O novo secretário-chefe da Casa Civil, Kennedy Nunes, já entrou com toda a força nas articulações envolvendo o Executivo e o Legislativo estaduais. Até pela sua experiência de deputado de quatro mandatos na Assembleia, onde se relacionou com a maior parte dos atuais integrantes da Casa. Ele assumiu na última sexta-feira e já implementou o seu primeiro movimento estratégico, convidando Mauro Nadal, o atual presidente da Alesc, para assumir a liderança do governo no Legislativo Estadual.
Mauro de Nadal deixará a presidência da Assembleia neste sábado, quando Júlio Garcia será eleito para sucedê-lo. Até então, todos os líderes de governo pertenceram ao PL: Ivan Naatz, Carlos Humberto e o atual prefeito de Concórdia, Edilson Massoco.
A ideia agora é entregar a liderança ao MDB, como forma também de tentar sacramentar o acordo, ampliando os espaços emedebistas na esfera do governo.
Proximidade
Mauro Nadal, como todos sabem, é o deputado do MDB mais intimamente ligado a Julio Garcia, do PSD, que já tem pré-candidato ao governo, João Rodrigues.
Neutralizando
Portanto, trazer Nadal para a liderança é uma forma de o governo dar uma neutralizada, nem que parcial, nos movimentos pessedistas, a começar pela presença de Júlio Garcia à frente da Assembleia.
Nomes
No que diz respeito à composição do governo, vai depender também da eleição da nova mesa diretora da Câmara Federal, lá em Brasília.
À mesa
Carlos Chiodini, presidente estadual do MDB, está cotado para assumir uma das secretarias, na chapa a ser encabeçada por Hugo Motta, que tem tudo para se eleger com o apoio do atual presidente Arthur Lira. O parlamentar também conta com o respaldo do Palácio do Planalto, do Centrão, incluindo-se aí, ainda, o PT e o PL. Só para se ter uma ideia a que ponto chegamos.
Possibilidades
Carlos Chiodini está cotado para assumir ou uma secretaria, ou então ser o relator do Orçamento em 2026, posição das mais estratégicas no contexto do xadrez político nacional.
Ligações
Na eventualidade do seu aproveitamento, ele então formularia um apelo para que Antídio Lunelli, deputado estadual, que, como ele, é de Jaraguá do Sul, companheiros de longa data, reavalie a sua posição e possa responder pela Secretaria de Agricultura.
Porteira fechada
Agora com condição de indicar o adjunto, o diretor da Cidasc, e do Epagri e outros cargos. Já Emerson Stein, suplente que está no exercício do mandato graças à presença de Jerry Comper na Secretaria da Infraestrutura, assumiria a pasta de Meio Ambiente e Economia Verde. Aliás, Comper vai continuar à frente da poderosa secretaria que hoje pilota.
Abrindo vaga
Mas, se Emerson, como primeiro suplente, assumir no colegiado, aí teria que ser chamada a segunda suplente, no caso, a ex-prefeita de Maravilha, mulher de Celso Maldaner, Rose Maldaner.
Data
Tudo leva a crer que até o final da próxima semana tenhamos todo o panorama de composição do MDB no governo fechado. E se houver nova votação, a permanência, com ampliação de espaço do MDB no governo Jorginho Mello, é a tendência amplamente favorita.
Na sexta-feira, Jorginho Mello anunciou o seu novo secretariado. Foi uma minirreforma com quase uma dezena de novos colaboradores, contando-se, aí, os remanejamentos. Isso na sexta-feira.
No sábado, João Rodrigues reuniu, em Itapema, uma centena de lideranças de vários partidos para deixar claro e reafirmar a sua pré-candidatura ao governo do estado, afastando qualquer possibilidade de uma composição com o PL de Jorginho Mello, concorrendo ao Senado.
Isso ocorreu menos de 24 horas depois da investidura dos novos secretários. E exatamente uma semana antes da eleição do correligionário Júlio Garcia à presidência da Assembleia. O deputado, evidentemente, esteve presente no evento litorâneo.
E com um detalhe: o lançamento formal de sua candidatura, em Chapecó, será no dia 22 de março, data do seu aniversário. Este é o número do PL de Jorginho Mello. Tirando as coincidências, vamos apreciar o quadro. Primeiro: Muito precocemente foi deflagrado o processo eleitoral, antes mesmo da reeleição do prefeito de Chapecó, em outubro.
Acavalando
Ele declarou, no sábado, que a população de Chapecó já sabia dos seus planos e o reelegeu querendo a sua candidatura ao governo.
Ilustre
Mas qual a explicação para que essa prematura movimentação oposicionista ocorra quase dois anos antes das eleições? Simples. Porque João Rodrigues é um desconhecido do eleitorado catarinense.
Estadualizado
Já registramos aqui. Jorginho Mello vai para a sua terceira disputa majoritária estadual. João Rodrigues vai para a primeira. É verdade que ele já foi deputado estadual, deputado federal e está no quarto mandato em Chapecó, a Capital do Grande Oeste.
Alcance
Sempre é bom lembrar que nenhuma região engloba tantos municípios quanto o Grande Oeste. São 105 dos 295 municípios catarinenses. Só que esse número não representa o maior colégio eleitoral.
Concentração
Proporcionalmente, temos o Vale do Itajaí e a Grande Florianópolis como os grandes colégios eleitorais do estado. Mas, João Rodrigues já tem pelo menos um domínio regional?
Errado
Certo? Não. Isso ficou muito claro na medida em que, considerando esses 105 municípios do Grande Oeste, Chapecó foi a única cidade com expressão eleitoral que o PSD elegeu prefeito. Para se ter uma ideia, a segunda foi Capinzal.
Contra o tempo
Isso já mostra que a sua influência sequer é regional e por isso a necessidade de deflagrar um processo com tanta antecedência para ganhar conhecimento, o que é natural e legítimo. O governador, naturalmente, tem uma estrutura, a máquina estadual; fez 90 prefeitos, é o chefe do Executivo.
Histórico
Vale lembrar que tanto para a presidência, quanto para os governos estaduais e para as prefeituras, a média de reeleição não baixa de 80%.
Características
Ou o cidadão é preguiçoso, que não é o caso do Jorginho Mello, ou é incompetente, que também não é o caso, para não renovar o mandato.
Desejo
Mas, de qualquer forma, João Rodrigues está na estrada e terá um aliado estratégico, que é o presidente da Assembleia a ser eleito no próximo sábado, o deputado Júlio Garcia. Isso é indiscutível.
Lembrar é viver
De qualquer forma, vamos observar o desenrolar dos acontecimentos. Porque vale lembrar que, em 2018, tanto Paulo Bauer, lançado em Joinville e homologado em convenção, assim como Esperidião Amin, igualmente homologado em convenção, mas em Florianópolis, entraram na disputa pelo governo do estado. Mas poucos dias depois, acabaram candidatos ao Senado em chapas diferentes: Amin disputou o Senado na encabeçada por Gelson Merisio e Paulo Bauer na liderada por Mauro Mariani. Naquela ocasião, a onda Bolsonaro elegeu o ilustre desconhecido Carlos Moisés.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.