Iniciamos a semana com a confirmação da visita presidencial para a próxima quinta-feira. Será a segunda de Lula da Silva no terceiro mandato. Coincidentemente ou não, novamente ele irá a Itajaí que, ao lado de Joinville, são as duas cidades mais representativas de Santa Catarina no contexto econômico.
Claro que Itajaí é empurrada pelo Porto, que foi federalizado na virada do ano; e hoje está sob controle da administração petista, em detrimento da administração municipal do liberal Robison Coelho.
Todo mundo sabe, já registramos aqui várias vezes, que isso foi resultado de uma articulação ardilosa de Décio Lima, que sempre prometeu a trabalhadores e empresários que nada iria acontecer. Mas, nos bastidores, fez toda essa costura, tentando, na sua terra natal, provocar o PT como alternativa.
Claudicando
A ideia é provocar o crescimento da sigla não só na cidade, mas como nos municípios adjacentes e, quem sabe, no próprio estado. Tanto é que o novo superintendente do Porto foi indicado pelo próprio Décio Lima.
Din-din
Agora, qual a expectativa da visita do atual inquilino do Palácio do Planalto? O que ele trará objetivamente para Santa Catarina? Porque, da última vez, Lula veio para retomar o funcionamento da unidade portuária, o que acabou não acontecendo. Vale lembrar que o Porto de Itajaí só perde para o de Santos em tamanho.
Bolada
Investimentos, obras para que o Porto possa funcionar em plenitude? Essa é a expectativa. Fala-se em R$ 600 milhões. Será? O PT adora anunciar, é milhão, bilhão pra lá, pra cá, mas muitas vezes fica só na propaganda mesmo.
Detalhes
Não se sabe ainda com detalhes o roteiro, a agenda e as novidades que o presidente da República irá trazer, mas seguramente não virá de mãos abanando. Anúncio virá, certamente.
Até porque ele já está, com a sua recandidatura, em campanha à presidência em 2026, quando provavelmente tentará buscar um quarto mandato.
Rito do cargo
E com relação a Jorginho Mello, que a vez passada criou uma situação para não marcar presença, como vai se comportar? . O presidente, na visita do ano passado, esteve também na entrega do contorno viário, obra executada exclusivamente com recursos privados, oriundos dos usuários que pagam pedágio.
Pedágio
Jorginho Mello alegou, com razão, que os recursos foram privados e que a inauguração não foi bancada pelo governo federal. Ok. Mas agora a deidade vermelha não vai trazer nada objetivamente? Será apenas uma visita com promessas eleitorais? Até pode ser.
Institucional
Só que chegou a hora de Jorginho Mello assumir por inteiro a sua condição de governador sob o aspecto institucional. Não dá pra ficar querendo evitar Lula da Silva única e exclusivamente porque não deseja que uma foto seja produzida ou um vídeo com imagem que possa ser utilizado na campanha eleitoral.
Ligações
Todo catarinense sabe muito bem que ele é o candidato à reeleição de Jair Bolsonaro, filiado ao PL e adversário de Lula da Silva.
Republicano
Então vamos deixar essas mazelas de lado e assumir por inteiro a condição de governador no exercício do mandato. A presença de Jorginho Mello é imperiosa.
Lacuna
Sob pena de, daqui a pouco, lá na campanha, ele ser responsabilizado pelas suas ausências e omissões; ser responsabilizado pelo fato de recursos, obras e benfeitorias não terem sido implementadas em Santa Catarina. Essa semana promete muito na política.
Os ventos parecem que a cada dia conspiram mais favoravelmente ao governador Jorginho Mello e seu projeto de reeleição no ano que vem.
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Obviamente que o quadro favorável guarda relação direta com o faro político invejável e a capacidade de articulação do chefe do Executivo estadual.
Foi assim em 2018 quanto ao próprio colega de chapa, Paulo Bauer, e em relação a Raimundo Colombo, que disputava o Senado na composição adversária.
A conversa do então deputado federal Jorginho Mello com Lucas Esmeraldino, para não lançar o segundo senador pelo PSL, foi fundamental para sua vitória naquele pleito.
De lá pra cá, tudo parece dar certo, conspirando a favor do governador.
Do jeito que as coisas vão, já há projeções de que ele pode ultrapassar os 60% dos votos na reeleição já no primeiro turno.
Mesmo porque se João Rodrigues não disputar – o que é uma possibilidade real – o pleito ficaria polarizado já na largada.
O governador, de direita, contra a esquerda, que dificilmente chegará novamente a 30% dos votos, como ocorreu com Décio Lima em 2022.
Pódio
Outro aspecto: se João Rodrigues entrar mesmo no páreo, não seria de se duvidar que ele fique em terceiro, com menos votos inclusive do que a própria esquerda.
Terceiro tempo
A canhotada, liderada pelo PT, pelo visto, deve ter Décio Lima novamente candidato. Ele só foi ao segundo turno há três anos porque havia cinco candidaturas de centro e de direita, pulverizando os votos no round inicial da disputa.
Seria a terceira candidatura consecutiva do petista ao governo.
Memória
Na época em que não havia segundo turno, quem chegava em segundo se credenciava para a próxima eleição. Foi assim, por exemplo, com Vilson Kleinübing em 1986.
Quatro anos depois, ele se tornou governador. Mas no pleito em que perdeu para Pedro Ivo Campos, Kleinübing fez grande votação, conquistando 551 mil votos.
Incógnita
Ante essa realidade, será que João Rodrigues, correndo o risco de ficar em terceiro, vai mesmo para a disputa ao governo? E ficar sem mandato por quatro anos? Por isso, o blog não descarta a possibilidade de ele concorrer a deputado federal. Aí sim, o pessedista tem chance de ser um dos mais votados.
Timing
E o PSD, o que vai fazer? Caso continue como “alternativa”, quando chegar na undécima hora e se quiser compor, a chapa do governador já vai estar fechada e não haverá espaço para os pessedistas.
A composição provável é o MDB de vice, com Carol De Toni e Esperidião Amin ao Senado.
Federação
Jorginho jamais vai tirar uma vaga do seu PL para a eleição ao Senado. Para incluir o PSD, teria que descartar Esperidião Amin, mas ocorre que o PP e o União Brasil estão federados e fortes.
O governador se arriscaria a perder estes dois partidos? Porque se isso acontecer, a federação PP-UB, em Santa Catarina, poderia cair nos braços de João Rodrigues, colocando o oestino no jogo.
Trio
Sem falar que Rodrigues contava com partidos como o próprio União Brasil, o Novo, o Podemos e o PSDB em seu projeto. Os três primeiros já estão com Jorginho Mello.
E os tucanos, para serem atraídos, basta uma boa conversa entre o governador e o presidente estadual, deputado Marcos Vieira. Lembrando que Podemos e PSDB avançam também para se tornarem uma federação.
Numa ponta, o quadro é absolutamente favorável ao governador. Na outra, o isolamento na direção de João Rodrigues. A conferir os desdobramentos.
Blog do Prisco
Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.