidentemente, ao Corpo de Bombeiros, à Polícia Militar e a todos os outros setores envolvidos.
Sempre procurando mitigar os efeitos das cheias. Em Rio do Sul as imagens são chocantes. Uma interação tem se relevado proveitosa entre os municípios e a gestão estadual.
Em compensação, quanto ao governo central, à União, é um descaso absoluto, vergonhoso, que chega a gerar indignação e revolta no povo catarinense. Ciro Gomes avisou, ainda durante a campanha do ano passado, que tudo o que o chefe da Organização queria era se vingar do povo brasileiro. Dos catarinenses então, está explicitada a estratégia rancorosa.
República
Nem vamos entrar no mérito se aqui é um estado essencialmente conservador e potencialmente bolsonarista desde 2018. Nem vamos considerar que o atual presidente tenha levado uma lavada no ano passado. Afinal de contas, o que se espera do gestor público é altivez, espírito republicano e bom senso. Mas o atual inquilino do Planalto – que não tem nenhum destes predicados básicos – não tem sequer sensibilidade humanitária.
Lorotas
Afeito às bravatas e ao revanchismo, o chefão histriônico se apresenta como alguém que quer colocar um ponto final na guerra entre Israel e o Hamas, que remonta há milênios (quando os descendentes de Ismael tinham outros nomes). Tudo isso numa mesa de bar.
Plantando jabuticabas
Mas ele não é capaz nem de buscar minorar os prejuízos e não estamos falando em verbas para reconstrução, é para socorrer os catarinenses desabrigados, desalojados, desalentados.
Patéticos
Há umas três semanas, ele mandou ministros para SC. Só pirotecnia. O governo federal tem estrutura financeira e logística. De concreto, contudo, até agora, nada, zero.
Onde?
E pisar em Santa Catarina então, parece que não é algo que esteja no radar do ex-presidiário. Ele não é popular por aqui, mas sua presença como chefe de estado passaria uma mensagem positiva.
Viajando da Silva
Certamente não houve tempo na agenda ainda. Até porque se contabilizarmos o somatório dele em viagens ao exterior, o petista já ficou dois meses fora do país, badalando, saçaricando com gastos que chegam a arrepiar até mesmo integrantes da esquerda.
Marginais
Mas não para por aí. Observa-se também uma total desconsideração do guru canhoto com parlamentares de Santa Catarina que têm votado religiosamente a favor do desgoverno.
Dedo na ferida
O senador Esperidião Amin, do alto de sua experiência, é um homem honrado, cobrou da bancada que se exija uma audiência com o líder supremo da canhotada em Brasília.
Alô
O governador Jorginho Mello tem merecido simplesmente o desprezo e o desrespeito da União. Isso que é governador de um dos estados que, proporcionalmente, mais manda impostos para a farra central. Jorginho é o legítimo representante dos catarinenses, mas que não causa nenhum interesse de Lula da Silva e seus camaradas. Esse é o desgoverno petista.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.