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Tem história

Por Cláudio Prisco Paraíso
24/04/2024 - 08h43.Atualizada em 24/04/2024 - 08h43

O MDB continua sendo um partido estratégico tanto no plano nacional quanto no contexto estadual.
A legenda, que precisou trocar de nome nos anos 80 diante do ressurgimento do pluripartidarismo. Durante a revolução, os militares impuseram o bipartidarismo, com a ARENA como partido da situação e o MDB da oposição, tendo à frente personalidades que marcaram época no Brasil, como Ulysses Guimarães e Tancredo Neves.

A partir de 1980, era o PMDB, devido à obrigatoriedade do P, de partido, à frente da sigla. Mais recentemente, voltou o MDB velho de guerra, que já foi muito eficaz.

Até hoje, todos os governos necessitam do apoio do Manda Brasa para construir maiorias sólidas no Congresso, tanto na Câmara quanto no Senado. É verdade que essa força vem perdendo substância e consistência, até mesmo pelo resultado das duas últimas eleições.

O PMDB, que em 1984 elegeu Tancredo Neves pelo Colégio Eleitoral, viu-o adoecer na véspera de tomar posse, vindo a falecer em maio de 85, com o governo sendo exercido pelo vice, José Sarney. Naquela época, Sarney já estava no MDB, mas por longos anos foi presidente não da ARENA, mas do PDS que a sucedeu.

Tivemos, então, em 1989, o restabelecimento das eleições diretas. Ulysses Guimarães assumiu a candidatura e chegou em sétimo lugar.

Tripé

A partir de 1994, ocorreu uma sucessão de embates entre o PSDB e o PT, com o MDB, dependendo das circunstâncias, apoiando ora um, ora outro. Mesmo quando o PT precisava de respaldo parlamentar, lá estava o MDB, que acabou sendo identificado como um partido meio governista e também conhecido por seu caráter fisiológico.

Influência

O partido perdeu densidade eleitoral e, consequentemente, poder de influência na negociação no Congresso e no Palácio do Planalto. Aqui no estado, desde o restabelecimento das eleições estaduais em 1982 até 2014, o MDB sempre foi protagonista. Quando havia segundo turno, chegava à grande final; quando não havia, era o partido que enfrentava o outro adversário, inicialmente o PDS e depois o PFL e o PP.

Marco

A relevância deixou de existir pela primeira vez em 2018, com o advento da onda Bolsonaro, que colocou Carlos Moisés da Silva no segundo turno contra Gelson Merisio, e o emedebista Mauro Mariani ficando de fora.

Memória

Já não está mais entre nós, mas foi Luiz Henrique da Silveira, quem impulsionou o MDB nos últimos tempos, elegendo-se duas vezes governador e assegurando a eleição de Raimundo Colombo em outras duas oportunidades. Em 2018, foi a primeira vez que o MDB ficou de fora e foi também a primeira eleição sem LHS.

Faz falta

Não é mera coincidência, evidentemente. Em 2022, aquele MDB que não foi pela primeira vez para o segundo turno resolveu apoiar a reeleição de Carlos Moisés, indicando Udo Döhler de vice e preterindo Antídio Lunelli, empresário e ex-prefeito de Jaraguá do Sul, hoje deputado estadual.

Reflexão

Mais uma vez os emedebistas ficaram de fora do segundo turno, ou seja, o MDB precisa fazer uma avaliação de quadro. Vamos ficar agora só aqui em Santa Catarina. No estado, é preciso que o partido reflita sobre o seu futuro.

Sintonia

E aí observamos duas das três principais lideranças batendo na tecla de que temos que buscar um caminho pelo centro. Quem tem declarado isso? O deputado federal Carlos Chiodini, atual presidente do partido no estado, e o presidente da Assembleia, Mauro de Nadal, ambos focando na necessidade de escapar da polarização entre direita, PL Bolsonaro, e esquerda, PT de Lula.

Polos

Na eleição municipal que se avizinha, a polarização não será necessariamente com o PT, e sim com o PSD, que tem um pé e meio no centro e meio pé na direita por conta do discurso do prefeito João Rodrigues. Discurso esse de cunho bolsonarista, embora o PSD esteja com três ministérios no governo Lula da Silva.

Ponto certo

Além dessas duas lideranças que focaram no discurso de centro para tentar ser uma terceira alternativa, há o próprio Antídio Lunelli se posicionando. Só que ele procura levar e carregar o partido numa direção mais conservadora.

Dificuldades

O PL, é bem verdade, ocupou o espectro da direita. Mas o MDB pode buscar um espaço aí também. Especialmente se lembrarmos que vivemos num estado essencialmente conservador e potencialmente bolsonarista.

Risco calculado

Nesse contexto, buscar um caminho pelo centro, considerando-se a ligação do MDB em Brasília com o governo Lula, ocupando também ministérios, convenhamos, é um risco grande para que o MDB, hoje, com 100 prefeituras. Se optar pelo centro, a legenda assume o risco de sofrer um baque considerável no número de prefeitos nas eleições de outubro deste ano.

Os donos da rua

Por Cláudio Prisco Paraíso
23/04/2024 - 08h34.Atualizada em 23/04/2024 - 08h34

Mobilização em Copacabana, domingo, foi representativa. Indiscutivelmente. O ex-presidente Jair Bolsonaro conseguiu reunir, novamente, milhares de pessoas na presença de deputados, senadores e prefeitos. 

O público, é bem verdade, representou 10% daquele que marcou presença na Avenida Paulista, em 25 de fevereiro. Mas é um público que não se pode desprezar. Principalmente ao fazer-se um paralelo com o público reunido pelo PT, por Lula, pela companheirada. 

Os vermelhos, na Paulista, tentaram uma mobilização contra Bolsonaro, contra isso e aquilo. Não reuniram 1 mil pessoas. 

Isso significa que a canhotada não perdeu apenas a exclusividade das mobilizações como também a capacidade de levar povo pras ruas. 

Bolsonaro, enquanto vai fazendo esses eventos, leva ao constrangimento o governo e o STF, especialmente na figura do imperador Alexandre de Moraes. Ao lado de Lula, ele foi o grande “homenageado” nos discursos de domingo em Copacabana, com destaque, evidentemente, para a manifestação do ex-presidente Jair Bolsonaro e a do pastor Silas Malafaia. 

Aliás, não apenas na Paulista, em Copacabana, mas por onde Bolsonaro passa, ele arrasta multidões. E as emissoras de televisão e os jornais, em sua esmagadora maioria, não dá para generalizar, ignoram, como ignoraram o evento de domingo. 

Público restrito

Emissoras de canal fechado já deram um passo atrás. Se reposicionaram. Ainda mais num país onde o estado de direito está sendo preservado, bem como as liberdades individuais. Deixando a ironia de lado, evidentemente, o que a gente observa? É mais pressão. 

Força internacional

Bolsonaro aproveitou para navegar na onda de Elon Musk. Vamos ser bem sinceros e transparentes. O megaempresário sul-africano, residente hoje nos Estados Unidos, não está fazendo isso só porque gosta do Brasil, porque passou a lua-de-mel por aqui, porque tem alguns negócios em território nacional. 

Escolha

O porquê ele está sendo um defensor das liberdades? Isso faz parte de uma engrenagem maior, muito mais ampliada e tem a ver, claro, com as eleições norte-americanas em novembro deste ano. 

Digitais

Na medida em que Musk levanta esse assunto e coloca contra a parede o Supremo, ele também empareda Alexandre de Moraes. Ele já sinaliza também para os Estados Unidos, onde não poderão fazer o que foi feito e continua sendo feito por aqui, com a condescendência de seus concorrentes como o Google, a Meta e o Tik Tok. 

Coniventes

Sim, porque as demais empresas se submeteram aos ditames arbitrários e autoritários de Alexandre de Moraes, do TSE e do Supremo. O X/Twitter reagiu. Muita coisa ainda vai aparecer e há muita água para rolar por debaixo da ponte. 

Na foto

No contexto catarinense, mais uma vez a presença do governador Jorginho Mello, que já esteve na Paulista. Assim como Tarcísio de Freitas. Mas apenas os dois governadores, Tarcísio e Jorginho, marcaram presença em ambos os eventos. 

Ausentes

Dessa vez, Romeu Zema, de Minas, e Ronaldo Caiado, de Goiás, não compareceram, mas lá estava o anfitrião do dia, Cláudio Castro, governador do Rio de Janeiro. Sem falar em uma série de deputados, inclusive catarinenses, e o senador Jorge Seif, o único agora na linha de tiro de Moraes, uma vez que Sérgio Moro foi absolvido no TRE do Paraná. 

Maioria

Nunca é demais lembrar que o ministro André Mendonça, indicado por Bolsonaro, passará a integrar o TSE no segundo semestre. Alexandre de Moraes pode ficar em minoria na corte eleitoral, ainda presidida por ele. O julgamento de Sérgio Moro na corte superior será apenas no segundo semestre. 

Troca

Em junho, sai Alexandre de Moraes do TSE e entra Mendonça. Por isso, agora a grande incógnita é saber como Moraes vai se comportar no que diz respeito ao catarinense Jorge Seif. 

Dúvidas

Porque esse julgamento deverá ocorrer, na pior das hipóteses, em maio. Portanto, um mês antes do desembarque de Alexandre do TSE. Ele irá para o enfrentamento, até considerando os discursos deste domingo? Ou ele vai distensionar, atendendo aos apelos de Tarcísio de Freitas?

Risco

 Outro aspecto. Alexandre corre o risco de perder por 4 a 3 no pleno do TSE se a ministra Carmen Lúcia resolver absolver Jorge Seif no voto de desempate. Enfim, são incógnitas que estão no ar, mas nos próximos dias vamos ter ideia de como isso tudo vai se desenhar.

Até porque já falamos aqui, a eventual cassação de Jorge Seif poderá se constituir no ingrediente a mais nas eleições municipais deste ano. Fortalecendo o PL em Santa Catarina.

Cláudio Prisco Paraíso

Blog do Prisco

Começou no jornalismo em 1980, no jornal O Estado. Atuou em diversos veículos de comunicação: repórter no Jornal de Santa Catarina, colunista no Jornal A Notícia e comentarista na RBS TV, TV RECORD, Itapema FM, CBN Diário e Radio Eldorado. Comenta diariamente em algumas rádios e publica sua coluna do dia em alguns jornais do Estado. Estreou em março de 2015, nas redes sociais e está no ar com o Blog do Prisco.

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